Dux
com 20 matrículas, personagens trintonas, quarentonas e sexagenários autênticos
ainda à frente dos destinos dos organismos de Praxe ou com assento nos mesmos é
algo parece corrente na actualidade (e de há vários anos a esta parte) que nos
deveria, a todos, revoltar.

Se,
num passado já distante (que ainda hoje parece surtir influência) se criticavam
os alunos bons, chamando-lhes, na gíria estudantil de "ursos", tal
não significava que fosse próprio e bem visto um aluno arrastar-se anos e anos
sem fim para tirar um curso.
Por
que razão andam esses senhores na Universidade a parasitar, literalmente, uma
vivência que é exclusiva e própria de jovens estudantes a sério?
Não
estamos aqui a condenar quem chumbou meia dúzia de anos, mas há limites. E há limites especialmente quando se trata de pessoas que já nem estudam de facto, porque trabalham, mas cujo o único acto oficial que operam na instituição de ensino é matricular-se.
A
cultura estudantil tem uma idade própria para ser vivida, porque tudo tem um
tempo.
Nada
mais ridículo que um velho (em praxe, um jovem com mais de 30 anos é certamente um "velho) ter comportamentos infantis ou ainda andar a
brincar aos jovens, quando isso implica, necessariamente, que esteja a tirar e
ocupar o lugar e uma experiência de vida a quem é jovem, a quem é moço. Falo, naturalmente, dos estudantes de faz de conta.
Se
for com o pretexto que os jovens não saberão governar-se e tratar bem das
coisas que herdaram, estamos perante um paradoxo e uma incoerência, e uma enorme presunção, pois esses
velhos que se arrastam na Praxe foram também jovens e vieram tomar o lugar dos
que, entretanto, passaram a idade e terminaram a sua frequência normal.

Veteranos "Ad Aeternum" não existem, nem são Praxe, são,
isso sim, pessoa ad aeternum caloiros de espírito.
Pessoas que inventam matrículas e subterfúgios para se manterem
matriculados só para "inglês ver", não sendo, de facto, estudantes
(condição que designa aquele que estuda e frequenta as aulas), não passam de
parasitas que vivem para tronos e enchem a Tradição de pestilenta gangrena.
A
Praxe tem sofrido, e muito, com esta falta de renovação geracional e o fosso
enorme que se cava entre figuras de cabelos brancos e jovens estudantes que podiam ser
seus filhos e, até, em alguns casos, seus netos.
Também
é facto que essa falta de renovação, promovida por pessoas que se eternizam nos
organismos, quase sempre às custas de matrículas fantasma (muitos já trabalham,
mas mantém a inscrição para poderem continuar "em jogo"; e outros nem
isso) ou de invenções legislativas, feitas por encomenda (legislando em causa
própria), na criação de conceitos veterânicos que dão assento e poder a antigos
alunos numa cultura que só devia permitir alunos, de facto.
Nada
menos prestigiante do que ter como referência, até na Praxe, supostos alunos
(muitos deles de "faz de conta") que são um hino à incompetência e à
burrice, incapazes de sequer concluir um curso, mesmo após 2 ou mais décadas a
cursar a universidade. Vergonhoso (aliás, note-se que, em Braga, o líder da
Praxe foi, há uns anos, retirado do protocolo académico, precisamente por o
reitor julgar inapropriado que uma figura académica, como um Dux, "Papa", neste caso - e nem o nome sequer ajuda, fosse exemplo pela sua
falta de estudo e por chumbar anos a fio).
E
se ainda essas pessoas, pelo menos fossem competentes em assuntos de Praxe e
Tradição Académica, mas não: mostram-se tão ineptos e tapados nestas matérias
como incapazes de concluir uma qualquer licenciatura.
Em
bom português, estamos perante nada menos que parasitas e inúteis.
Um
trintão ou quarentão (e até os há com mais de 60) a fazer parte de um organismo de
Praxe não apenas é contranatura, mas é passar um atestado de menoridade,
desconfiança e incompetência a todas as gerações de estudantes que por eles
passam, sem lhes dar possibilidade de exercerem plenamente a sua cidadania
académica, vetados que ficam a meros cordeiros que ordeiramente servem para
passar lustro ao ego dos "veteranos", serem como que um contingente
obediente ao serviço do comodismo desses senis dinossáurios.

Não
fazem nem deixam fazer, portanto.
Não
defendem a Praxe, porque continuam a mantê-la com os mesmos erros em que eles
próprios foram induzidos ou criaram.
Vivem
num regime autocrático e ditatorial e, na maioria das vezes, destilando
incompetência total e absoluta ao permitirem quer a permanência de erros quer
invenções absurdas, para contentarem o povo e garantir os seus poleiros e regalias.
MUDANÇA DE PARADIGMA
MUDANÇA DE PARADIGMA
Se, tradicionalmente, e desde
o código da UC de 1957, o Dux apenas cessa funções quando conclui o curso, tal
se devia a algo muito simples: os Dux pouco tempo ficavam no exercício de
funções, pois entretanto formavam-se.
Não se entende que, com os
actuais exemplos de velhos sentados no poleiro quais galinhas chocas, numa
época de democracia, ainda se permita este tipo de regime absoluto, em jeito de
monarquia de segunda.
Há muito que os códigos,
também nesse ponto, deveriam ter sido revistos, limitando os mandatos de um Dux
e dos elementos de um organismo de Praxe, pois as pessoas devem estar ao
serviço e não as funções ao serviço das suas conveniências.
Ninguém é insubstituível,
nomeadamente na Praxe e ninguém faz falta se nem sequer permite que essa falta
se faça sentir.
Já não é aceitável, no actual
quadro social e evolucional, que continuem no cargo pessoas que mostram não
apenas falta de senso e de decência, mas enorme falta de sentido de
oportunidade. A Praxe sempre foi acompanhando as normas de civilidade de cada
época. A actual configuração e enquadramento das funções de Dux e papel do
organismo de praxe, acaba por contrastar dolosamente com tal.
"CADA QUAL NO SEU LUGAR, NUNCA MAL SE HÁ-DE ACHAR".
O
papel dos antigos estudantes mais envolvidos no seu tempo, dos antigos líderes,
dos que sentiram e viveram intensamente a academia, deveria ser aquele que
também nós aqui nos prestamos fazer: aconselhar, fazer reparo, com base em algo
mais do que mera experiência.
Se
concedemos que, enquanto estudantes, os praxistas estão pouco vocacionados para
estudarem e investigarem as suas tradições, sendo por isso suficientemente
críticos e conhecedores para distinguirem as coisas, quão precioso seria para a
Praxe e organismos de Praxe que os seus antigos protagonistas o fossem a
municiar os mais jovens com o seu trabalho de procura de fundamentos e
(re)descoberta das tradições genuínas.
Aliás,
só assim, e com o devido distanciamento e isenção é que é possível fazer a autocrítica
e análise, de modo a poder, com propriedade, dizer aos mais novos: "Não
vão por aí que nós fomos e fomos mal".
Claro
está que isso só é possível a que exige de si algum rigor e excelência
intelectual e moral e tem idoneidade para tal.
Na
verdade, a boa parte desses indivíduos diríamos que o melhor era mesmo ofuscarem-se
e remeterem-se a um silêncio definitivo.
É preciso dar oportunidade aos jovens de também fazerem caminho, de errarem e aprenderem com os erros. Isso é o curso normal da vida. Ver eternizadas velhas figuras que continuam a errar como se nada tivessem aprendido é que releva de uma escatológica incoerência.
É preciso dar oportunidade aos jovens de também fazerem caminho, de errarem e aprenderem com os erros. Isso é o curso normal da vida. Ver eternizadas velhas figuras que continuam a errar como se nada tivessem aprendido é que releva de uma escatológica incoerência.
Mas
enquanto os estudantes aceitarem esta situação, apenas podemos dizer que têm o
que merecem, já que se acham bem representados e governados assim.

Quando
tal suceder, certamente que os estudantes não deixarão de procurar aviso e
ajuda dos mais velhos para o devido conselho e esclarecimento, pois é esse o
papel dos mais velhos: partilhar o seu conhecimento e experiência e não viver a
vida dos mais jovens, como se eles não fossem capazes de o fazer.
Necessariamente,
a mudança geracional implica sempre o risco do erro, pois a juventude é menos
ponderada, contudo faz parte do processo de crescimento e maturação (errar, aprender com os erros...), sempre foi
assim, e certamente que os erros próprios da juventude não poderão ser mais
graves que os actuais erros resultantes da falta de senso que esses senhores
mais velhos demonstram e operam.
Todos
fomos jovens, saibamos agora ser adultos.