domingo, março 14, 2021

Notas às I Jornadas de Praxe de Lisboa (Março de 2021)

 

Tiveram lugar, entre 9 e 13 de Março, as I Jornadas de Praxe, organizadas pelo MCV (Magnum Consilium Veteranorum) de Lisboa, um organismo que  reúne já várias instituições da academia lisboeta em torno de conceitos e práticas comuns, baseadas na defesa da Tradição e Praxe Académicas mais genuínas, e pertinentes aos tempos que correm, para isso aproximando algumas "casas" em torno do projecto de  código comum, isento de ficções, balelas e invenções de 3/4 de mês.



Estas jornadas, em modo online (via zoom), com diversos temas a debate (alguns mais pertinentes que outros[1]), visaram, antes de mais, servir de apresentação do projecto do MCV de modo mais alargado, como que antecâmara de aproximações futuras a outras instituições, auscultando um pouco da realidade das práticas e conceitos vigentes na capital e, por outro lado, dando a conhecer os critérios e metodologia em que assenta.

 De tudo se ouviu, da parte dos participantes (que não se esgotaram em malta de Lisboa, pois teve participação de outras geografias), desde intervenções ponderadas e expressivas de conhecimento e estudo, até às costumeiras patetices e aos argumentos do "na nossa casa" cheios de confusas noções.

Independentemente de tudo isso, e da muita pedra que ainda está por partir, de muitos mitos e equívocos por desfazer, facto é que estas jornadas foram um oásis no deserto de iniciativas abertas que ocorreram nesta época de pandemia.

Os debates decorreram de forma serena, educada e respeitosa, o que, só por si, foi algo meritório e louvável.

Ao serem abertas ao público afecto, garantiram uma sempre necessária transparência que permitia o contraditório, sem ditaduras de pensamento único (tão ao gosto de muitos organismos de praxe).

E isso foi o que mais enriqueceu as jornadas, precisamente pela participação de antigos estudantes (muitos deles pioneiros deste projecto do MCV) cujos conhecimentos vieram, tantas vezes, recentrar as coisas e apresentar factos para contrapor a invenções sem fundamento.

Será de equacionar, em futuras iniciativas deste género, garantir a presença de alguns desses antigos estudantes, de estudiosos do fenómeno, como recurso (tipo comité científico) - assegurando que, mediante dúvidas ou desvios, há sempre possibilidade de consultar quem possa, de forma isenta e equidistante, esclarecer mais detalhada e fundamentadamente as coisas.

Estão de parabéns os organizadores e animadores dos vários painéis e, obviamente, todos os que participaram destas jornadas.

Há que convir que a ferramenta online tem muitas mais vantagens nestas coisas, pelo simples facto de facilitar a vida quanto a horários e colmatar distâncias/deslocações que, à partida, impedem muitos de estar presencialmente. Só não substitui tudo o que é o contacto presencial, naturalmente.

Em ano em que o Notas&Melodias festeja os seus 15 anos, não podia ter tido melhor prenda.

Obrigado ao MCV pela ousadia, pelo empenho e pelo esforço que tem vindo a realizar, de que estas jornadas são apenas mais uma das muitas e boas iniciativas que tem levado por diante.

Possa tudo isso servir de referência a tantas outras instituições de Lisboa e demais academias do país.

A procissão ainda mal saiu do adro, mas, para já, parece bem encaminhada, conquanto não percam o rumo e o propósito.

 

 

 

 



[1] Um dos pontos menos conseguidos no programa - muito ainda agarrado a praxes/gozo ao caloiro (seja nas práticas, hierarquias, conceito, utilidade...).

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