Caros leitores,
O N&M não podia, naturalmente, ficar em
silêncio perante a tragédia do Meco, onde 6 jovens perderam a vida e um outro
ficará irremediavelmente traumatizado, quer pelo ocorrido quer,
porventura, por um enorme sentimento de culpa que, como Dux, naturalmente lhe
cabe por inteiro.

O que os documentos
do COPA (Conselho Oficial da Praxe Académica) comprovam são práticas de
teor criminal e inaceitável que só nos podem revoltar, sejamos defensores da
Praxe ou não.
Adiantaremos que são a prova cabal daquilo que é interpretar a Praxe nos limites mais opostos à mesma, num fundamentalismo estúpido, promovido por gente estúpida, desinformada e mal-formada (mas muito “bem” formatada).
Adiantaremos que são a prova cabal daquilo que é interpretar a Praxe nos limites mais opostos à mesma, num fundamentalismo estúpido, promovido por gente estúpida, desinformada e mal-formada (mas muito “bem” formatada).
Claro que são muitas
as vozes que se indignam, e com razão, de ambos os lados da barricada.
Do lado da opinião pública, é natural, e legítimo a
condenação destas práticas, e de todas demais que ostentem o nome de Praxe, por
tabela.
O que sucedeu no Meco, mas não só: o que vai sucedendo pelo país,
com as praxes (seja elas entre doutores ou com caloiros), só tem confirmado o divórcio e repúdio que a sociedade nutre
para com estes ritos que deixaram de ser o tradicional gozo ao caloiro, para se
transformarem numa selva onde vale tudo, desde que isso seja tido como praxe (e
que alguns codigozecos e organismos de praxe legitimam ou consentem).
Do lado dos praxistas, existe uma natural e corporativa
indignação com aquilo a que apelidam de sensacionalismo mediático,
argumentando, como de costume, com teorias da conspiração, interesses
económicos em favor de shares, etc.
De todos os quadrantes praxísticos vemos a defesa da Praxe
ser feita com base no falacioso e eufemístico argumento: “Isso não é Praxe; na nossa academia não é assim”.
E começam aqui, neste
encurvar da realidade, o auto-fuzilamento dos pés dos praxistas.

O doutores na Praxe estão revoltados e receosos com
generalizações, e por um lado têm razão, tal como as Tunas e outros organismos
que usam traje académico, pois assistem a uma colheita de algo que foi semeado
durante anos, e agora se arrisca a ser de uma fartura que pode revelar-se mortal (e para alguns tem-no sido, literalmente).
O problema, meus caros, é que os receios são fundados,
precisamente porque se pode generalizar, precisamente porque no edifício o académico
há sempre uma ou outra telha de vidro ou uma clarabóia de tamanho XXL.
Bastaria aludir a um
exemplo crasso que ocorre em tantos lados: Afirmar e achar que quem não foi
praxado não está na Praxe, não pode trajar, não pode usar insígnias …….
E isso, meus caros, é usualmente colocado aos caloiros de uma só forma: “ou és pela praxe ou és anti-praxe. Ou aceitas ser praxado ou ficas proibido de X, Y e H”.
E isso, meus caros, é usualmente colocado aos caloiros de uma só forma: “ou és pela praxe ou és anti-praxe. Ou aceitas ser praxado ou ficas proibido de X, Y e H”.
Se isto não é coacção, não sei que será. Praxe não é, garanto...nem praxes.
Atrás disso vem o resto.
E não enjeitemos outra questão, também ela grave: o argumento
que tantos disparam, de gatilho leve, de que “quem
não vive a Praxe não compreende”.
Aqui puxaremos dos
poucos galões que possamos ter para dizer que quem afirma isso não tem sequer noção
da parvoíce que disse (e está bem de ver que, não ter noção das coisas, não é só
no Meco).
O N&M considera-se
suficientemente conhecedor e experiente para também afirmar em coro, a par com
a opinião pública, que grande parte daquilo que vê nas praxes não compreende.
Não compreende porque sabe o que é Praxe, e sabe que a larga maioria das actividades apelidadas de praxe, afinal, são coisa nenhuma.
E enquanto os estudantes tiverem a presunção que sabem o que
é Praxe a coisa não muda.
A DEFESA DA PRAXE

O "inimigo" a "abater",
caros praxistas, não é a opinião pública e muito menos os jornalistas ou cronistas. O inimigo
está nos organismos de praxe, nas praxes, no vosso círculo, nas vossas
instituições. O inimigo chama-se ignorância, invenção e falta de bom senso e
civismo.
Se a opinião pública não sabe o que é Praxe e julga apenas
por aquilo que vê nas notícias, nas fotos, nos vídeos do youtube, no que vê na
rua…………………… ajuíza, contudo, com base em factos reais e não em ficção, na lenha que lhe fornecemos (e com que agora, muitos, exigem auto de fé).
Se a opinião pública e
os jornalistas caem logo em cima de qualquer problema ligado a praxes, generalizando
e extremando posições, fá-lo com base na imagem e no produto Praxe que lhes foi
“vendido” e publicitado pelos próprios praxistas, pelos próprios estudantes, ao
longo de anos e anos (traduzido em práticas e abusos reais).
Não se faz a defesa da Praxe argumentando que todos os
incidentes que ocorrem são excepções, porque não o são: são apenas o corolário de
práticas já de si envenenadas e condenáveis que deram para o torto (muitas
outras, em muitas outras academias, não tiveram desfechos tão graves, mas não deixam de ser práticas altamente
reprováveis).
A defesa da Praxe e a
reabilitação da imagem do estudante e das Tradições Académicas faz-se com os
estudantes a indignarem-se e condenarem essas mesmas práticas distorcidas e
abjectas que inundam as recepções ao caloiro em toda a geografia portuguesa, e
indignando-se com as pessoas que protagonizam esses actos.
É isso que a opinião pública espera: ver que os estudantes estão dispostos a fazer algo mais do que escamotearem, desculparem-se ou sacudirem a água do capote dizendo que "isso são os outros" ou apenas "uns quantos". As pessoas esperam ver nos estudantes uma mudança e desejo, posto em prática, de rever posições, concepções e atitudes, passando a pente fino tudo o que tem sido o cardápio de pseudo praxes.
A defesa da Praxe
passa por um movimento de contestação interna e de um corporativismo que, desta vez, faça saltar a lei da rolha (rolha do "isto só é para quem lá está"), porque quem não deve não teme, não esconde nem faz as coisas às escondidas. Praxes correctas não temem o escrutíneo seja de quem for, não se escondem como se fossem rituais maçónicos ou sociedades secretas.

A defesa da Praxe, por isso, não se faz com pseudo-campanhas facebookianas a pedir para as pessoas meterem imagens de praxes no perfil - e incitando-as a dizerem bem das praxes, nem com a criação de páginas em defesa da Praxe (onde se misturam e diluem discursos muitas vezes paradoxais) - que acabam por fazer precisamente o que os delatores das praxes querem: dividir para reinar, impedindo que os estudantes parem para reflectir e falar a uma só voz e com um só discurso coerente (pensando e ponderando, antes de se precipitarem).
Não se faz com petições vazias de conteúdo e que apenas exprimem uma mal amanhada forma de protesto, sem nenhuma proposta, nenhum fio condutor, numa linha de acção que não seja bater o pé, fazer barulho e exprimir um amuo de quem só tem para dizer "a Praxe é fixe, eu só tenho coisas boas a lembrar e dizer dela".
Do mesmo modo que não se faz, igualmente, atirando-se a votar em sondagens como quem transfere o seu academismo e responsabilidade para uma gráfico que não justifica nem legitima posição alguma.
E quando leio, em alguns sites, a sugestão de um debate com a
participação de representantes dos conselhos/comissões de praxe, ou de uma tal Comissão Nacional das Tradições Académicas…………acreditem que tremo que nem varas verdes, sabendo que
entregar a defesa da Praxe a esses organismos é cometer suicídio, pois virão com o mesmo argumentário saloio de que
não conseguem supervisionar tudo e todos, que são casos excepcionais, que
assinaram uma carta de princípios, que punem os infractores ou que “aquilo” não
é Praxe. Virão com a desculpa que os seus códigos já proibem abusos, esquecendo-se que o papel nada vale se não passar à prática.
Na prática…….. continua tudo na mesma, grosso modo.
Alguém os viu a promover a formação e informação?
É, acaso, o debate das questões, a base da sua acção integradora? São esses organismos fonte de conhecimento, excelência e rigor no tocante ao conhecimento sobre Tradição Académica e sobre lisura de procedimentos?
Pois.........................
Na prática…….. continua tudo na mesma, grosso modo.
Alguém os viu a promover a formação e informação?
É, acaso, o debate das questões, a base da sua acção integradora? São esses organismos fonte de conhecimento, excelência e rigor no tocante ao conhecimento sobre Tradição Académica e sobre lisura de procedimentos?
Pois.........................
Para enterrar a praxe
não é precisa a opinião pública ou supostos jornalistas/cronistas mal intencionados……….
Para enterrar a praxe temos tido, ao longo destes anos e anos, coveiros com fartura, formados nas praxes, e muitas vezes ostentando cargos praxísticos, coveiros de “capa e batina” que fazem das suas colheres orgulhosas pás.
Há que reconhecer que a tragédia do Meco apenas se tornou a
gota de água para um acumular de situações diversas que, em menor ou maior
grau, se inscrevem na lista de causas para o actual estado a que se chegou.Para enterrar a praxe temos tido, ao longo destes anos e anos, coveiros com fartura, formados nas praxes, e muitas vezes ostentando cargos praxísticos, coveiros de “capa e batina” que fazem das suas colheres orgulhosas pás.
É preciso dizer basta e começar a fazer uma limpeza, uma
renovação, desde logo de mentalidades.
De nada vale apregoar que a Praxe tem aspectos fantásticos ou
que determinados filmes são parciais e só mostram o lado “negro” das coisas. Enquanto
existir um lado negro, de nada vale tentar tapá-lo ou menoriza-lo com campanhas
de contra-informação e limpeza da imagem.
Enquanto os problemas
não forem resolvidos internamente, enquanto o edifício académico continuar a
sofrer de degradação e falta de manutenção, nenhum taipal ou grafiti artístico
irá disfarçar os buracos, as estruturas danificadas que ameaçam fazer ruir a
construção.Se os praxistas e organismos de Praxe querem fazer algo, de facto, em favor da Tradição Académica, comecem por aceitar e reconhecer as suas falhas e procurem eliminar as más práticas, desde logo fazendo uma revisão dos códigos e apostando na sua própria formação, com base em informação credível, ao invés de inventarem tra(d)ições, interpretarem sem saberem ou acharem que o assunto não diz respeito a ninguém.
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Todos aqui saem a perder, desde logo as famílias cujo
sofrimento não pode ser maior (mais ainda depois de começarem a realizar oque
de facto se passava na Lusófona).
O N&M endereça condolências
aos familiares, solidarizando-se com a sua dor, pois a perda é irreparável, independentemente da inexplicável insconsciência daqueles miúdos.
Todos saem a perder, porque também a imagem da Praxe (e porventura de outras organizações) foi
fortemente abalada. Mas já precisava desse abanão, porque se chegou a um ponto
de ruptura necessário há muito. A história da Praxe é feita de continuidades e de rupturas.
O tempo é de ruptura (é tempo de a promover), para reencontrar a continuidade antes perdida, regressando ao que é genuino, digno e enriquecedor da cultura e imagem estudantis, àquilo que se coaduna com valores que uma sociedade de bem, democrática e respeitador deve valorizar.
O tempo é de ruptura (é tempo de a promover), para reencontrar a continuidade antes perdida, regressando ao que é genuino, digno e enriquecedor da cultura e imagem estudantis, àquilo que se coaduna com valores que uma sociedade de bem, democrática e respeitador deve valorizar.
Podermos ter algo a ganhar, quando as pessoas perceberem que
há que redescobrir o que é Praxe (e o que mais temos é ignorância nesse capítulo),
e procurarem adequar as suas “tradições” à Tradição, de facto (e, para isso, é
preciso investigar e pesquisar).