Vale
a pena falar do assunto, agora que rebentou mais um escândalo resultante de
mais uma investigação jornalística levada a cabo pela Ana Leal.
Não
se irá, aqui, elencar as diversas reportagens que sacudiram o país com
revelações sobre ilícitos e situações que, não fosse a investigação
jornalística, continuariam a ocorrer sem conhecimento das pessoas.
De
Ana Leal, jornalista já 2 vezes premiada pela UNESCO, pelo trabalho que
realizou, conhecemos, entre muitos outros casos, algumas reportagens que
causaram muito incómodo e levaram, posteriormente, a inquéritos e diligências
judiciais:
- O
caso do SIRESP (que
lhe valeu dissabores na própria TVI);
- O
caso do Cartel
do Fogo;
- O
caso de muitos colégios
privados (que lhe valeu o "prémio Gazeta" de 2013);
- O
caso dos colégios
do grupo GPS;
- O
caso das Testemunhas
de Jeová;
- O
caso das adopções
forçadas no Reino Unido (que lhe valeu, pela 2.ª vez consecutiva, um prémio
da UNESCO);
- O
caso da Raríssimas
(que está agora na berlinda).
São
apenas alguns que comprovam não apenas a qualidade de Ana leal como
investigadora, mas que certamente aplaudimos por denunciarem casos
verdadeiramente indignos, criminais e que, sem essa investigação e publicação,
continuariam desconhecidos e, porventura, impunes.
Isto
tudo para dizer o quê?
Para
dizer que esta jornalista é exactamente a mesma que foi enxovalhada quando, com
o mesmo rigor e metodologia realizou a reportagem sobre as praxe na
Lusófona de Lisboa, e sobre o caso do Meco.
É a
mesmíssima jornalista que assina peças jornalísticas de investigação
relevantes, por vezes premiadas, e a quem devemos muito por esse papel ingrato
de sofrer na pele os ataques de quem prevaricou e pretende fazer da jornalista
o patinho feio.
Nessa
altura das reportagens sobre as praxes, tanta indignação, tanto ataque à
jornalista, tanta barrafunda e tantas "madonas ofendidas" no meio
académico, quando, afinal, os patinhos feios são precisamente aqueles que ela
denunciou (e todos os demais que agem segundo a mesma cartilha de procedimentos
- tão claramente evidenciados nos códigos de praxe que por aí pululam).
Ana
Leal foi quem não teve medo de procurar os factos, levantar as questões,
questionar e dar a conhecer o que tantos outros, com responsabilidade de
investigar (como é o caso dos inspectores da segurança social e outros) não
foram capazes de fazer.
No
que toca a praxes, bem que precisaríamos de mais jornalista assim, de modo a
desmascarar e denunciar as más práticas que ocorrem e mancham a imagem
estudantil, as suas tradições e a verdadeira Praxe.
Tal
como nos indignámos com as revelações feitas sobre o cartel do fogo, o SIRESP
ou, agora, sobre o caso Raríssimas, era natural a enorme indignação da opinião
pública perante o que se estava a passar (e ainda passa) nas praxes.
O
problema é que quando é sobre o nosso quintal, "Aqui del-Rei, que o
jornalismo é parcial e os jornalistas uns isto e uns aquilo".
Pois.
Quando se descobrem as verdades, discutem as comadres.
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