Tiveram
lugar, entre 9 e 13 de Março, as I Jornadas de Praxe, organizadas pelo MCV
(Magnum Consilium Veteranorum) de Lisboa, um organismo que reúne já várias instituições da academia lisboeta em torno de conceitos e práticas
comuns, baseadas na defesa da Tradição e Praxe Académicas mais genuínas, e
pertinentes aos tempos que correm, para isso aproximando algumas
"casas" em torno do projecto de código comum, isento de ficções, balelas e invenções de 3/4 de mês.
Estas
jornadas, em modo online (via zoom), com diversos temas a debate (alguns mais
pertinentes que outros),
visaram, antes de mais, servir de apresentação do projecto do MCV de modo mais
alargado, como que antecâmara de aproximações futuras a outras instituições,
auscultando um pouco da realidade das práticas e conceitos vigentes na capital
e, por outro lado, dando a conhecer os critérios e metodologia em que assenta.
De
tudo se ouviu, da parte dos participantes (que não se esgotaram em malta de
Lisboa, pois teve participação de outras geografias), desde intervenções
ponderadas e expressivas de conhecimento e estudo, até às costumeiras patetices
e aos argumentos do "na nossa casa" cheios de confusas noções.
Independentemente
de tudo isso, e da muita pedra que ainda está por partir, de muitos mitos e
equívocos por desfazer, facto é que estas jornadas foram um oásis no deserto de
iniciativas abertas que ocorreram nesta época de pandemia.
Os debates decorreram de forma serena, educada e respeitosa, o que, só por si, foi algo meritório e louvável.
Ao
serem abertas ao público afecto, garantiram uma sempre necessária transparência
que permitia o contraditório, sem ditaduras de pensamento único (tão ao gosto
de muitos organismos de praxe).
E
isso foi o que mais enriqueceu as jornadas, precisamente pela participação de
antigos estudantes (muitos deles pioneiros deste projecto do MCV) cujos
conhecimentos vieram, tantas vezes, recentrar as coisas e apresentar factos
para contrapor a invenções sem fundamento.
Será
de equacionar, em futuras iniciativas deste género, garantir a presença de
alguns desses antigos estudantes, de estudiosos do fenómeno, como recurso (tipo
comité científico) - assegurando que, mediante dúvidas ou desvios, há sempre
possibilidade de consultar quem possa, de forma isenta e equidistante,
esclarecer mais detalhada e fundamentadamente as coisas.
Estão
de parabéns os organizadores e animadores dos vários painéis e, obviamente,
todos os que participaram destas jornadas.
Há
que convir que a ferramenta online tem muitas mais vantagens nestas coisas,
pelo simples facto de facilitar a vida quanto a horários e colmatar
distâncias/deslocações que, à partida, impedem muitos de estar presencialmente.
Só não substitui tudo o que é o contacto presencial, naturalmente.
Em
ano em que o Notas&Melodias festeja os seus 15 anos, não podia ter tido
melhor prenda.
Obrigado
ao MCV pela ousadia, pelo empenho e pelo esforço que tem vindo a realizar, de que
estas jornadas são apenas mais uma das muitas e boas iniciativas que tem levado
por diante.
Possa
tudo isso servir de referência a tantas outras instituições de Lisboa e demais
academias do país.
A procissão ainda mal saiu do adro, mas, para já, parece bem encaminhada,
conquanto não percam o rumo e o propósito.