terça-feira, novembro 13, 2007

Notas sobre uma execrável desafinação!

Para ser coerente com a linha editorial a que me propus, e com a postura que sempre adoptei na vida, terei, também aqui, de usar este espaço, também dedicado a Tunas, de facto, para fazer referência a algo que, de todo, o não é, denunciando o travestir e a pretensa legitimidade de uma coisa que se apelida de tuna, mas mais não é do que a caricatura disforme de uma dantesca figura camaleónica.


Se as sapatilhas da Cartola fizeram correr muita tinta, talvez pela projecção que a mesma tem, e pelo percurso conforme que sempre teve, antes de "virar o bico ao prego" (e não falo exclusivamente da bota), este grupo de pseudo-tunos, consegue ultrapassar, em muito, o até aqui conseguido.


Já dele tinha ouvido falar, ou melhor: ouvira falar sobre o exisitir um traje assim num instituto qualquer, mas hoje podemos tecer considerandos de forma mais explícita, dado que, também estes, fazem questão de ostentar essa coisa a que chamam Traje Académico, através de fotos, em blogue próprio e de acesso ao público em geral!




Estes........ (faltam-me as palavras) são uns tais que se auto-intitulam de A Tuna Académica do IADE (Instituto Superior de Artes Visuais, Design e Marketing) e usam, segunda consta, o traje em vigor lá pelas bandas da sua instituição de ensino.


Obviamente que estes senhores precisavam de cursar algumas cadeiras de história e, quiçá, de uma qualquer terapia que remediasse tamanha ignorância, descaramento e estupidez.


O que estes tais ousam fazer não nada menos que delapidar e atentar aos nossos valores e património académico, ousando misturar uma peça de origem anglo-saxónica (da Escócia, para ser mais preciso), o Kilt, com uma camisa branca, colete e gravata, "roubados" à capa e batina, ao traje nacional, e colocando uma capa preta pelos ombros.

Como saberão os leitores, o traje académico existe para distinguir o foro académico dos demais mesteres. Desde logo por isso é que, por exemplo, a incorporação de  peças do folclore e etnografia regional, onde a figura do estudante é inexistente, se afigura um paradoxo. Com efeito, o Traje Académico é um traje corporativista (uniforme estudantil), e não pano identitário de uma localidade ou de uma actividade agrícola, piscatória ou outra que não a estritamente expressiva da condição de estudante (figura inexistente na etnografia e folclore).
Mas o Kilt nem sequer é isso que acima se descreve. Nem sequer vai beber a qualquer tradição etnográfica portuguesa. Esse "traje" o que faz, é desmembrar o Traje Nacional (desde logo um desrespeito enorme) e costurar-lhe peças escocesas que, por sua vez, nada têm a ver, no país de origem, com estudantes - recordemos que a Escócia não tem traje universitário e que o Kilt em nenhum momento é próprio de estudos, antes um traje etnográfico próprio de uma geografia que nada, mesmo nada, tem a ver connosco.
Assim sendo, essa importação é, ela própria, um atentado cultural, pois também faz do traje escocês uma espécie de "rodízio", onde se escolheu o que se achou giro, travestindo o próprio significado do traje anglo-saxónico.
Esse McTraje é, por isso, uma roupagem que nem é o traje etnográfico escocês, nem o traje académico nacional. É uma aberração folclórica digna de um carnaval circense, sem qualquer credibilidade ou fundamentação histórica.


Sacrilégio gritariam muitos a dar cambalhotas no túmulo, disso não duvido, tal como, pessoalmente, me dá uma nausea ignara e abjecta ao olhar para esta..........."coisa".

Só mesmo nesta Lisboa, que já não é de outras eras, pois estou certo que, noutras urbes (e estou a lembrar-me da Invicta, por exemplo), até a antiga polícia académica ressurgiria das brumas.


É pacífico, mesmo se não consensual, as indumentárias equiparadas ou semelhantes às dos nossos vizinhos espanhóis (e de que temos exemplos vários cá em Portugal), até porque neles inspirados e/ou com eles partilhando muitos laços históricos, culturais e sociais, mas fazer a importação do Highlander Connor ou Duncan McLeod, só porque um qualquer afecto ao filme/série "The Immortal" achou piada e pensou ser isso criatividade e arte........deixem-me que me vire pró lado e regurgite o meu jantar.


Não posso crer que seja por ignorância em alunos que cursam o ensino superior, ou então alguma coisa não está bem na exigência colocada para se militar nessa instituição, pois que mesmo o mais néscio saberia ter o discernimento e aplicar algum bom-senso em questões de praxis e tradição no que respeita ao Traje Académico e à Tuna Portuguesa (seja ela popular, ou de cariz estudantil), não perpetrando tamanha heresia escatológica.


Deixem-me o direito à indignação, depois ao riso e, finalmente, ao gozo.
Compreendam que,  perante esses preparos e vil ataque à cultura escocesa e portuguesa, a última coisa que tal indumentária me merece é respeito e consideração. Isso não é Tradição nem tem fundamentação em nenhum acultura estudantil portuguesa ou seja de que país for.
A instituição merece-mo, muitos dos seus alunos também, mas a decisão de tal, a argumentação e a configuração desse suposto traje...............nenhum.


Como diz o reclame, mas eu incuto-lhe um tom sarcástico e irónico: "Há coisas fantásticas, não há?"


Nota de 25 -11-2007: A pedido do Ensaiador do grupo em questão, Júlio Martins, que solicitava o retirar das fotos, decidi manter as mesmas, mas tapando a cara dos intervenientes para, assim, as pessoas fotografadas não serem personalizadas ou "coladas" com os juízos de valor tecidos sobre os alunos e membros do grupo musical em questão (preocupação do Senhor Júlio Martins que compreendo).

As fotos constantes neste artigo foram retiradas do blogue da TAI.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Notas sobre III Congresso Nacional da Tradição Académica

...

III Congresso Nacional da Tradição Académica

Após o sucesso do I congresso em Évora, o Magnum Consillium Veteranum da Universidade do Porto, respondendo ao repto lançado, prontamente se empenhou e organizou distintamente o II Congresso Nacional da Tradição Académica.

O III Congresso Nacional da Tradição Académica pretende por isso, continuar o debate iniciado nos I e II congressos, englobando, desta feita, todos os agentes que participam na “Tradição Académica”, não estando limitado apenas aos órgãos que a coordenam e regem.O Conselho de Notáveis da Universidade de Évora vem por este meio convidar todos aqueles que perpetuam a Tradição Académica a participar no III Congresso Nacional da Tradição Académica.


PROGRAMA:

Dia 1 de Novembro - Quinta-feira

Dia da Universidade e da Abertura Solene das Aulas
- Empossamento dos Novos membros do Conselho de Notáveis da Universidade de Évora
- "Capamento"
- "Chocalhada"
- "Largada dos Sapatos"


Dia 2 de Novembro - Sexta-feira


14:00 - Sessão de Abertura

* Magnifico Reitor da Universidade de Évora
* Drª Renata Amaro
* Representante do Governo Civil
* Membro do Conselho de Notáveis

15:00
- Conferência: "Cegarrega e o Conselho de Notáveis – 20 anos"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Dr. Manuel Cabeça (Notável fundador)
* Prof. José Rafael (Notável fundador)
* Luís Matos (Membro actual do Conselho)

16:00
- Coffee Break

17:30
- Conferência: "O traje académico - Origens e Evolução"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Prof. Doutor Armando Carvalho Homem (Universidade do Porto)
* Membros das academias de Coimbra, Aveiro e Minho


Dia 3 de Novembro - Sábado


14:00
- Conferência: "A tradição académica e a cidade"
* Moderador: Vasco da Câmara Pereira (Ex "Geraldo ou Geraldes sem Pressa")
* Prof. Doutor Manuel Ferreira Patrício (Ex - Magnifico Reitor da Universidade de Évora)

15:00
- Conferência: "As Tunas Académicas como vivência da tradição"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Membro da Tuna Académica da Universidade de Évora (T.A.U.E)
* Membro da Tuna Feminina da Universidade de Évora (T.A.F.U.E)
* Membro do Grupo Académico Seistetos (G.A.S)
* Membro da Tuna Académica de Évora (T.A.E)
* Membro da Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico (T.U.I.S.T.)
* Membro da Tuna Universitário do Porto (T.U.P)
* Membro da Estudantina de Coimbra


16:00
- Coffee Break

16:30
- Conferência: "Tradição Académica – Perspectivas Várias"
* Prof. Doutor Aníbal Frias (Universidade da Sorbonne - Paris)
* Luís Filipe Borges (Apresentador)
* Caloiro da Universidade de Évora

17:30
- Conferência: "Processo de Bolonha e o futuro da Tradição Académica"
* Moderador: Prof. Bravo Nico (deputado)
*Membros das academias de Évora, Coimbra, Porto, Minho, Aveiro, Covilhã, Vila Real e Madeira

18:30
- Sessão de Encerramento
* Magnifico Reitor da Universidade de Évora
* Membro do Conselho de Notáveis

Contacto para mais informações: 962730354

terça-feira, outubro 02, 2007

Notas de cor sobre a Capa e Batina

Porque me foi pedida essa informação, e também porque acabei por perceber que não havia dados sobre o assunto, escreverei breves linhas sobre a razão de ser da cor negra do traje académico.

Antes de responder, farei uns breves considerandos para contextualizar, aproveitando para desfazer o mito do "traje comunista", utopia de uma só classe.
Como muitos saberão, certamente, a "capa e batina" não tem origem nas lobas, sotainas e batinas do clero, mas em vestes burguesas que vieram substituir ou sobrepor-se à "abatina", numa clara tentativa progressista e anti-clerical iniciada na década de 80 do séc. XIX.
Ao contrário do que muitos pensam, e apregoam à boca cheia, a capa e batina, como traje académico, não foi instituída para criar qualquer paridade ou igualdade entre os universitários (entre pobres e abastados). VER AQUI
O argumento de que o traje serve para esbater as diferenças sociais não podia estar mais errado.

Se o traje talar assumia feições de "uniforme" para diferenciar os estudantes das demais classes sociais, para identificar o foro académico que reclamava, para si, o direito de ser uma classe à parte (vincadamente diferenciada da dos artesãos, juristas, comerciantes, médicos, etc.), a Capa e Batina deu seguimento a essa identitária diferenciação, servindo, para identificar o estudante português.
Assim, o traje académico foi a componente visível do estabelecer de uma identidade que se queria demarcada e prontamente identificada, não sendo confundida com nenhuma outra classe, profissão ou mester.

Eis a razão do traje.

Dizer que foi para tornar todos iguais é uma patetice, já que, até à nossa história recente, os que cursavam a universidade vestiam conforme a sua condição (daí haverem panos melhores, mais berloques nuns, cores diferenciadas noutros, etc.), variando inclusive o tipo de traje em certas instituições (Agrária, em Coimbra, que sempre teve traje diferenciado, por exemplo).
E se recuarmos aos modelos anteriores á abatina, então encontramos trajes com outras cores, como o castanho, o cinzento, ou até o branco, conforme a indumentária em vigor nas ordens religiosas e segundo o grau hierárquicos dos clérigos que frequentavam os estudos gerais.

Quando se fala em traje académico que veio tornar todos iguais, isso é tão somente um consequência (recente, até), possível quando o traje se fixou com um padrão definitivo trazido pela produção em linha por parte das fábricas de confecção, pois que é de La Palisse que quando todos trajam igual não haja diferenças, mas isso é descobrir o óbvio.....a posteriori.


E a cor do traje?
Por que razão o preto?

Tem razão de ser a pergunta, porque a resposta não se encontra nos muitos estudos evolutivos do traje ou discertações sobre a origem do mesmo que pululam na net, em sites "especializados" sobre praxe ou traje (eu, pelo menos, nunca encontrei, diga-se).
Fica, aqui, em 1ª mão na Internet (pelo menos), essa explicação, convindo salientar que nem sempre os trajes estudantis foram pretos, convivendo com estes, nomeadamente, os de cor castanha.

Antigamente a "abatina" (de que derivará o termo "batina"), com origem em França e Itália, era usada  por padres e sacerdotes da Igreja Católica para que eles fossem reconhecidos como tais, uma norma que foi abolida (abolição da obrigatoriedade) no Concílio Vaticano II.
A "abatina" era conjunto de capa e túnica (talar) dos abades seculares de França ou de Itália, com vestido de seda negra, capa curta, volta singela e cabeleira pequena.
O preto, que tingia suas vestes, representa o luto, ou seja o desapego do sacerdote pela vida mundana (morrendo para o material, para o mundo "carnal"), para se dedicar a Deus e ao bem comum. Assume carácter simbólico de renúncia e de missão, de entrada num novo estrato social, num novo ministério.

Assim, o preto, que também simboliza, quando brilhante, nobreza, distinção, elegância e masculinidade, acabou por se manter, obviamente, no "paramento académico", não em razão do significado eclesiástico da "abatina", mas pela ideia de dignidade que a cor empresta, para além do cariz pragmático de uma cor que fica bem em qualquer ocasião, além de se sujar menos.
Bastará anuir que a quase totalidade dos que trajam não sabem a razão da cor preta, colando-lhe interpretações várias, muito romanceadas mas imprecisas.

É certo que, romanticamente, poderão muitos doutos emprestar-lhe novas significações e simbologias, como a ideia de noite, de mistério, de fuga, disfarce/camuflagem ou vadiagem, que podem associar-se ao noctívago e boémio estudante ou à arte de "correr la tuna"e .......... correr saias (e/ou fugir de algum pai ou irmão mais "ultrajado"), mas uma coisa são os mitos romanceados e outra são os factos.

Eis, pois, a razão de ser da cor preta nos nossos trajes académicos que, apesar de terem preterido o modelo da "abatina" (um modelo que diferia da dos lentes, que era talar, por ser mais subida) por um modelo laico (na definitiva separação escolar entre Igreja e Estado), mantiveram a cor, emprestando-lhe ou substituindo a significância clerical por uma mais civil, mais assente na etiqueta e no ideário do preto como cor solene, tida como mais em linha com a ideia acima referida de porte formal, de sentido prático (que fica bem em qualquer ocasião), de vantagem em se sujar menos.

Notas sobre o Colete....de forças!

Noticiado recentemente, através, nomeadamente, da TV, parece que, lá pelos lados do Mondego, se vive uma situação assaz insóltia sobre as incidências da revisão do Código da Praxe e o traje feminino.
Em idos de 2001, foi dada a opção das senhoras usarem colete por baixo do casaco. Seja por que razão for, o uso, apenas opcional, disseminou-se por toda a academia, passando colete a entrar com naturalidade, como peça do vestuário feminino do Traje Académico.
Não era obrigatório, mas era permitido, daí que, com mais ou menos pressões comerciais, passou a ser peça presente na venda do traje.


Ora, parece que a opção dada foi AGORA revogada e que a nova revisão do código conimbricense proíbe determinantemente o uso do dito colete pelas senhoras.

Dura praxis sed praxis, diríamos nós. O Conselho de Veteranos legislou, e decidiu, e em matéria de praxe as decisões decretadas, por aquele que é o órgão máximo da praxe, são lei.

Contudo, tal não implica que seja uma decisão correcta. Pessoalmente, julgo que não é, de todo, o caso, muito menos os motivos aludidos que empalidecem que os proferiu.

Antes de mais, deveria ter sido salvaguardado o caso da retroactividade da lei, não penalizando quem já usa o dito colete ou ou adquiriu, até à aprovação das alterações à lei.
As novas disposições deveriam entrar em vigor para todos aqueles (aquelas, neste caso) que, posteriormente à mesma, viessem a trajar.
Neste aspecto, parece que a decisão não foi "coerente".

Quanto às razões evocadas pelo Dux-Veteranorum da academica de Coimbra, parecem-me mal urdidas e amanhadas, e os argumentos apenas provam incompetência e falta de saber.
Justificar o colete como sendo peça de vestuário tipicamente masculina, quando actualmente a calça (que sempre o foi) é de uso comum em ambos os sexos, parece-me ser mais machismo do que tradição (nós, homens, que até já usámos longos vestidos na idade média).


Parece-me que o Dux-Veteranorum de Coimbra precisa de rever os seus apontamentos sobre traje e etnografia, já que o colete é peça do vestuário feminino há muito tempo (apresentando-se, também em alguns casos, sob a forma de corpete) e em muitos locais do país (e estrangeiro). Basta dar o exemplo do trajo de trabalho das mulheres de Espinho, do colete vermelho das senhoras da Póvoa do Varzim, da lavradeira do Minho, só para citar alguns.

É pois, muito pouco consentâneo ouvir afirmações desse tipo em directo para a televisão. Todo e qualquer pessoa minimamente conhecedora de folclore, por exemplo, já para não dizer de história ou etnografia (ou de praxe), certamente que se levanta da cadeira perante tais argumentos.
Para um líder de uma cademia de referência, a nossa Alma Mater, fica uma pálida imagem da qualidade e competências que assitem a quem deve ser um exemplo de excelência no conhecimento das matérias que tem por função promover, preservar e orientar.

O colete não retira a feminilidade das mulheres - quando até é uma peça que usualmente se usa debaixo da batina/casaca, e muito menos em que é que tal possa atentar à tradição, principalmente depois da "abertura", velada de opcional, dada em 2001.
Este tipo de avanço e retrocesso, a jeitos de "experiência piloto" é um tiro no pé e um hino à falta de ideias e bom-senso de quem preside aos destinos da Praxe.

Por outro lado, o uso do colete beneficia, até, o porte e postura, evitando que as batinas pareçam árvores de Natal ou oficiais soviéticos, de tantos p'ins que levam nas lapelas (há quem nem se dê conta do ridículo dessa ostentação desbragada), passando os ditos "coisos" para um local mais discreto: o colete.
Não é o caso em Coimbra, mas a sua utilidade provou-se noutras academias, também para o caso dos pins.

Assim, em momentos ou eventos de maior cerimónia, basta fechar/abotoar a casaca ou batina e fica-se com um aspecto mais condigno, formal e aprumado, secundum praxis.
Na minha academia (de praxis baseada na de Coimbra), aquando da revisão do código (1998/99), foi introduzido o colete no traje feminino, algo que trouxe maior comodidade às senhoras (menos expostas fisicamente, e com local onde porem, para as mais "vaidosas" os p'ins).
Tal não retirou, nem menorizou, a estética do seu traje e do seu porte, e muito menos lhes acrescentou "pêlo na venta".

Já se viveu, em tempos, a guerra das calças, que muitos temas do nosso folclore e música popular ilustram.
Estaremos para assistir a novo reatar bélico entre géneros?

A primeira pedra já foi atirada pelas calças do Conselho de Veteranos. Aguardamos a resposta das saias da Academia Coimbrã.

terça-feira, setembro 18, 2007

Notas sobre a Praxis Olissiponense

Vim para Lisboa em 2000, para leccionar.
Por cá fiquei, apesar das saudades da minha capital beiraltina.
Ao longo deste anos, alguns aspectos pude observar, no respeitante à praxis e espírito académicos que vieram enriquecer e suportar algumas ideias pré-concebidas sobre a vivência da cidadania académica na capital.
De um modo abrangente e genérico, diria que Lisboa não apenas não tem tradição académica, como é viveiro de contínuo atropelos à tradição, à praxis e, até, à inteligência.
É certo que, pontualmente, ainda se verificam honrosas e corajosas tentativas de inverter a situação (ou pelo menos tentar criar um rumo), mas numa cidade desta dimensão, onde se promoveu a cultura de burgo e enclave (ao contrário do Porto, por exemplo), as poucas excepções existentes são fugazes e insuficientes para se sobreporem àquilo que acontece um pouco por toda a cidade à beira Tejo deitada.
O esforço que se reconhece a algumas tunas lisboetas contribuíu, ao menos, para a existência de alguns oásis que assumem o papel de excepção, mas manifestamente insuficientes numa academia cujos seus protagonistas viveram tempo demais de costas voltadas, fechados em si mesmos, enquanto reclamavam para si o direito e sapiência de fazer como bem lhes dava na tóla.

Não é costume ver muita gente trajada, não com a frequência e normalidade de outras cidades. Por aqui, traja-se por festa, para cumprir calendário. Por aqui, traja-se mal, muitíssimo mal.
Malas, pastas e pastinhas (a tiracolo ou não), de mil cores e feitos, com capa e batina é "pão nosso de cada dia", saias que parecem cintos, sapatos que já vi de cor castanha ou sapatilhas pretas a combinar; p'ins em ambas as lapelas (que em muitos casos deixam de se ver, tal a quantidade de medalhas e condecorações).
Isto, quanto a estupidez humana não nos faz a afronta de considerar Traje Académico um Kilt escocês - sim porque até disto há por estas paragens.

Extraordinário, também, é assistir à "Benção das Pastas" na cidade universitária.
Esta gente nunca deve ter ouvido falar no que é a "Pasta da Praxe". Agora temos modelos do mais requintado estilo, como capas de duas abas apenas, que servem somente para lá ter fitas. Pastas que não são mais do que meras capas pretas, com logótipo estampado e fitas que são quantas se quiserem (chega a ser 1 fita por pessoa, pois já me deparei na situação de assinar uma nessas condições).
Pessoas à futrica com "pasta" e fitas, mal trajadas.............. uma caldeirada de ignorância, desrespeito e palhaçada autêntica que só denigrem a imagem que alguns ainda tentam construir para a Lisboa Académica.

Sim, porque há excepções, há quem cumpra, há quem tenha dois dedos de testa, espelho em casa e alguma educação e bom-senso.

Enquanto os vários organismos de praxe (ou pelo menos um grupo representativo), não der o primeiro passo rumo ao entendimento, acerto de critérios....... rumo a um código (que legisle os aspectos essenciais e basilares, pelo menos, comuns a todos, como o caso do traje, insígnias, entre outros), qualquer esforço será vão pela força dos números, pela mentalidade que impera, porque ninguém quer ceder nem coloca o bem comum acima das suas egoísticas pretensões de protagonismo.

Lisboa teria tudo para singrar como urbe académica, tem tudo para tal.
Conheci alguns estudantes, ligados à praxis, que tinham o desejo de fazer algo.
Pois que o façam. Terão de começar por algum lado, com poucos, mas trilhando caminho seguro. Mas tudo passará, antes de mais, pela formação. Pelo que apurei, e das conversas que mantive, o cerne da questão está numa total falta de saber e conhecimento sobre praxis, história, tradição. Chega a ser assustadora a falta de conhecimentos básicos nessa área.
É tarefa para alguns anos, mas há que ter a coragem de semear e ir preparando outros para cuidar, cultivar e, depois, todos poderem colher os frutos.

Enquanto as manifestações académicas puserem a tónica em concertos, festarolas e mega-eventos desse tipo, nada se conseguirá, pois a praxe, para crescer, não pode, nem deve, comer no mesmo prato que o interesse comercial ou do associativismo afunilado.
à custa do expediente Praxe, se construíu toda uma indústria "académica" que usa, e abusa, da tradição para ganhar o seu, promover o "fogo de vista", afogando qualquer inquietude ou descontentamento em muitas promoções e diversidade de "consumíveis" etílicos.
Haja festa para manter o pessoal na sesta, parece-me ser, nesta cidade, mais evidente 8pois infelizmente, é cada vez mais comum por este país fora).

A analogia da situação da praxis nesta cidade olissiponense com a da comunidade tunante torna-se muito similar, se virmos bem.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Notas sobre o Traje Académico e Traje de Tuna

Alguma tinta tem corrido sobre o assunto, pese o facto de ele ser, ainda em muitos casos, mais tratado “off record”, em “meias palavras”, ou no fácil exercício de conjecturar.
Escrever sobre o assunto obriga a urdir o pensamento com alguns cuidados redobrados, quanto mais não seja apresentando argumentos, e factos, objectivos e idóneos.
Actualmente, torna-se, cada vez mais, difícil falar-se em “Traje de Tuna”, pelo menos da Tuna Portuguesa, tendo em conta a cada vez maior multiplicidade de panos e indumentárias.
Numa clara fuga à capa e batina, por motivos que aludirei mais à frente, constata-se o crescendo instalar de uma descaracterização total da identidade Tuna, no que respeita ao aspecto estético da mesma, dos seus componentes, dos seus tunos.

Pelo contrário, no país vizinho, a estandardização de um padrão comum criou, em torno da Tuna Espanhola, uma imagem inequívoca e imediatamente reconhecível, tal como o é, ainda, por cá (mesmo se parece votado ao contrário), a capa e batina que prefigura o estudante universitário.
Por terras lusas, o ressurgimento das tunas na década de 80 do século passado coincidiu, grosso modo, com o reavivar das tradições académicas, em plena época, também, de profusa expansão do ensino superior.
Já disso falei neste blogue: a emancipação e pseudo-auto-determinação académica, ocorrida em muitos pontos, levou a uma clara reinterpretação da tradição e desejo, na maior parte das vezes néscio e acéfalo, de “ser diferente”.
Com muita ignorância à mistura, uma boa dose de desrespeito e falta de dois dedos de testa, levou à adopção de novos panos académicos, ditos “trajes académicos”, com o "amen" das respectivas instituições de ensino, ávidas de publicidade e tudo quanto as tornasse "únicas".
Subtil, e maliciosamente por vezes, se registaram espantosos argumentos de história ficcionada para justificar a necessidade ou plausibilidade de um traço próprio; próprio, segundo muitos, mas que mais não foi do que querer distanciar-se da “sombra” de Coimbra como se, para isso, tudo se remediasse na adopção de nova indumentária com selo de origem controlada (razões da etnografia local, etc. de que não se conhece nem um estudo publicado, pasme-se - nem sequer nos respectivos códigos de praxe, mostrando a seriedade da coisa).
E já não falo no ridículo de muitos desses códigos de praxe, repletos de invenções que enfeitam, mas nada trazem de substancial (isto quando não promovem atentados ao bom senso, educação e civismo).
Seja como for, pegou moda a “mania” e toca de fazer trajes novos a metro, quanto mais diferentes e espalhafatosos melhor, para dar uma ”identidade” própria a cada academia e, principalmente, não se confundir com Coimbra. Todos esqueceram algo fundamental: a etnografia não cabe num uniforme estudantil, precisamente porque a sua razão de existir foi precisamente distinguir-se dos demais mesteres,profissões e classes, criando um fro próprio. Aliás, nem a etnografia nem o folclore contemplam a figura do estudante. Está bom de ver, pois, que qualquer argumento etnográfico cai por terra.

Resultado?
Bem, ele está á vista: só quem traja capa e batina é, de facto, identificado, e bem, com o estudante universitário, todos os demais……. ou têm de dar explicações adicionais ou são confundidos com tudo menos com aquilo a que o pano, supostamente, deveria servir (há trajes que parecem o fato domingueiro que vejo em alguns ranchos, só para dar um exemplo).
Temos mais diversidade, mais criatividade estilística, panos para todos os gostos, cujo resultado final é uma enorme confusão, a ponto de, neste momento, dificilmente de identificar quem quer que seja, tal a quantidade e diversidade.
Salvo um ou outro caso de sucesso (que não significa que  esteja correcto), a maioria das invenções não resultou, chegando-se ao caricsato de termos academias com 6 trajes diferentes, como sucede em Castelo Branco.
Alguns dos usuários desses ditos panos académicos terão, em algum momento, ter tido de explicar o seu vestuário (eu já assisti pessoalmente a isso) a algum transeunte, algum curioso ou turista....... pelo que não vejo qual a diferença entre um estudante de capa e batina de Leiria, por exemplo, dizer que é de Leiria, apesar de trajar com um traje conotado com Coimbra. Pelo menos é identificado como estudante universitário nacional, jáque o Traje Nacional assim foi reconhecido.
Já a questão geográfica quanto à localidade, é mero pormenor que rapidamente se ultrapassa com “sou estudante de Lisboa” (Viseu, Santarém, Beja etc.). Mas mais: em tempo algum um uniforme teve por objectivo a identificação geográfica do seu portador, mas a expressão do seu estatuto: estudante.

A capa e batina, no seu actual modelo (com pouco mais de 100 anos) NÃO É DE COIMBRA!
Quem o enverga deveria ter a obrigação de conhecer a sua história, sabendo, por isso, que ele não é “de Coimbra”, pois traje de Coimbra só na etnografia, no folclore local (que os Ranchos tão gratamente preservam e divulgam).
O grande erro começa logo pelo chauvinismo de alguns (muitos?) estudantes conimbricenses que apregoam que o traje é deles (ainda há pouco, num fórum sobre Praxe de Coimbra, assisti a essa lenga-lenga), que a tradição do seu uso é deles, quando isso não corresponde aos factos.
A capa e batina, no seu actual modelo, resulta do movimento laico anti-clerical que, para cortar com o traje talar (de natureza eclesiástica) impõe o modelo do fato burguês, sucedendo à "abatina", logo disseminado no Porto, Coimbra, Lisboa e liceus nacionais (capitais de distrito).
Por isso, o traje não é de uma cidade, mas nacional (como viria a ser formalmente reconhecido, aliás, por decreto governamental). O que herda de Coimbra é a designação "capa e batina" (que é o nome pelo qual o traje é conhecido na gíria estudantil).


Esta falta de rigor é que levou a tantas decisões erradas que fizeram escola, desde logo pela tontice de tantos novos "trajes académicos" só par aser diferente de Coimbra. Veja-se agora a argolada monumental. E não podemso esquecer que em qualquer cidade ou vila com ensino, o traje nacional era usado. E muito menso esquecer que todos os estabelecimentos onde nasceram "novos trajes" usaram antes capa e batina.


A “Capa e Batina” é, e assim designada,  o Traje Nacional do Estudante Universitário Português.
Depois da extinção do seu uso obrigatório por decreto do governo provisório da república a 23 de Outubro de 1910 ou seja, “a partir de 1911, o Traje Talar deixou de ser um simples uniforme para significar valor cultural, património da Comunidade Académica, sublimado pelo espírito de Coimbra”. (in, Qvid Praxis). Em 1918, mais precisamente a 6 de Julho, são estipulados os Estatutos Universitários, os quais contemplam o traje, mas não o impõem.Mas se a obrigatoriedade do seu uso foi extinta, é facto que só a partir daí é que o traje assume maior divulgação no foro liceal, com a nacionalização do Traje Académico para todas as universidades, liceus e escolas superiores, definida no decreto n.º 10290, de 1924, do então Ministro da Instrução Pública, Teixeira Gomes, no qual se refere, também, a punição para todo aquele que traje indevidamente.
Assim, temos um traje nacional, devidamente reconhecido como o do estudante universitário, ponto final.
Tudo o mais me parece fogacho.

Mais informações pormenorizadas sobre a origem do traje: AQUI e AQUI


O caso do Minho, onde é reabilitada uma indumentária (O “Tricórnio”) usada nos tempos em que lá teria havido Estudos Gerais (que não devem ser confundidos com Universidade, já que no séc. XVIII esses estudos eram reportados à formação eclesiástica e não à noção de universidade, como existia em Coimbra), não foi, também, mais do que aproveitar um facto passado, que carece de estudos mais aprofundados, para justificar o “corte” com Coimbra.
Pesquisei algo sobre o assunto e parece-me que o resultado final do traje lá usado é uma adaptação ou recriação, não totalmente fidedigna (nem de longe nem de perto), parecendo-me haver uma propositada sinédoque: tomando, “convenientemente” uma parte pelo todo, umas pinturas ou ilustrações como sendo traje académico.

Uma coisa me parece certa, não se pode afirmar ter havido um traje universitário diferente em Braga no séc. XVIII, tido como tal, como sucedia em Coimbra que pudesse "justificar" o reabilitar de um "traje antigo dos estudantes". O Tricórnio é uma cobertura (chapéu) usada pelos civis e militares no séc. XVIII, cuja verdadeira “tradição” é militar e/ou aristocrática (e nem é portuguesa sequer). No dobrar desse mesmo séc., a partir de 1760, sensivelmente os bicórneos ou chapéus de dois bicos, já se tinham imposto, vendo-se de tamanhos diversos, sendo alguns enormes e com as pontas exageradamente grandes e descaídas até aos ombros, acairelados de penas, com grandes penachos; as borlas, as presilhas e os botões enriquecidos de pedrarias valiosas e bordados a fio de ouro ou prata! (de que conhecemos a moda do “chapéu à Napoleão).

Justificar a existência de estudos Gerais em Braga no séc. XVIII é ficcionar e fazer uma interpretação ad hoc da noção de Universidade, até porque se os responsáveis pela criação do traje “Tricórnio” fazem referência aos Jesuítas, há que relembrar que os jesuítas portugueses, quando expulsos de Portugal, em 1759, dirigiam vinte e oito colégios de ensino secundário, em Portugal, e a Universidade de Évora (que lhes foi oferecida em 1559 pelo cardeal D. Henrique), não constando que dirigissem qualquer Universidade em Braga (voltariam a Braga, é verdade, mas em 1875, ou seja finais do século XIX, mais dedicados ao apostolado do que ao ensino, sendo preciso esperar pela década de 40 do séc. XX, depois de terem sido novamente expulsos em 1910 e regressarem em 1934, para se falar, então sim, de universidade em Braga: em 1942 o Curso Superior de Ciências Filosóficas" e, em 1947, a Faculdade Pontifícia).
Nessa altura, em 1875, o traje usado no Liceu Nacional de Braga era a Capa e Batina!

Cai por terra, pois, a justificação de ter existido uma universidade propriamente dita, com praxis enraizada e materializada num traje académico (o que ocorreria, isso sim era que os escolares desses estudos, a maioria eclesiásticos, vestiriam conforme a sua condição e posses, um pouco como sucedia nos primórdios do traje em Coimbra, séculos antes).

Reclamar a história do Colégio de S. Paulo, em Braga, como tendo tido privilégios de graus e traje, parece pouco fundamentado para legitimar a ideia de ter havido um traje académico bracarense, quando não podemos cair no erro de confundir Colégios com Universidades.
Mas, e se quisessemos atalhar, bastaria lembrar que em Braga, antes do Tricórnio, se usou, na própria UM, e antes dela, por exemplo, no liceu nacional (desde o séc. XIX), como ainda há pouco aludi, capa e batina. Por isso, se algum traje tinha sentido em Braga, certamente que era o Traje Nacional - esse sim por ter uso geral e reiterado pela larga maioria dos seus estudantes. O único traje estudantil com tradição secular em Braga sempre foi a capa e batina.
Não foi essa a opção posterior, mas não se queira apagar aquilo que é uma tradição bem mais antiga e histórica com pseudo-estudos nunca legitimados cientificamente, para justificar a validade do tricórnio, que só a tem em si mesmo, e a partir do momento em que foi generalizado nestas quase 3 décadas que leva.

Sobre o assunto clique AQUI

Tomei o exemplo da UM, mas poderia ter sido outro.


O facto é que a tradição do Tricórnio foi imposta (impostura, diga-se) com base em algo artificial, uma intrujice histórica, num pseudo-estudo etnológico feito por quem não apenas não tinha competência para o efeito, mas por quem não se coibiu de inventar tradição. Nem se percebe como tanta gente foi na cantiga, mas deve ter dado jeito aos bolsos de alguns, no início.
Hoje é essa a herança. Nada a obstar, conquanto saibam conviver com esse facto, reconhecendo o mesmo, ao invés de propalar "virtudes históricas" que são inexistentes.


Importa é dizer que a capa e batina tem sido o pano oficial da praxis e não vejo grandes vantagens em termo-nos desfeito do seu valor congregador e unificador, identificativo e histórico para quem, mais do que ser do sítio A, B ou C é estudante universitário.
Apostou-se mais em parecer do que em ser e, agora, verifica-se que o pano não ajudou, em nada, a promover uma praxis e espírito académicos dignos desse nome, pelo menos não verifico que houvesse melhorias depois de tantos gritos de “Ipiranga” que se fizeram ouvir um pouco por todo o lado.
Continuamos a ser uma manta de retalhos onde se torna, cada vez mais, difícil discernir e encontrar o que é genuíno, verdadeiramente tradição e identificativo, até, da nossa cidadania académica, da nossa nacionalidade estudantil.

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Trazendo isso à realidade tunante, o que assistimos é uma profusa moda de trajes avulso, pelo precedente criado pela sucessiva delapidação da identidade académica nacional, transformando a nossa comunidade estudantil numa mosaico mais rico que a regionalização preconizada, há uns anos pelo governo.
Aí, detenhamo-nos para observar duas ordens de razão para tantos trajes de tuna, que não a capa e batina: a primeira respeita àquelas tunas que, pela sua natureza, englobam alunos provindos de diversas instituições de ensino de uma mesma cidade ou área metropolitana. Neste caso, no intuito de evitar a colisão estética de panos díspares e regulamentação própria (nem sempre comum entre instituições) de cada traje, foi necessário adoptar-se um traje que esbatesse essas diferenças. “Obrigadas” a correr atrás do prejuízo, este tipo de tunas (que são poucas, diga-se), não tiveram outro remédio senão ter um traje próprio, criando um entendimento onde ele não existia.
A inspiração deste está normalmente ou numa cópia do traje espanhol, com uma ou outra peça que evoca mais particularmente uma figura da região, ou então um traje que faz o compromisso entre a capa e batina e o traje espanhol.
No segundo caso, as razões giram em torno de ideias, mais ou menos peregrinas, invenções puras e, em alguns casos, num total rejeitar do traje académico em vigor na sua academia (algo que constitui, já, outro tipo de desvio).
Se no primeiro caso se compreende essa necessidade forçada, já no segundo me parece forçado, quando o não é ridículo.


Temos tunas com fatiotas parecidas com as tunas espanholas, o que me parece, ainda assim, menos gravoso do que trajes e capas azuis ou cor de vinho, já que a cópia se faz directamente do nascente tunante (mesmo se o actual traje espanhol é produto recente, embora inspirado em panos anteriores).
Já o que também me parece não ajudar muito é o ridículo do “condomínionismo” que ocorre num já existente precedente bairrista.
Já não bastando determinada academia ter um traje académico diferente (e digo diferente em relação ao traje nacional: capa e batina), registam-se subdivisões muito interessantes e de uma criatividade ímpar. Se determinada academia tiver 5 tunas, pois todas trajarão de forma diferente, mudando ou a cor das meias, dos botões, da gravata, da lapela ou o que quer que seja (cor de curso, cor da cidade, cor disto e daquilo, tudo servindo de justificação). Não apenas se regista desvio do traje em vigor nessa academia, como se dão nuances de quantas maneiras for possível, consoante o nº de tunas que surgirem.
Por que diabo essa necessidade de aparentar?
Também não se percebe, por isso, que Tunas que representem especificament euma academia com um só traje, passem a poder envergar dele apenas partes, como o caso da UBI onde uma das suas tunas troca as calças do traje por uns calções às bolinhas brancas que também devem ter alguma explicação de natureza etnográfica.
Não se entende essa necessidade de aparentar, de mostrar que se pertence à Tuna  com isso pondo em causa a própria imagem e a imagem de todos em geral.
E já nem cito o Kilt do IADE porque aquilo nem é traje sequer, ao retakhar a capa e batina e coser-lhe peças escocesas que nada têm de académicas e muito menos a ver com a nossa cultura.

Criou-se uma tal multiplicidade de cores, ornamentos, detalhes e afins, que é preciso já um livro ou código iconográfico para se identificar uma larga fatia de tunas deste nosso rectângulo multicolor.
Já não bastando ter de decorar as cores dos cursos , ainda temos de o fazer com as tunas.
Perde-se, com isto, até, a própria noção de traje/uniforme, seu objectivo, e, a espaços, a sua credibilidade.
Aproveito esta longa reflexão para relembrar um aspecto que merece atenção: tenho lido e ouvido dizer à boca cheia que o a capa e batina foram assim criados para esbater as diferenças sociais. Até poderá ter esse efeito (que não a causa), mas nunca vi isso justificado em qualquer documento histórico. Sempre me deparei nas minhas pesquisas com capas e batinas para todas as carteiras, umas de pano mais nobre, outras menos, coletes de cores diversas (antes de ficar tudo a preto). Aliás já no tempo do traje talar vestia-se segundo as posses, a ordem eclesiástica, chegando a ser castanho,  pardo o traje de muitos estudantes...... .
O traje académico existe como modo de estandardização e padronização, mas por motivos identificativos, como imagem e identidade da condição universitária, não tanto para esbater fossos sociais, antes para diferenciar os estudantes de outras profissões ou mesteres.


No actual quadro de vazio e entendimento académico nacional, não vejo solução para a questão dos trajes académicos, o que obriga as tunas, também, a fazerem jogo de cintura e correrem, em muitos casos, atrás do prejuízo. Contudo, também estou ciente de que muitas inventaram a aparência Tuna sem qualquer outro suporte que não as sua veia estilística, algo que poderá merecer alguma atenção numa outra configuração desta comunidade, num futuro próximo.


Se não sabemos inventar decentemente, olhemos o exemplo do país vizinho e que ele nos inspire, pelo menos, o desejo de urdir um fato de tuna transversal e único em Portugal, E se este tiver de ser outro que não a capa e batina (mas que atenha como referência e inspiração, ao menos), que seja algo que identifique e dignifique inequivocamente a Tuna Portuguesa, contribuindo para a sua união, ao invés deste “carnaval tunante”.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Melodias de Requiem a Luciano Pavarotti


Com 71 anos de idade, faleceu em sua casa, rodeado pelos familiares, aquele que é considerado o maior Tenor e cantor lírico do séc. XX.

Adivinhava-se o fim, depois de detectado um cancro no pâncreas, contudo temos sempre a tendência para esperar que os grandes vultos da música e da cultura resistam e nos acompanhem sempre.

Não tenho dúvidas em dizer que ele nos acompanhará por muitos anos e que a sua voz perdurará muito depois de nós mesmos lhe seguirmos o certo caminho da sepultura.

Uma voz inigualável, a VOZ, que figura, já, no Olimpo dos grandes deste mundo.


Paz à sua alma e um reconhecimento por tudo quanto fez.

Aquilo que lhe presto o meu singelo tributo, como admirador e fã, por tudo quanto trouxe de sublime à arte de cantar....... e encantar!

sexta-feira, agosto 31, 2007

Melodias sobre a Guitarra de Coimbra

Desde há uns tempos largos que venho seguindo de perto um blogue muito especial, não por se tratar, apenas, de mais "depósito" informativo sobre Guitarra e/ou Fado de Coimbra (Canção de Coimbra, dirão outros), mas porque o dinamismo, actualidade e informação veiculadas o revestem de enciclopédia viva, de um dinamismo e actualidade que fogem ao comum. Falo, está claro do A Guitarra de Coimbra.

O ilustre Octávio Sérgio, uma figura de renome no meio, tem conseguido trazer-nos uma quantidade de factos, notícias, informações, e muito mais, com uma qualidade impressionante (quer pelo conteúdo, quer pelo rigor), tornando-se o seu blogue um repositório de inestimável valor, uma biblioteca virtual riquíssima sobre tudo quanto diz respeito à Guitarra de Coimbra, para além de, pontualmente, se aventurar noutros campos (com a mesmíssima qualidade e pertinência, diga-se).

Vale a pena o desvio e uma visita demorada!

Aproveito para, publicamente, lhe agradecer a amabilidade e ajuda que me prestou, quando o solicitei para assuntos musicais.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Notas do regresso

Bem,
regressado que estou à capital da mourama, vulgo Lisboa, depois de ter deixado para trás a bela cidade de Viseu, familiares e amigos, eis que se reinicia nova temporada. Em breve regressarei ao trabalho, daí aproveitar estes dias que restam para servirem de pré-época e entrar, assim, com menos estranheza em mais um ano de labuta.
Fica a "sôdade", porque o tempo de férias parece que mingua, porque longe da pátria serrana, longe do alfobre das memórias e protagonistas da mesmas.

A todos os que já regressaram, ou o estão a fazer, votos de um bom arranque de ano de trabalho.

quinta-feira, julho 26, 2007

Melodias da Toada Coimbra

Meia dúzia de ilustres e insígnes académicos cristalizaram 20 anos de carreira num trabalho discográfico que me chegou em mão no início deste mês.
Estou a falar do grupo de fados/canção de Coimbra, Toada Coimbrã, o qual dispensa apresentações biográficas, dado ser um grupo sobejamente conhecido e reconhecido.

Como dizia, recebi um exemplar das mãos do meu amigo Dr. João Paulo Sousa, quando aqui passou por Lisboa em trabalho, telefonando-me para irmos beber um copo e trocar dois dedos de conversa.
Falou-me deste CD com aquele orgulho e vaidade (e com razão, diga-se, que o disco esta soberbo) de quem anunciava ter mais um rebento, explicando-me, contando-me, narrando-me os pormenores, o trabalho e esforço por detrás da gravação deste "Best-Of" que vem coroar duas décadas a cantar Coimbra................ e a encantar quem os foi ouvindo.





A Toada Coimbrã já tinha em casa, em dois trabalhos discográficos, da chancela da Secção de Fados da A.A.C., de seu nome “Baladas de Despedida, anos 80”, com a participação de três grupos e onde a Toada interpreta dois temas, e o das "Baladas de Despedida dos anos 90" (onde a Toada apenas interpreta um tema, já que os grupos participantes no disco eram mais), mas este CD já era esperado na minha colectânea há algum tempoe, por certo, com muita expectativa e curiosidade.

Mas, voltando à coisa, dizer que, no meio conhecedor, se aguardava, com expectativa algo que deixasse um legado e registo para as gerações futuras.
O João Paulo já me falava disso há algum tempo, mas não havia maneira do trabalho ver a luz do dia.
Hoje, finalmente, cá está, para gáudio de todos quantos gostam e apreciam boa música, e especialmente a canção de Coimbra.

Uma óptima companhia para preencher algum do tempo livre com som de qualidade e temas belíssimos onde continuo a destacar, acima de todas as outras a Balada do 5º Ano Jurídico 88/89.

Mais do que um grupo famigerado, de fama bem merecida, a Toada Coimbrã alberga alguns académicos de referência no que concerne as Tunas, onde destacaria o meu amigo João Paulo Sousa (o “TunoGasto”) e o António Vicente, ícone e marco incontornável da história tunante, cujos poemas e músicas ocupam um lugar cimeiro do imaginário tunante nacional.
Estamos perante um grupo que fez parte da geração que impulsionou o boom tunante, que esteve na proa da cultura académica de Coimbra e foi testa de ferro na promoção das tradições académicas.

Este CD, com o título Toada Coimbrã, a própria designação do grupo, encerra, desta forma, um capítulo glorioso da Canção de Coimbra, sendo considerado pelos mais entendidos na matéria como o grupo de referência nestes últimos anos.
Soa este trabalho, também, a nostalgia e saudade, tal como parece antever o final de um ciclo, mas uma coisa é certa: ficarão até morrer (como tão bem expressa o tema da faixa 3), agora que perenizaram o seu labor e testemunho em registo áudio.

Parabéns, Toada Coimbrã, pelo caminho percorrido e fizeram percorrer aos fãs.

Boa nota pelas notas!

quarta-feira, julho 25, 2007

Notas de Outrém sobre o Blogue (I)

O Notas&Melodias mereceu simpáticas palavras e referência no prestigiado blogue tunante "As Minhas Aventuras na Tunolândia", conduzido pelo ilustre Ricardo Tavares, "Sabanda".



Por tal incentivo e atenção, retribuo com um humilde obrigado e um grande abraço.





terça-feira, julho 24, 2007

Notas sobre a Tuna e os Códigos de Praxe

Reinicio a escrita, passado todo este tempo, tomando como primeiro assunto a questão da contextualização das tunas académicas/universitárias na praxe da realidade que representam.

O assunto foi já abordado por diversas vezes no portugaltunas, bem como mais recentemente no blog do meu correlogionário Ricardo Tavares, o nosso bem conhecido e estimado "Sabanda".

Oferece-me dizer que dissociar as tunas da praxis académica é algo que tem tanto de benéfico como de pernicioso, senão vejamos o quão incoerente será falar-se de tunas académicas/universitárias que trajam capa e batina (ou "equivalente") e cujos elementos partilham de uma tradição/vivência comum e um mesmo "espaço" académico e, depois, querer fechar os olhos à implícita associação daí decorrente (até porque normal e correcta).



Se muitos dos códigos não têm referência explícita ao fenómeno tunante, não é menos verdade que os há que tiveram esse aspecto em conta. Além disso, muitos dos códigos não foram alvo de qualquer revisão perante um fenómeno que só agora começa a assentar as primeiras poeiras (criando o necessário distanciamento para ser entendido).

Mas deve a tuna ser uma realidade regulamentada como se de uma mera manifestação da praxis académica se tratasse?


Obviamente que não, nem faria qualquer sentido querer fundir aspectos que, embora se tocam e cruzam, são distintos no modus procendi e, até, na sua génese e percurso, apesar das actuais tunas terem o seu alfobre na reabilitação das tradições académicas.

No caso que conheço, porque fui legislador desse código (na UCP de Viseu), apenas se referenciavam as tunas directamente ligadas ou representativas da UCP de Viseu. Nessa altura o grupo existente (extinto há já alguns anos) era a Tuna da Associação Académica, entidade tinha uma relação de cooperação e trabalho directo com o Conselho da Praxe, daí que o código fizesse a ponte entre os vários organismos académicos, por consentimento de ambas as partes.

Assim, definia-se para as tunas da casa que observassem o traje e correcto trajar em vigor na academia, respeitassem as hierarquias em vigor (no caso em concreto era impedido qualquer rito aplicado a novos tunos que fosse equiparado ao rito próprio para caloiros - excepto se fossem caloiros em ambas as realidades - evitando-se a perda da honorabilidade e "dignidade" da condição de doutor ou veterano na praxe).

Sentiu-se, na altura, a necessidade de distinguir o que era rito para caloiros daquilo que eram ritos de iniciação nas tunas, salvaguardando, nomeadamente, a repetição ou os casos menos bonitos de ver doutores ou veteranos na praxe submetidos a actos pouco dignos da sua condição.
Para além disso, eram dadas as normais beneces aos caloiros que entrassem na tuna (isenção de praxe nos tempos de ensaio e actuação, excepto por elementos do Conselho de Praxe em caso de dolosa violação do código - e em que não houvesse intervenção de mais ninguém), para além da lei de protecção de instrumento (conquanto provasse saber executá-lo).

[Episódio curioso (em jeito de aparte) é que essa tuna foi extinta por decisão da reitoria, depois de ter sido consultado o conselho de praxe (que já tinha intervindo e admoestado o grupo por "delitos" anteriores) por esta. Algumas posturas e atitudes dos seus elementos de então puseram em causa o bom nome e prestígio da universidade local, da praxe e dos costumes académicos, pelo que foi retirada a autorização de representar a academia e de no seu espaço funcionar como instituição (e que teve o apoio, também, da associação académica da altura -1999)].


Julgo que é o que deve tender a existir: um respeito pela praxis de cada academia, pelo seu código, mas respeito também pelo espaço "tuna" e sua própria forma de viver essa condição.

A Tuna não é burgo que não deva prestar contas a ninguém em termos de praxis, porque tem o dever (pelo menos moral) de uma conduta coerente com a academia de que é oriunda, mas também não é seara dos conselhos de praxe onde estes possam lavrar a seu belo prazer, como se de uma vulgar trupe de tratasse.

Ainda assim, convirá recordar que um tuno estudante deve lealdade, em primeiro lugar, à praxe e ao código da instituição que o acolhe (ou, visto de outro prisma: na qual ingressa), pois é a condição de académico, em primeira instãncia que lhe confer eo estatuto necessário para, posteriomente, usufruir da condição de tuno numa tuna académica/universitária.

Assim, mesmo tratando-se de realidade distintas (mas não desconexas), só depois deve essa fidelidade à tuna.

No caso dos antigos estudantes, por certo que só á tuna devem contas e por eles responde a tuna institucionalmente no que concerne ao respeito pelas tradições.

Se as tunas representam uma realidade que as diferencia de outras tunas (das populares, por exemplo), então devem traduzir no seu modo de ser e estar esse respeito e vivência da praxis, nomeadamente (e quase resumidamente), ao correcto uso do traje, conforme determinado na sua academia.

Ainda fazer notar que julgo descabidos alguns ritos tunescos que reproduzem e repetem práticas que têm lugar nos ritos de iniciação ao caloiro, aquando da sua entrada na faculdade. Alguns desses ritos ou práticas tunantes acabam por tornar ridículo esse acto (porque copiado ou retirado de um contexto que não é origialmente seu), dado não serem uma tradição de tuna, mas uma cópia (às vezes barata), em detrimento de usos mais criativos e apropriados a uma tuna

Basta, por exemplo, perceber a forma como alguns novatos ou caloiros das tunas são (mal)tratados (alguns deles nem sequer novatos na vida académica), num puro exercício de sadismo e falta de bom gosto que não dignifica nenhuma das partes.

E nisso ajuda a confusão que depois se faz entre praxe e tunas.

Por certo que o meu leitor me chamará a atenção para o que sucedeu no boom tunante de finais da década de 80, em que os grandes dinamizadores da praxe e das suas academias eram também os mesmos impulsionadores e "timoneiros" das tunas que se iam criando .
Mas se houve muita "terra de ninguém" e a necessidade de, num primeiro momento, pedir a praxe emprestada para dar contornos de alicerce legitimador às tunas, também já vem sendo tempo de emancipar as tunas e terminar o empréstimo que mais não foi do que uma renda paga de algo que, no fim do contrato, volta a seu dono ficando as tunas com..................... (eis a questão: com o quê?).

Os ritos e praxe nas tunas precisam de ser melhor compreendidos e pensados, retirando-lhes os aspectos que nada têm a ver com elas, deixando apenas o pertinente e promovendo uma cultura própria, mesmo que influenciada ou adaptada na sua génese (até porque se corr eo perigo, nos antípodas, de inventar gratuitamente práticas ainda mais ridículas). Ver tunas que dão autênticos shows de praxe como se de um circo de rua se tratasse é mais um pálido contributo para a imagem deste fenómeno e, ainda mais, para o da praxe e estudante universitário.


Muitos profissionais liberais regem-se por um código deontológico próprio, sem que tal substitua a obrigação de respeitar as regras do civismo e boa educação que a todos dizem respeito enquanto, antes de mais, cidadãos.

Do mesmo modo os tunos devem observar a tradição e respeitar os códigos e praxe em vigor, sem que isso entre em conflito com o seu próprio "código deontunológico", enquanto cidadão académicos e, também, tunos.

Diria que estas questões seriam de deixar ao bom senso de cada um, mas está provado que cada um se acha dono do mesmo e seria continuar tudo na mesma (com indícios, até, de piorar).
Daí que vejo a necessidade de Conselhos de Praxe e Tunas se sentarem à mesma mesa e conversarem, pois é a falta de diálogo que foi dando aso a muita confusão e equívocos.

Para terminar, dizer que mal vai a procissão quando o sacristão tem de fazer as vezes do Padre; mal vai pois a praxis e tradição académicas quando se propala que as tunas é que devem promover o revivalismo e as tradições académicas, substituindo-se a quem de direito, vestindo um mesmo traje para dois ofícios distintos, mesmo que, usualmente, concomitentes.

Com efeito, há que dar a César o que dele é, deixando de misturar alhos e (bo)galhos.

Já muito li de gente bem intencionada a afirmar que se deve às tunas a continuidade das tradições, da praxe, do uso do traje ....... e que elas devem assumir esse papel promotor e, até, serem protagonistas da mudança, por manifesta falta de competência e atitude dos conselhos de praxe. Mas uma coisa são as medidas individuais ou de grupo, outra é confundir associação de pessoas com a instituição tuna, mesmo se têm intervenientes comuns.

Se as academias sofrem dos problemas que todos conhecemos, se a culpa pode ser dividida entre os factores sociais, culturais educacionais, somando a inaptitude dos muitos conselhos de praxe há, contudo, que separar as águas.
As tunas devem preocupar-se com elas mesmas, porque muito têm que fazer, porque também elas a braços com muitos problemas (e nisso deveriam, até, ter o discernimento de aprender com o exemplo da praxe, cujos actuais problemas afectam, também, as tunas).

A cooperação e colaboração é imprescindível e benéfica para ambas as partes 8e deveria ser algo comum em todo lado), mas uma coisa é esse relacionamento amistoso e fraterno, outro é substituir-se, confundir, emiscuir e desvirtuar, trocando as voltas e só ajudando a por do avesso aquilo que mais ou menos torto estava.

Há uma coisa que muitos se esquecem, infelizmente, mas deveriam colocar no postulado: o dever de viver a cidadania académica de forma interventiva...........que deixe obra feita.

domingo, maio 27, 2007

Notas sobre a Serenata da Queima de Coimbra















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Não irei tecer considerandos, nem urdir qualquer apontamento histórico ou sociológico. Apenas o deleite de algumas imagens, recolhidas na Net, que falam por si.


Pena é ver, cada vez mais, gente que la vai fazer turismo, sem traje............e sem respeito!







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sábado, fevereiro 03, 2007

Notas livrescas sobre Tradição Académica

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Dois títulos que poderão se rdo interesse de quem estuda, ou quer saber algo mais, sobre praxe e tradição académicas, nomeadamente em Coimbra.


Academia de Coimbra 1537-1990: Historia. Praxe. Boemia e Estudo. Partidas e Piadas.

Organismosacademicos, A
Lamy, Alberto Sousa
Editor: Rei dos Livros
Nº Edição: 2
Ano de edição: 1990
Local de edição: Lisboa
Número de páginas: 865
ISBN: 3530590



Coimbra e a Delinquencia Estudantil ( 1580-1640)



Braga, Paulo Drumond
Editor: Hugin
Nº Edição: 1
Ano de edição: 2003
Local de edição: Lisboa
Número de páginas: 125
ISBN: 972-794-207-5
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