terça-feira, dezembro 12, 2017

Notas a Ana Leal, patinho feio da Praxe


Vale a pena falar do assunto, agora que rebentou mais um escândalo resultante de mais uma investigação jornalística levada a cabo pela  Ana Leal.
Não se irá, aqui, elencar as diversas reportagens que sacudiram o país com revelações sobre ilícitos e situações que, não fosse a investigação jornalística, continuariam a ocorrer sem conhecimento das pessoas.
 
De Ana Leal, jornalista já 2 vezes premiada pela UNESCO, pelo trabalho que realizou, conhecemos, entre muitos outros casos, algumas reportagens que causaram muito incómodo e levaram, posteriormente, a inquéritos e diligências judiciais:

- O caso do SIRESP (que lhe valeu dissabores na própria TVI);
- O caso do Cartel do Fogo;
- O caso de muitos colégios privados (que lhe valeu o "prémio Gazeta" de 2013);
- O caso dos colégios do grupo GPS;
- O caso das Testemunhas de Jeová;
- O caso das adopções forçadas no Reino Unido (que lhe valeu, pela 2.ª vez consecutiva, um prémio da UNESCO);
- O caso da Raríssimas (que está agora na berlinda).
 
São apenas alguns que comprovam não apenas a qualidade de Ana leal como investigadora, mas que certamente aplaudimos por denunciarem casos verdadeiramente indignos, criminais e que, sem essa investigação e publicação, continuariam desconhecidos e, porventura, impunes.
 
Isto tudo para dizer o quê?
Para dizer que esta jornalista é exactamente a mesma que foi enxovalhada quando, com o mesmo rigor e metodologia realizou a reportagem sobre as praxe na Lusófona de Lisboa, e sobre o caso do Meco.
 
É a mesmíssima jornalista que assina peças jornalísticas de investigação relevantes, por vezes premiadas, e a quem devemos muito por esse papel ingrato de sofrer na pele os ataques de quem prevaricou e pretende fazer da jornalista o patinho feio.
 

Nessa altura das reportagens sobre as praxes, tanta indignação, tanto ataque à jornalista, tanta barrafunda e tantas "madonas ofendidas" no meio académico, quando, afinal, os patinhos feios são precisamente aqueles que ela denunciou (e todos os demais que agem segundo a mesma cartilha de procedimentos - tão claramente evidenciados nos códigos de praxe que por aí pululam).
 
Ana Leal foi quem não teve medo de procurar os factos, levantar as questões, questionar e dar a conhecer o que tantos outros, com responsabilidade de investigar (como é o caso dos inspectores da segurança social e outros) não foram capazes de fazer.

No que toca a praxes, bem que precisaríamos de mais jornalista assim, de modo a desmascarar e denunciar as más práticas que ocorrem e mancham a imagem estudantil, as suas tradições e a verdadeira Praxe.

Tal como nos indignámos com as revelações feitas sobre o cartel do fogo, o SIRESP ou, agora, sobre o caso Raríssimas, era natural a enorme indignação da opinião pública perante o que se estava a passar (e ainda passa) nas praxes.

O problema é que quando é sobre o nosso quintal, "Aqui del-Rei, que o jornalismo é parcial e os jornalistas uns isto e uns aquilo".
 
Pois. Quando se descobrem as verdades, discutem as comadres.