Mas não é apenas aí que se regista a enorme catadupa de calinadas e de
erros no uso do dito latim macarrónico (que em certos casos não
passa de “latim de macarrão”), por parte dos praxistas.
Não basta, com efeito, acrescentarmos “ae”, “um” e afins, a palavras portuguesas, para
estarmos perante latim macarrónico.
O conhecimento e domínio, pelo menos mínimo (saber umas coisas de declinações e conjugação), de latim são exigíveis, dado
que várias fórmulas e chavões o devem ser em latim puro, alternadas com o
macarrónico, num exercício que não deixa de ser literário, mesmo se jocoso,
demonstrando que para se brincar com as coisas é preciso dominá-las q.b.
E recorde-se que, actualmente, com os meios disponíveis, algum tempo dispendido na web permite encontrar algumas soluções e informações sobre o assunto.
E recorde-se que, actualmente, com os meios disponíveis, algum tempo dispendido na web permite encontrar algumas soluções e informações sobre o assunto.
Uma outra coisa que convirá esclarecer é que, em Praxe, se permite o uso de
termos na língua vernácula (Português, neste caso), embora de forma isolada e
sempre que o termo latino (ou a expressão/frase) impeça o entendimento
(nomeadamente nos decretos – que se pretende que sejam percebidos por qualquer
um que os leia). Nem sempre, pois, é preciso fazer macarrão, quando podemos lá
ir com um pouco de esparguete. Mas, uma vez mais, atente-se que se trata de
algo pontual, de palavras isoladas.
Do mesmo modo se deve atentar às invenções a metro. Veja-se, a título de exemplo que, querendo escrever-se "velho(a)" ou "velhíssimo(a)" em latim macarrónico, em caso algum se pode redigir algo como "velhissimae", sendo obrigatório, neste caso, procurar o termo latino (similar ou equivalente), como "Senex-senis", "Vetus-veteris", "Antiqua-antiquae", "Decanus-decani".......... escolhendo o termo mais apropriado, segundo o contexto.
Outro exemplo é o termo "Invitatis" que em algumas academias é usado para designar convite (embora, em Praxe, não se perceba a lógica e historicidade de tal - mas é mais uma daquelas invenções de meia-tigela feita por praxeiros de outra metade.....da tigela).
Ora o termo correcto seria "Invitatio", como substantivo, e não "Invitatis" que é uma forma verbal (2ª pessoa do plural, no presente do indicativo).
Também é comum vermos escrito (e não é de agora - existem decretos escritos há décadas, a conterem esse mesmo erro) "in nominae soleníssima praxis", contudo a expressão correcta é "In NOMINE solenissimae praxis".
Maior erro é vermos "in nominae solenissimae ad semper potentissimae praxis", pois, com efeito, "ad" significa "para". Ora, querendo usar-se a conjunção "e" (em nome da solene e sempre poderosa praxe...", deve usar-se "In NOMINE solenissimae ET semper potentissimae praxis".
O mesmo dizer do termo "Facultis", usado no Porto para os denominados "Dux Facultis", quando o termo adequado seria "Facultatis" (do termo Facultas), no genitivo (que determina a posse ou origem).
O mesmo dizer do termo "Informatis" (supostamente a querer ser sinónimo de Edital - ou coisa que o valha), que se deveria escrever "Informatio" (de "Informatio-informationis"), e onde, mais uma vez, se usa (erradamente) um verbo em vez de um nome/substantivo. O termo mais apropriado seria algo similar ao "Decretus", como "Editu" ou "Editus".
Passo agora a citar um belíssimo post do ilustre Eduardo Coelho,
precisamente sobre algumas regras de uso, com algumas dicas a levar em linha de
conta por todos os que se aventuraram neste, nem sempre fácil, exercício de
escrita.Do mesmo modo se deve atentar às invenções a metro. Veja-se, a título de exemplo que, querendo escrever-se "velho(a)" ou "velhíssimo(a)" em latim macarrónico, em caso algum se pode redigir algo como "velhissimae", sendo obrigatório, neste caso, procurar o termo latino (similar ou equivalente), como "Senex-senis", "Vetus-veteris", "Antiqua-antiquae", "Decanus-decani".......... escolhendo o termo mais apropriado, segundo o contexto.
Outro exemplo é o termo "Invitatis" que em algumas academias é usado para designar convite (embora, em Praxe, não se perceba a lógica e historicidade de tal - mas é mais uma daquelas invenções de meia-tigela feita por praxeiros de outra metade.....da tigela).
Ora o termo correcto seria "Invitatio", como substantivo, e não "Invitatis" que é uma forma verbal (2ª pessoa do plural, no presente do indicativo).
Também é comum vermos escrito (e não é de agora - existem decretos escritos há décadas, a conterem esse mesmo erro) "in nominae soleníssima praxis", contudo a expressão correcta é "In NOMINE solenissimae praxis".
Maior erro é vermos "in nominae solenissimae ad semper potentissimae praxis", pois, com efeito, "ad" significa "para". Ora, querendo usar-se a conjunção "e" (em nome da solene e sempre poderosa praxe...", deve usar-se "In NOMINE solenissimae ET semper potentissimae praxis".
O mesmo dizer do termo "Facultis", usado no Porto para os denominados "Dux Facultis", quando o termo adequado seria "Facultatis" (do termo Facultas), no genitivo (que determina a posse ou origem).
O mesmo dizer do termo "Informatis" (supostamente a querer ser sinónimo de Edital - ou coisa que o valha), que se deveria escrever "Informatio" (de "Informatio-informationis"), e onde, mais uma vez, se usa (erradamente) um verbo em vez de um nome/substantivo. O termo mais apropriado seria algo similar ao "Decretus", como "Editu" ou "Editus".
Uma nota ainda, sobre o "Decretus", muitas vezes, e erradamente, escrito "decretum".
“Ainda não há muito tempo, o latim era a língua universal da ciência. Há
razões históricas para isso (o facto de o latim ter servido como língua comum
aos países que emergiram do fim do império romano), mas também razões de ordem
prática (o facto de o latim ser uma língua extremamente lógica).
Não é de estranhar que os estudantes começassem a gozar com o latim, adulterando-o para obter efeitos cómicos.
Claro que a maioria dos actuais alunos não sabe latim. Tem vagamente a ideia de que há terminações "ae", "us", "um" que parecem latim. Não é bem assim. O latim macarrónico é extremamente exigente. Para se perceber a piada, é preciso perceber de latim a sério. Mas isso era dantes.
Se a praxe evoluísse, então hoje o lógico seria o "inglês
macarrónico". Já que tudo é em inglês... Mas isso são contas de outro
rosário.
Evidentemente, não há aqui lugar para um curso de latim, mas vou procurar
responder [a algumas dúvidas correntes]:
Em latim, a terminação
"ae" podia ser:
A terminação em "-i" podia ser:
NOTA: "caloiro" não tem sexo; como tal, em boa regra macarrónica
será "caloirUM" (a terminação em "-us" é para o
masculino...) - o plural macarrónico correcto é "caloirA" (os
caloiros) (tal como templum/templa) - :)
é, respectivamente, o determinativo de posse plural dos nomes terminados em "a" ou "us":
"pastA" (a pasta) / "pastARUM" (das pastas); "fitA" (a fita) / "fitARUM (das fitas);
Claro que fica IMENSO por dizer (…).
Por exemplo: nunca se devia escrever "DecretUS", mas
"DecretUM" (já que um decreto não é homem nem mulher).
(….)"In Fórum Praxe Porto , artigo de 14 Novembro de 2011.
5 comentários:
Olá JP,
ora vê lá este:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1770114452385&set=t.100000851442587&type=3&theater
Já vi, meu caro.
Não é da piores redacções que vi (bem pior temos nos decretos do Conselho de Veteranos da UTAD).
Mas obviamente que há ali bastantes "invenções".
Mas mesmo assim, não está muito mau.
Caro WB verifico no N&M o seguinte tópico “Na saga - o nome da tuna”, gostaria de saber especificamente a que se refere, presumo que o mesmo diga respeito a uma futura publicação do Autor, bem sei que “depressa e bem, não há quem” sendo assim – e se a minha “suspeita” se confirmar – aguardarei pela publicação final, um abraço Paulo
De facto, Paulo. A obra em causa está em destaque, do lado direito do blogue. Está no prelo, aguardando que a editora publique (a qual está assoberbada com a época natalícia).
"Na saga de O Nome da Tuna", porque é uma contínua procura das suas origens e indiosincrasias, que não se esgota na obra a ser publicada.
Já faltou mais. Está quase aí.
Abraço.
Boa Noite! Será que me podia ajudar? Precisava de escrever "excelentissima senhora doutora aceita ser minha madrinha?" em latim macarronico, e ainda nao percebi muito bem como funciona... Agradecia toda a ajuda possivel!! Obrigada
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