segunda-feira, junho 09, 2014

Notas ao conceito de Praxista


Alunos grelados da UC, em 1950
Foto do acervo de Rui Pato
Há já algum tempo que me assaltava esta questão da noção de “praxista”, fruto de uma enorme confusão de conceitos e definições, de competências e direitos que iam baralhando de tal modo as coisas, a ponto de se confundir a estrada da Beira com a beira da estrada (ou rabo com as calças, como diz o povo).
E tal é assunto tanto mais pertinente que, a determinada altura, parecemos todos estar a falar idiomas diferentes ou estarmos literalmente numa aceso debate de uma tertúlia de cegos-surdos.
Naturalmente, este artigo vem no seguimento de outro (ver AQUI), dedicado à compreensão do conceito erróneo atribuído aos designados “anti-praxe” (que convirá ler, para não se perder o fio à meada).
O termo “praxista” é hoje frugal componente do menu da gíria estudantil, utilizado para identificar um conjunto, nem sempre bem objectivo e inequívoco, de estudantes possuidores de determinadas premissas, protagonistas de determinadas condutas ou detentores de determinado estatuto, conferidos pela praxe.
 
Decidimos analisar a significância sob 3 prismas - e, bviamente que entendemos que por praxista se concebe, à partida aquele que está na/em Praxe[1]:
 
a) Praxista - aquele que foi praxado.
b) Praxista - aquele que praxa.
c) Praxista - aquele que respeita e cumpre a Praxe (a lei).
 
·         Olhemos ao caso A:
 
Se nos tornamos praxistas pelo simples facto de termos sido praxados, perguntamos que graça espiritual foi concedida ao caloiro que, por ter sido praxado, se tornou praxista.
Dizemos tal, porque em muitos meios se afirma que não é praxista quem não foi praxado. Por isso, se foi praxado, consequentemente é praxista.
Mas quem foi praxado teve alguma epifania ou viveu algum momento pentecostal para ficar a saber de Praxe e, tal os apóstolos reunidos no cenáculo, sair a anunciar a praxe, a conseguir evangelizar praxisticamente os “pagãos”?
É que, em muitos meios, se diz que só quem foi praxado compreende, entende e está em condições de estar na praxe, de praxar, de trajar, de participar na Tradição......ser praxista,
Colocamos, obviamente, fortes reservas a tal entendimento. Aliás, é mais "conversa da treta produzida por praxistas da treta".
Por outro lado, que dizer daquele que, tendo sido praxado, opta por não praxar nenhum caloiro, ou mesmo não participar senão anonima e pontualmente nas celebrações, marcando apenas presença?
 
Certamente que quem assim fizer não será tido como “praxista” de facto, comparativamente com aqueles verdadeiramente “praxistas dos 7 costados”, mas uma espécie de “praxista não-praticante” (que é o mesmo que alguém afirmar-se futebolista, mas não jogar à bola, apenas ir assistir aos jogos).
É isso?
Mas ainda se levanta outra questão, nomeadamente no que concerne a caloiros:

se os caloiros são praxados, é porque “aderiram” à Praxe (e aqui incluímos, naturalmente, as “praxes”), logo têm de estar na/em Praxe, mesmo se a quase totalidade é praxado antes sequer de conhecer as regras do jogo (o código) para poder optar.
É exercício algo complexo o de conceber que alguém adere àquilo que, no fundo, desconhece e que os demais aceitem quem nem as regras sabe, de facto.


As praxes tornam-se, assim, uma espécie de 2 em 1: o acto de praxar não apenas cumpre a função de gozo, mas serve de curso milagroso que permite uma integração plena do aluno que nesse momento aprende tudo o que há para saber para estar na/em Praxe. Milagre, ouviríamos, então, clamar!
 
Pois, mas o facto é que aquilo que caloiros fazem, isso sim, é o papel de praxados, que é diferente daqueles que fazem o papel de praxadores. São ambos praxistas?
E quem opta por não ser praxador, é também praxista?
 
·         Atentemos, agora, para a opção B:
 
Se é praxista aquele que praxa, perguntamos, então, se ser praxista é ser capaz de berrar, dar ordens e mandar fazer X ou Y.
É que se for esse o caso, naturalmente que não é preciso ter sido praxado para conseguir fazer tudo isso, mas apenas vestir o papel de sargento e/ou ter ideias criativas para inventar gozos para o caloiro (e quanto a um vasto leque de “brincadeiras” que conhecemos como mais usuais nas praxes, nada como copiar o que os escuteiros, os jogos tradicionais ou os grupos de jovens em acampamentos e campos de férias não façam já com enorme mestria).

Em alguns casos, basta igualmente deixar livre expressão a exageros, à boçalidade ou mesmo à falta de civismo (aliás, parece tal ser assim a modos que "operações especiais" da praxe).
Tanto é assim que para aprender nem sempre é preciso propriamente experienciar, principalmente com a facilidade em sair-se de casa e assistir a “praxes” ou ficar comodamente a ver as publicações que surgem aos milhares na net.
Só que praxar caloiros é sazonal. A recepção e ritos de iniciação apenas ocorrem (ou devem ocorrer, segundo a Tradição), nos primeiros dias/semanas de aulas. E nos demais eventos e datas expressivas do calendário académico em que não há praxes com caloiros, como é ser-se praxista (quando não se está a praxar)?
 E como tratamos os muitos praxistas (que foram praxados e praxam) que cometem abusos ou exageros?
Designamo-los apenas por “maus praxistas”?
 
Se esses “maus praxistas” são “consentidos”, não haverá lugar a que, nessa designação possam igualmente entrar os que nunca foram praxados?
Qual o pior resultado: um praxista (que foi praxado) que comete abusos ou aquele estudante que nunca foi praxado?
Qual preferimos: o praxista que exagera e protagoniza erros ou aquele estudante que, embora não tenha sido praxado, decide praxar sem cometer exageros e sem desrespeitar ninguém?
Então ao prevaricador continuamos a tratar por praxista (mesmo que “mau”) e ao segundo designamos de “anti-praxe”?

E será assim tão lesivo que quem não tenha sido praxado pretenda participar da Tradição, conquanto o faça bem e segundo as regras? Prejudica alguém a não se  o ego daqueles que se acham eleitos praxísticos?

Não é objectivo de todos que todo e qualquer estudante traje e cumpra devidamente o que está estipulado para os actos académicos, ou o objectivo centra-se apenas em castigar e gozar e, depois, já o que cada um faz pouco importa?
Um estudante que nunca tenha sido praxado, e até nem praxe, que se comporte com qualidade e rigor na sua vida académica lesa quem?

Ser praxista adquire-se por merecimento ou por mérito? É que são coisas distintas. E como se processa tal avaliação e valoração (ocorre-nos a ridícula questão das avaliações praxísticas, que em algumas casas ridiculamente se fazem -ver AQUI).
Afonso Lopes Vieira em Caloiro, 1894
Merecimento é entendido nos meios praxísticos como aquele que sofreu nas praxes e, só por isso, merece poder praxar.
Mérito, contudo é aquilo que distingue a pessoa que é capaz de fazer bem as coisas, independentemente daquilo que passou nas praxes ou nem sequer passou.

O mérito está bem presente na Tradição, precisamente porque as insígnias pessoais (que muitos acham que são condecorações pelo praxismo de cada um) existem não em função de matrículas ou participação em praxes (nem de maior ou menor praxismo), mas do ano frequentado (e o percurso que o estudante vai fazendo nos estudos).
Pois é. Desculpem a decepção, mas as coisas são assim, secundum praxis.
Isto faz lembrar um pouco aquela questão os alunos indignados que se esfarfelaram o ano inteiro para conseguir bons resultados, não faltando a nenhuma aula, fazendo todos os trabalhos, tendo sebentas exemplares…..e depois vem um tipo que nunca pôs lá os pés, mas estudou para o exame e tira melhor nota. E toda a gente acha injusto, mesmo se ele demonstrou que foi mais capaz, sem precisar de passar pelo mesmo, porque há muitas estradas para ir dar a Roma.
 
·         Tratemos agora da opção C:
 
Praxista sendo aquele que observa e cumpre a Praxe, ou seja a lei académica; lei académica essa que é a transposição  da Tradição (parte dela, convém sublinhar, pois nem toda a Tradição Académica está sob alçada da Praxe[2]) num “formato legislativo”.
Ora se a Praxe decorre daquilo que lhe dá legitimidade, ou seja a Tradição, desde logo dizer que a Praxe não determina, nem pode determinar.que deva haver um qualquer regime de precedência que não o do mérito escolar, ou seja, não determina que é preciso ter sido praxado para ser-se praxista.
 Então o que é ser-se Praxista, de facto?
 
Tomemos o seguinte exemplo: um aluno que nunca foi praxado, decide, no ano seguinte praxar.
Para o fazer apenas basta que respeite o que está consagrado: saber os limites impostos pela Praxe (lei académica) para que o acto de praxar seja regular.

Deverá saber que existem regras que determinam quando o pode fazer e em que moldes (quem pode mobilizar, o que não é de todo permitido fazer,  por exemplo); saber que existem protecções; saber que deve estar trajado secundum praxis e, naturalmente, obedecer a essas determinações (sem esquecer o respeito pela integridade do indivíduo, usar de linguagem apropriada, ter uma conduta digna, etc.).

Do mesmo modo que um caloiro deve, antes de ser praxado, conhecer as regras do jogo, conhecer a lei académica, a Tradição.

Quase estaríamos tentados em dizer que isso se resume a conhecer o código (muitas academias não o fornecem ou permitem acesso aos caloiros antecipadamente), contudo, olhando ao conteúdo de muitos códigos, o preferível é dizermos que devem, antes de mais, assegurar a preservação dos seus direitos civis (que um código decente não legisla contra os direitos civis).
 Assim, praxista é aquele que, mesmo não tendo sido praxado, observa e espeita a lei quando pretende participar da Tradição Académica.
- Praxista é aquele que, mesmo não tendo sido praxado, veste correctamente o traje; é aquele que segue o que está determinado, por exemplo, quanto à forma de usar insígnias; é aquele que faz silêncio na Serenata Monumental, usando o seu traje conforme a ocasião exige; é aquele que sabe que numa igreja ou acto solene usa a capa descaída pelos ombros; é aquele que conhece e respeita a hierarquia, quando aceita essa forma de enquadramento……………
 - Praxista, de facto, meus caros leitores, é o exercício da cidadania académica no que toca a um conjunto de regras que norteiam a etiqueta, o protocolo e as regras sociais convencionadas para o conjunto estrito de actos e manifestações que pertencem à Tradição Académica.
- Praxista é aquele que respeita a Tradição sempre que nela participa e enquadra, porque aquele que praxa é “praxador” e quem é alvo de praxes é “praxado”, mas ambos são praxistas.
 
Do mesmo modo, somos cidadãos de um país porque nele nascemos (ou pedimos naturalização após X anos de vivermos nele) e não porque fomos sujeitos a uma qualquer recruta ou curso de cidadania (e não é mais cidadão quem foi á tropa do que quem não foi, só para deixar este exemplo).
Temos o direito a votar quando atingimos uma determinada idade, e não em razão de termos tirado um curso de ciências políticas (ou mesmo pelo simples facto de sabermos ler e escrever – embora no passado, o sufrágio fosse discriminatório nesse sentido).
 
Podemos candidatar-nos para cargos políticos em razão de termos determinada idade (além de outros atributos e qualidades pessoais), e não exclusivamente por termos militado numa “Jota” qualquer (aliás o problema da praxe é até similar ao que temos na política: somos governados por pessoas oriundas de aparelhos partidário, maioritariamente incompetentes).
 
São algumas comparações algo rudimentares, bem sei, mas servem apenas de leitmotiv ao processo que urge de reflectir e fazer uma analepse às fontes da genuina Tradição e ao necessário bom-senso que deveria presidir a estas questões praxísticas.
Existirá, igualmente, um outro empréstimo ao significado: o de ser a favor da Praxe.
Refutamos tal porque nos parece que apenas promove mais confusão, tendo em conta que uma coisa é ser a favor da Praxe (como expressão do usos e costumes codificados) e outra é ser a favor das praxes (gozo ao caloiro).
Pensarão alguns incautos que se trata da mesma coisa, mais nada mais falso, pois é plausível ser a favor da Tradição Académica (nomeadamente aquela que está na esfera da Praxe) e ser-se contra as praxes (que são apenas uma parte - não essencial - dos usos e costumes estudantis).

Aliás, se há algo que nos parece claro é que ser anti-praxeS não equivale a ser contra a Praxe ou contra a Tradição Académica, pelo que praxista não é propriamente antónimo de "anti-praxe".
Uma nota mais: pode qualquer um ser praxista sendo anti-praxeS[3], ou seja, não concordando com quaisquer actos que impliquem gozo com caloiros, tal como se pode ser adepto de um clube, sem que isso implique concordar em ser-se contra outro clube, indo para os estádios insultar os adversários.
 

[1] Partimos sempre da ideia de que todos eles estão na/em Praxe (seja qual for, depois, o entendimento que o “estar em/na” possa ter – ver AQUI).
[2] E tão pouco Tradição Académica e Praxe significam, de facto, o mesmo. O exemplo das tunas estudantis (que são uma expressão de tradição académica) é disso cabal prova, pois elas não são Praxe, tal como o não são os grupos de fado, o próprio fado, os coros académicos, etc.
[3] Como já o referimos neste blogue, no artigo dedicado aos “anti-praxe”, ser anti-praxe não tem sido, por parte dos próprios caloiros, assumido como ser contra a Tradição, mas apenas contra o ser-se praxado ou contra as praxes (gozo ao caloiro), apesar dos organismos de Praxe imporem outro entendimento.

4 comentários:

Sofia Teixeira disse...

Discordo no ponto em que refere que alguém não praxado deve praxar. Pela minha experiência, aqueles que menos presentes estiveram na praxe deles de caloiros são os que mais abusos cometem, mais gritam, mais insultam. Que participem nas tradições académicas, tudo bem, nao me cominha nem um bocadinho. Que andem a praxar caloiros como se não houvesse amanhã, acho ridículo. Não estou a querer dizer que há uma qualquer epifania no ano de caloiro que permita que "aprenda e saiba praxar" no ano seguinte. Mas terá uma visão diferente a reconhecer abusos, a não fazer o que não gostou (espero eu), entre outras coisas.

Como reitera, tradição académica e praxe são coisas dissociáveis.

Sofia Teixeira

WB disse...

Cara Sofia,

Discorda com base na sua "experiência"?
Penso que se vamos por aí, e nada mais substancial apresenta para o contraditório que não o "acho que" ou o "é assim que vejo fazer e me disseram", estamos conversados.

Não, minha cara, tanto berram e abusam os que foram muito praxados ou pouco.

Anónimo disse...

Cara Sofia Teixeira, pela minha "experiência" também posso dizer que os maiores abusos provocados são de quem foi "bem" praxado... eu próprio pude observar isso! Vi gente que são completamente agarrados ao único instrumento da praxe "o código" e transmitir ensinamentos por aí, que berram mais e transmitem "respeito' através da gritaria e de caras sérias, que colocam os caloiros de quatro, pudins danones entre outras. E esses, são considerados os "bons" praxistas, aqueles que transmitem esse respeito.. o mau praxista é aquele que esta discontraido, aquele que não sabe o código, aquele que tem pena dos caloiros...
Você apenas fala do expetáculo que se vê todos os anos no início do ano lectivo e que qualquer cidadão pode ver.. incluindo estrangeiros, isso chama-se gozo ao caloiro! Porque de praxe dúvido que saiba alguma coisa...

Penso que você deve ter sido a "boa" caloira.. aquela que se mantém em silêncio, a que olha para o chão, a que obedece às ordens, aquela que nunca faltou às "praxes"... e o que aprendeu? "Se não fosse a praxe não conhecia ninguém", "prepara para a vida", etc, etc... se fizer uma semana de integração como se faz em muitos países ocidentais também acabava por conhecer os novos colegas e estudantes mais velhos... pois, mas assim lá se vai a hierarquia que você tanto esperada, querendo largar ansiosamente o estatuto de caloiro e poder passar a um estatuto de poder.

Eu fui o "bom" caloiro que nunca faltei a uma "praxe" e sabe o que aprendi sobre praxe? ZERO! Uns diziam que a praxe não se explica, outros é integraçao, outros é para educar, etc, etc.. o que aprendi foi olhar para os pés, fazer flexoes quando um praxista estava mal disposto, prendi a estar de quatro, de tres, fazer figuras de urso, pudins danone, estar calado, a obedecer e etc.. e sobre a praxe? Não aprendi rigorosamente nada!

Anónimo disse...

(Continuando)

Por acaso os maiores abusos que pude observar na praxe foram praticado por veteranos, por aqueles supostamente tem "mais esperiência"... também lhe posso dizer e falo por muita gente que a praxe não serve só para integrar, mas para criar "inimigos"... aqueles que mais desprezo tenho, são os que tem mais "esperiência" de praxe e não tenho qualquer consideraçao nenhuma por essa gente...

Outra observação é que o nosso ensino superior é um pouco ao estilo dos liceus americanos onde existe os VIP e que toda a gente quer fazer parte do grupo mais famoso da escola os "orgãos de praxe" todos queremos ser amigo do DUX's tirar fotos para publicar no FB e deixar a idéia: "Vejam, estou com o tipo mais famoso la da escola xD" (deixa-me dar graxa, obedecer, para poder entrar no orgão de praxe, ter um cargo importante para ser reconhecido, e porque não ter a ambição de chegar a DUX? Isto se ele se lembrar de terminar o curso..)

Há uns tempos estava num café e ouvi uma miuda a dizer a colega que lhe deram o cargo de secretária da Comissão de Praxe... ou seja, já é alguém com um cargo importante dentro do grupo de VIP's. (Deve ser por ter "experiência" de praxe).

E não sejamos hipocritas... os individuos qur fazem parte dos orgãos de praxe também fazem parte das associações de estudantes e aí entra o interesse comercial...como é que os "orgãos de praxe" conseguem arranjar fundos financeiros? Não são um orgão com personalidade jurídica e muito menos estão nos estatutos das universidades..são apenas um grupo informal de pessoas. Como é que eles conseguem fazer eventos como doar dinheiro a associações de caridade? Como é que fazem praxes solidárias? Não serão organizadas pelas AE's e por ventura aparece um conselho de veteranos ou comissão de praxe afirmando que tomaram iniciativa limpar Lisboa, fazer recolha de lixo numa praia ou rio.. como é que um orgão informal consegue fazer isso?
Muitos praxistas tem "esperiência" nisso.

Façamos uma reflexão crítica e não sejamos robôs, porque não somos alunos de liceus, apesar de termos atitudes de alunos do liceu. Não somos crianças para promover este tipo de humilhação gratuita e de obediência consentida que está a auto-destruir a cultura estudantil.