"Dura Praxis Sed Praxis"
Cabeça dura não entende.
Um lema, uma frase
da ordem que tem sido constantemente desvirtuada e truncada, colando-se-lhe N
entendimentos e significados, nomeadamente para justificar coisas que nem são
Praxe, nem praxes, nem Tradição.
Um lema que muitos
entendem, erradamente, ligado à praxes e que serve para justificar praxes
militaristas, física e psicologicamente ditas "duras", quando, no
entanto, a frase nada tem a ver com praxes ou a sua dureza, mas com a lei
académica.
Com efeito, Praxe é apenas, e só, o conjunto de regras e normas que
regem os protocolos académicos (o modo de agir, trajar, proceder nos eventos
académicos), com base na Tradição. Nada a ver, portanto, com praxes
propriamente ditas. Nada a ver, portanto, com as praxes serem "duras",
"difíceis", "custosas".
Assim, esse lema, inspirado no "Dura Lex Sed Lex"[1] (na
verdade, é um decalque), significa apenas, e unicamente, que a lei académica (a
Praxe/a norma) se quer justa e equitativa, igual para todos e a todos tratando
de igual modo.
Porque a todos trata de igual modo, será dura de engolir para quem quer
privilégios e regimes de excepção, para quem quer interpretar a norma a seu
belo prazer, e segundo as suas umbilicais conveniências ou, até, inventar-lhe
adendas e novos significados.
A Praxe é dura, de facto, quando alguns pretendem arrogar-se o direito
de fazerem ora de uma maneira ora doutra, conforme lhes dá jeito.
A Praxe determina que as regras são para todos iguais e que não há lugar a uns
fazerem assim ou assado, só porque lhes apetece, têm mais matrículas ou são
filhos de algum ministro ou eternos veteranos e dux.
A Praxe assenta na Tradição, pelo que é difícil de engolir (é dura)
para os invencionistas e praxeiros de ocasião, desde logo os que nem sequer a
conhecem nas suas origens, expressão e porquês.
[1] A
expressão se refere à necessidade de se respeitar a lei em todos os casos, até
mesmo naqueles em que ela é não nos dá razão ou não justifica a nossa posição. A expressão remonta ao
período de introdução das leis escritas na Roma Antiga; a legislação, até
então, era transmitida pela via oral, e por consequência sofria diversas
alterações por parte dos juízes, que as refaziam de acordo com tradições
locais, e introduziam uma série de interpretações pessoais, na medida em que
eram os detentores do poder de se referir a esta tradição oral. Com a
introdução das leis escritas, passaram a ser iguais para todos - e, como tal,
deviam ser respeitadas, por mais duras que fossem.
Sem comentários:
Enviar um comentário