O facto de alguns destes grupos serem muita vezes denominados por "troupes académicas" (nome que também podia ser usado para significar Tunas), levou, em alguns casos, a alguns pequenos equívocos. Nada a ver, contudo, com a noção "praxística" de "Trupe".
Estas "troupes" (nome que vem do francês e significa grupo, sendo muito comum o seu uso para designar grupos ou companhias de teatro ou de artes circenses) eram grandes comitivas que se dedicavam essencialmente a representações cénicas (grupos dramáticos), embora também se fizessem acompanhar por músicos, nomeadamente para entoarem uns quantos fados.
Os estudantes eram recebidos como se de embaixadas oficiais se tratasse, como pompa e circunstância, váriso anúncios prévios nos jornais a anunciar a sua vindae programa, com as autoridades presentes, muitos discursos, oferendas.......
Estas récitas permitiam aos estudantes amealharem mais uns tostões para suas despesas, embora existam muitos relatos a darem conta de saraus, matinées e récitas com fins puramente caritativos, como sucedia na maioria dos espectáculos em que participavam estudantes.
Encontrei dezenas de referências a estas récitas que os estudantes, nomeadamente os de Direito, vinham fazer a Viseu (eram também muitos os viseenses a cursar Coimbra e, entre eles, o maior de todos, Augusto Hilário), mas também a saraus de caridade ou representações em altura de carnaval ou de férias escolares.
Mas não apenas Viseu, pois também outras vilas do distrito recebiam a visita destes estudantes que, nessa altura, faziam autênticas tournées pelas localidades mais próximas de Coimbra (como é o caso da Figueira), chegadno mesmo algumas a serem apresentadas, por exemplo, no Coliseu de Lisboa.
De referir, igualmente, como aliás um dos excertos comprova, que os próprios estudantes d eliceu promoviam récitas, igualmente aplaudidas e reconhecidas como tradição estudantil transversal.
Aqui ficam alguns artigos a darem conta dessas récitas e no que consistiam:
Jornal O Commercio de Vizeu, de 10 Maio de 1888, III Anno, Nº 191
Jornal O Commercio de Vizeu, de17 Maio de 1888, III Anno, Nº 193
Jornal O comércio de Viseu, 01 de Junho de 1893, VII Anno, Nº 718
Jornal O comércio de Viseu, 25de Janeiro de 1894, VIII Anno, Nº 786
Illustração Portugueza, II Série, Nº 329, de 10 de Junho de 1912, pp. 745-748 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).
Illustração Portugueza, II Série, Nº 330, de 17 de Junho de 1912, p.799 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).
1 comentário:
Que fiquem bem claras duas "notas" para que não haja qualquer ambiguidade no texto introdutório:
- A "troupe" aqui mencionada nada tem a ver com a sua homónima agente de praxe académica. Antes deve ser ressaltada como manifestação do carácter "ad-hoc" da sua constituição (que se junta para um efeito, desfazendo-se logo de seguida)sem qualquer carácter de estabilidade ou organização perene.
- Augusto Hilário cursou Medicina nunca tendo frequentado Direito embora a sua "auréola" fizesse com que pudesse aparecer com quaisquer agrupamentos, atenta a sua popularidade. Estranha-se nestes textos a omissão do seu nome porquanto o mesmo cursava a Universidade por esta altura. Sinal que não acompanhou esta embaixada nem por cá se encontrava à data.
Apenas para que fiquer claro.
Abraço
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