quinta-feira, novembro 12, 2009

Melodias Plagiadas (Esclarecimento)

Um "Fait divers" que não queríamos deixar de dar a conhecer, por tudo quanto de pedagógico possa ter para quem detém blogues e trabalha honestamente.

No passado dia 9 deste mês (Novembro), o blogue "pedroflaviano" apresentou um texto que versava sobre o nosso bem conhecido, e estimado, António Vicente.

Esse texto chegou-me ao conhecimento por interposto blogue, a saber o Toada Coimbrã que, no dia seguinte (dia 10), reproduz a notícia da publicação desse texto (transcrevendo-o).
Qual não é o espanto quando o Notas&Melodias se apercebe que esse mesmo texto é cópia, quase integral, de um artigo por si publicado em 2007, sem referência a qualquer fonte!!!!!

Ou seja: http://notasemelodias.blogspot.com/2007/10/panegrico-antnio-vicente.html


O plágio era (e é) evidente, sendo a foto utilizada pertença do acervo pessoal do Notas&Melodias (a qual está recortada em torno do Vicente, pois que a original tem-me, a mim, a seu lado).

Prontamente dei conta do sucedido ao blogue Toada Coimbrã (cujo redactor é, como saberão, meu amigo pessoal), através de um post e de contacto directo.
Fique, desde já, claro que não se imputa qualquer responsabilidade ao blogue da Toada ou seu redactor, nem fica qualquer azia, embora este pudesse ter, quiçá, reeditado o artigo, e antecedido a publicação do texto com uma nota a dar conta do plágio.

O mesmo sucedeu com o autor do plágio, o tal "Pedro Flaviano", também via post (que não publicou, está claro!) e via mail (de cujo conteúdo, mais abaixo, dou conta).

Isto para dizer que pior do que uma distracção ou uma falta de cuidado, houve manifesta má-fé e tolhimento intelectual do dito "Pedro Flaviano", que não apenas se recusou a reconhecer o seu ilícito, mas ainda insulta o autor do Notas&Melodias., em pueril atitude e sobranceria.
Contas feitas, o dito senhor acabou por retirar o texto plagiado (vá-se lá saber porquê!?!), achando, deste modo, que isso faria esquecer o sucedido ou o poria a salvo de, pelo menos, da denúncia pública do seu ilícito.

Ficam, aqui, as imagens dos mails trocados entre esse "senhor" e o Notas&Melodias, para que possam, deste modo, ajuizar sobre a idoneidade e carácter (ou ausência destes, neste caso) do autor do blogue "pedroflaviano", cuja prática do plágio não se restringiu a este caso, mas se encontra em diversos outros artigos "seus", prejudicando e desrespeitando o esforço intelectual, rigor e excelência de outros - porque assim é fácil encher blogues.





Contra factos não há argumentos.
É fácil vender uma imagem de honestidade à custa da exploração do trabalho alheio - esse sim feito com honestidade e seriedade, mas o azeite vem sempre à tona (e nessas alturas se vê quem é quem)!

Quid Juris?

terça-feira, outubro 06, 2009

Notas à Diva do Fado



Assinalam-se, hoje, 10 anos sobre o desaparecimento de Amália Rodrigues, a personificação do Fado e a maior das divas lusas.
Não conseguindo obter (para aqui colocar) a gravação do "Fado Amália", cantado à capela pelo Coro dos Antigos Orfeonistas da UC, aquando da transladação do seu corpo para o Panteão Nacional, fica uma versão mais modesta pelo Chorus CSD de Lisboa, em jeito de singela homenagem.


quinta-feira, setembro 10, 2009

Notas Extraídas I

Desta feita, o Notas&Melodias decide contemplar um artigo interessantíssimo, publicado hoje no consagrado blogue "As Minhas Aventuras na Tunolândia".
Um artigo de opinião que expressa uma reflexão que partilho e subscrevo integralmente e deverá, quanto a mim, merecer a atenção dos tunos e tunas da nossa praça, para devida introspecção:



A Aventura da Militância...

 
Numa altura em que o folclore iconográfico/político está no seu auge - para desespero do comum mortal ... - assalta-me uma questão á mente que, de certa forma, já aflorei ao de leve anteriormente em algumas "aventuras" mas que nunca teve direito a uma mais aprofundada, digamos, análise: a militância tunante. Mas afinal, que é isso da militância tunante?


Passo a explicar: entenda-se a militância tunante, aqui, como o exacerbar à ultima consequência a defesa in extremis da sua Tuna, da Tuna de cada um de nós, ou seja, aquela coisa tão tribal quanto romanticamente emocional. Não falo - por ora - da militância tunante pela causa comum, pela Res Tvnae, que essa conversa dará para muita reflexão e escrita, até porque causa maior.

 
Mas vamos ao mais comezinho: A militância tunante a que chamo baixa militância tunante, para ficar mais claro. A sua génese é remota e, por si só, serviria para explicar muito do que justifica, aparentemente, essa baixa militância tunante. No "boom" de idos dos anos 80, inícios de 90, essa militância tunante teve o seu auge precisamente porque a Tuna foi o "braço armado" do exacerbar de cada Casa de Altos Estudos, uma espécie de "brigadas negras" de "elite" de um nome, entroncando com o ressurgir das Tradições Académicas e da Praxe que até então estavam hibernadas. Nessa altura - e porque o contexto universitário, académico, praxista e até mesmo social da conjunctura de época o originaram e alimentaram - cada Tuna era uma espécie de Euskadi Ta Askatasuna - ou seja, ETA - de cada Universidade, Faculdade ou Instituto Superior, numa lógica perfeitamente bélica onde as armas eram bandolins e violas, as bombas eram prémios e a Calle Borroka era o Cortejo, mais coisa menos coisa. Ou seja, cada Tuno era simultâneamente Tuno e guerreiro da "sua" universidade, faculdade ou instituto, sendo que a Tuna era "usada" como forma previlegiada de militância exacerbada, onde o contacto com os restantes que não os seus eram pontuais ou justificáveis por força de circunstâncias especiais - apadrinhamentos, irmanamentos e pouco mais.

 
O isolamento a que se vetavam esses guerrilheiros tunantes originou uma fórmula que a prazo se veio a revelar altamente prejudicial ao todo, à Tuna em sentido lato. A fórmula em questão diz-nos que "eu faço bem, tu fazes bem. ele faz bem e nós fazemos todos....mal". Ou seja, na defesa militante exacerbada do que era nosso esquecemo-nos todos daquilo que era afinal de todos: a Tuna. Mea Culpa que nessa época era um miudo...

Hoje essa baixa militância tunante é cada vez mais absurda, desadequada aos tempos e contextos que correm e mais, mesmo no seio tunante, desprovida de qualquer lógica excepto uma: o orgulho. De se ser da Universidade X ou Faculdade Y ou Instituto H. Mas o orgulho em se pertencer a algo nada tem a ver com a baixa militância tunante de antes, olhando para o seu umbigo e polindo-o, elegendo os outros Tunos e Tunas como inimigos, do outro lado da barricada quando, afinal, se constataria depois que não há barricada alguma entre Tunos. O auto-polimento do ego tunante de então - e hoje pode-se dizer - foi altamente prejudicial ao todo do fenómeno a prazo, que ainda hoje deixa marcas e mostra a sua natureza, de quando em vez, em certos e determinados casos/situações felizmente cada vez mais pontuais.


Deriva de todo este contexto histórico também a forma como a Tuna em Portugal foi evoluíndo (!!??) por oposição ao fenómeno espanhol. A nossa heterogeneidade inter-tunas deriva também dessa baixa militância tunante, onde a procura da diferenciação a todo o custo - visual, estética, musical, etc - resulta precisamente na vontade exacerbada de representação guerreira do "seu" e não preocupada de todo com o que é de Todos. Poder-se-á afirmar que paradoxalmente foi precisamente o atrás dito que catapultou a qualidade das Tunas nacionais. Mas não me restam dúvidas que em Espanha a rivalidade inter-tunas é muito mais diminuta do que a que por cá se passa, o que não deixa de ser curioso tendo Espanha mais Tunas que nós.

Duas décadas depois poder-se-á dizer que está na altura de dar a vez à Alta Militância Tunante por até absurdo actualmente misturar-se orgulho com altivez. Casos há de Tunas nacionais que desmancham somente pela sua génese e formação o conceito de baixa militância tunante e curiosamente com sucesso o fazem. Não faz sentido algum que actualmente o Tuno misture conceitos quando tem hoje em dia todos os dados na mesa, perfeitamente delimitados e actuais, que indicam um caminho de maior aproximação inter-tunas, de troca de experiências, de tolerância, de abertura. Hoje em dia Tunas que se fecham em si mesmas estão na ante-câmera de um valente trambolhão existencial.


Há que dar primazia ao todo, ao conjunto do fenómeno, com abertura de espírito e menos espírito guerreiro - de que os festivais competitivos são catalizadores - potenciando intercâmbio, diálogo, se quiserem glastnost, ou seja, desanuviamento inter-tunas. Saí hoje a Tuna da idade do armário e vai a caminho da maioridade ou mesmo nela está. Resta a maturidade. E essa começa por todos nós, que deveremos procurar a Alta Militância Tunante para bem da Tuna portuguesa.
 
in http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/2009/09/aventura-da-militancia.html

quarta-feira, julho 29, 2009

Notas sobre a Origem das Insígnias de Praxe.

Nestas coisas de estudos e pesquisas sobre o fenómeno tunante e as tradições académicas, acabamos, indubitavelmente, por nos cruzarmos com outros estudiosos, trocando impressões e, como é este o caso, pedindo informações e ajuda para esclarecer alguns pontos que, manifestamente, não conseguimos responder em todo o rigor.
 
António M. Nunes é um historiador, distinto investigador das tradições académicas, que detém um dos blogues mais ricos e documentados da blogosfera, a saber o Virtual Memories . António Nunes tem também alguns belíssimos textos no blogue do distinto Octávio Sérgio, Guitarras de Coimbra, com quem tem colaborado sempre que pode.

 Desta feita, é o Notas&Melodias que tem o privilégio de publicar um texto do António Nunes, dados e informações que o blogue solicitou ao insígne investigador, para responder às dúvidas que rodeiam a história das insígnias de praxe (toda a gente sabe quais são, como são e se usam, mas poucos, ou quase ninguém, saberiam a origem e contexto do seu aparecimento).

Deliciemo-nos com este momento de puro deleite intelectual. Estou seguro que muitos académicos e curiosos se sentirão gratos por finalmente se fazer alguma luz sobre o assunto.
 
Ao amigo António M. Nunes, desde já, o meu penhorado agradecimento pela colaboração.
 

"As Insígnias da Praxe Académica na Alma Mater Studiorum Conimbrigensis
 Dados sobre um percurso patrimonial obscuro

 
As chamadas “insígnias da praxe académica” ocupam um lugar de relevo na cultura estudantil universitária conimbricense e povoam diversos campos do imaginário simbólico e da identidade visual escolar.
No crepúsculo da primeira década do século XXI existem códigos de praxe em praticamente todos os estabelecimentos de ensino superior universitários e politécnicos, na maior dos casos decalcados na ossatura e conteúdo do Código da Praxe Académica de Coimbra de 1957. Os articulados dessas codificações consagram colheres, mocas e tesouras, sem que neles conste expressa menção ao fenómeno de imitação e apropriação da criação simbólica e patrimonial dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC), ao invés do que recomendam a UNESCO e as leis de protecção do património material e imaterial.

 
Quem se der ao trabalho de consultar os cartazes da Queima das Fitas galardoados na década de 1990, os rostos das sucessivas edições novecentistas do Código da Praxe de 1957 e do Palito Métrico, os brasões de armas das repúblicas de estudantes, o emblema oficial do Conselho de Veteranos da Academia de Coimbra (CVAC), colecções fotográficas (postais ilustrados, interiores de quartos de estudantes), ou os notáveis programas em verso das festividades oitocentistas da Festa do Ponto/Queima das Fitas, será surpreendido com um manancial iconográfico de incomensurável riqueza artística, que testemunhando vivências e emoções continua por estudar.


 
A colher de pau, a moca e a tesoura, figuradas em leque semicircular, por influência das representações militares, aristocráticas e eclesiásticas, constituem a heráldica oficial do Conselho de Veteranos da Academia de Coimbra, do Conselho de Repúblicas, da República Baco (sobre a pipa de Baco), da República dos Kágados (junto a penico e cágado), da República dos Galifões (junto ao galo de Mercúrio), da República dos Fantasmas (junto a penico, torre da UC e fantasma), da extinta República Pagode Chinês (com pagode, mandarim, Palito Métrico e torre da UC), da extinta República dos Paxás (com torre da UC e paxá em tapete voador), da República do Prá-kys-Tão (sobre cenário com mastro, pendão, árvores e estudante em balouço), e República Palácio da Loucura (brasão com torre da UC, viola e guitarra, garrafa de Baco e elmo etílico).

 
A colher, a moca e a tesoura, conjugadas com a torre da Universidade serviram de logótipo ao cabeçalho do jornal académico O Ponney.

 Relativamente a antigos programas impressos da Festa do Ponto (ou das Latas, ou Queima das Fitas), podemos encontrar alusões escritas à presença de mocas, colheres e palmatórias em carros alegóricos de tracção animal nos seguintes documentos:

 - Programa da “Brilhante Ruidosa Função ao ar livre”, de 20 de Maio de 1880, refere “mocas”;
- Programa “Aos Juristas Irmãos da Confraria das Latadas”, de 27 de Maio de 1887, refere “guarda-costas com as mocas direitas bem postas”;
- “Aos Juristas”, de 26 de Maio de 1888: “Irão vinte alabardeiros/Seguidos d’outros tantos caceteiros; A moca, a thesoura, a palmatória/Monumentos supremos de glória”;
- “Programma das Latadas”, de 24 de Maio de 1891, dele constando “À frente formarão os caceteiros/Com mocas, adufes e pandeiros”;
- Programa “Aos Juristas”, de 26 de Maio de 1894: “Depois o Júlio da Rocha/Levando a maça na mão/Maçará a humanidade/Sem dela ter compaixão”;
- “Programma das Latadas”, de 27 de Maio de 1896: “É declarado incapaz, e recusa-se a emancipação, ficando sob a tutela da Palmatória e a curatela da Moca a todo o caloiro de direito (…)”;
- “Verdadeiro Programma das Latadas”, de 1 de Junho de 1898: “Aos lados formarão os guarda-costas/Com as mocas direitas e bem postas”;

“O Novo Programma das Latadas”, sem data, de 1 de Junho de 1899 (??), “Às mocas, caloiros, mil grupos formar”;
- Programa da “Latosíadas”, estrofe X, de 1901: “Vereis um trem ornamentado/Com colheres, com mokas e thesouras”.

 Quanto a postais ilustrados de finais do século XIX e início do século XX merecem referência:

 - um postal de 1899 relativo aos festejos estudantis do Centenário da Sebenta, com palmatórias, tesouras e mocas dispostas em moldura;
- uma edição de 1905 relativa ao estudante boémio e trupista Diogo Polónio, fotografado em estúdio com instrumento de sopro, colher, moca e tesoura (reprodução em AMN, A Alma Mater Conimbrigensis na fotografia antiga, 1990);
-u m postal desenhado por João Amaral para os festejos da Queima das Fitas e Enterro do Grau de Bacharel de 1905, intitulado “A dor da Moca”. A velha arma surge antropomorfizada, cabeça coberta por borla doutoral e rosto caricatural choroso, cena completada pelos dizeres “A velha moca assassina/De muito gato matreiro/Ao saber a estranha nova/Sente um pesar verdadeiro”;
- postal de João Amaral, alusivo à Queima das Fitas e Enterro do Grau de Bacharel de 1905, cujo título é “Preito d’um caloiro”, apresenta um caloiro tosquiado e choroso, ajoelhado à beira de um túmulo, com cabeleira postiça na mão e tesourão debaixo do braço (criações de João Amaral reproduzidas em Diamantino Calisto, Costumes académicos de antanho, 1950).

 
Ilustração da capa da partitura de Nicolau Rijo Micalef Pace, ao tempo, segundanista da Faculdade de Teologia.
Coimbra, Typ. Minerva Central, 1898



 Qual a origem e significado das insígnias dos praxistas e trupistas conimbricenses, artefactos confeccionados em madeira e metal, ora idolatrados pela sua profunda dimensão sacral e litúrgica, ora execrados desde o Iluminismo setecentista como símbolos da repressão, atavismo cultural e violência obscurantista?

 Retomaremos aqui, naquilo que for aproveitável, alguns estudos anteriormente publicados pelo signatário, como sejam “As insígnias maiores da praxe” (in DC, 13.05.1989), “Da tonsura praxística e outras sanções” (in DC, 9.01.1990), “Troças e investidas de novatos” (in DC, 15.08.1989), e “As praxes académicas de Coimbra. Uma interpelação histórico-antropológica” (in Cadernos do Noroeste, Volume 22, Braga, UM, 2004).

 

 


MOCA: não se sabe com rigor quando é que a moca de madeira foi adoptada pelos alunos da Universidade de Coimbra. A moca tem origem pré-histórica. Na sua qualidade de arma de caça, arma de defesa e bastão de mando, foi usada pelos grupos de caçadores recolectores, tendo passado mais tarde para as comunidades agro-pastoris do Neolítico. Em Portugal, sob diversas formas, sobreviveria nas comunidades populares tradicionais e na Academia de Coimbra até ao século XX.

Na sua origem, a moca era uma espécie de bastão troncónico, com cerca de um metro de extensão, mais estreito na base e a alargar na direcção da cabeça. Tinha a morfologia de uma maça, quase sempre sulcada de nódulos ou picos e servia sobretudo para caçar animais de grande e médio porte, chacinar adversários e esmagar ossos. As mais resistentes e duráveis eram cortadas ainda verdes e afeiçoadas em fogueiras, ganhando acrescida capacidade de resistência ao desgaste provocado pela água, fogo e amplitudes térmicas.

 É deste tipo a maça do herói grego Hércules, sucessivamente figurada em vasos cerâmicos e esculturas. Nos séculos XIX e XX a maça ou clava de Hércules chegou a ser erradamente representada em trabalhos escultóricos cujo tema era a Fortaleza, quando o símbolo desta alegoria é uma coluna arquitectónica.

Na Idade Média, as maças de tipo bastão originaram um novo tipo de arma usada em contextos militares e logo adaptada como símbolo dos poderes monárquico, académico, papal e episcopal, a maça de ferro com cabo cilindriforme e cabeçorra de picos robustos, usada para esmigalhar elmos, armaduras e ossos. Transformada em artefacto artístico, a maça militar rapidamente foi apropriada pelas universidades europeias e transformada nas maças que os bedéis carregavam na frente dos reitores para simbolizar a autonomia de cada Faculdade. Conhecem-se derivação desta apropriação nos parlamentos, câmaras municipais, casas eclesiásticas, irmandades e confrarias, catedrais e sinagogas. Da maça militar medieval terá nascido a moca, arma de madeira usada pelos camponeses que os senhores convocavam periodicamente para a guerra. Como é sabido, os camponeses arregimentados não tinham direito aos cavalos, armaduras e armas de metal dos senhores, adoptando quase sempre alfaias agrícolas (foices, gadanhas, machados, picaretas). As mocas, de diversa envergadura, podiam ter cabos longos, charolões repletos de nódulos ou mesmo picos de ferro cravejados. Volteadas no ar, provocavam ferimentos dolorosos e desvastadores.

 As mocas portuguesas mais conhecidas são as de Rio Maior, de cabo curto, charolão compacto e cravejado de pregaria. As de tipo conimbricense não obedecem a um tamanho padronizado. As mais apreciadas eram obtidas a partir de troncos nodosos e de raízes. Ao contrário da Moca de Rio Maior e das maças militares, a moca académica coimbrã não podia ter pregos, picos eriçados, cabeça redonda ou oval lisa.

 Curiosamente, nas comunidades tradicionais portuguesas, a moca não foi a arma mais utilizada pelos camponeses. Foi antes o pau ferrado, bordão ou varapau, que os camponeses exibiam invariavelmente em feiras, romarias e deambulações entre aldeias. Alguns paus ferrados tinha ponteira de metal ou aguilhão, servindo simultaneamente para picar o gado bovino e cavalar. O pau era usado em rixas masculinas individuais, combates entre aldeias, jogos rituais e condução do gado. Exibido com garbo, conferia respeitabilidade ao camponês, na medida em que imitava a vara do mando usada pelos mordomos de confrarias, vereadores municipais, juízes de direito e oficiais da Universidade de Coimbra. O pau ferrado foi muito usado pelos estudantes de Coimbra até finais do século XIX, em caminhadas ao Buçaco, Condeixa e Figueira da Foz, brigas entre estudantes e futricas, charivari alegórico de fim de ano e combates rituais no Largo da Feira. Porém, não chegaria a ser convertido em símbolo de práticas praxísticas.

Tudo indica que o uso da moca de tipo académico remonta às origens da universidade. Para a intensificação do uso terão contribuído as continuadas medidas proibitivas emanadas do poder régio e reitoral que puniam severamente o porte de espadas, punhais e armas de fogo em contextos extra-militares.
Na cultura popular e escolar a moca está directamente associada à virilidade. A sua anatomia fálica remete para o pénis erecto e diversos vocábulos populares expressam em vernáculo a ideia de coito, como “mocar” e “dar uma mocada”. Em sentido algo contrário, assinala-se a expressão “estar com uma grande moca”, isto é sonolento ou entorpecido, analogia que remete para o desequilíbrio entre a cabeça e o cabo da moca. Outros termos regionais contíguos são “porra”, “porrada”, “porro”, “porrete”, “porretada” e “cacete”, alguns deles com sentido fálico explícito tanto na cultura oral portuguesa como na brasileira.

 Usada indistintamente por alunos de todos os anos dos cursos, a moca chegou à entrada do século XX como arma pessoal de defesa, arma de caça e bastão de poder dos veteranos. A moca era considerada artefacto sagrado. Era habitualmente guardada pelos académicos nos seus quartos de dormir, dependurada nas paredes e arrumada debaixo dos catres. Em situações de arruamento era escondida sob a capa ou em bolsos fundos da batina. Podia transportar-se suspensa do pulso, uma vez que o cabo era perfurado e comportava correia de couro ou cordão.

 Eis alguns contextos vivenciais académicos que proporcionavam visibilidade à moca:

 
-c açadas clandestinas a capoeiras existentes na cidade de Coimbra;

- batidas às ruas do Bairro Latino para caçadas a gatos que depois eram estufados pelos grupos “gaticidas”;

- participação em caçadas nos campos dos arredores da cidade;

- cortejos alegóricos das festividades de encerramento do ano escolar, conhecidas por Caçoada do Ponto, Festa do Ponto, Festa das Latas, Latadas e Queima das Fitas, onde mocas de grande porte eram exibidas a pé e em burro por estudantes que parodiavam archeiros e guardas de honra, ou mesmo em carros alegóricos engalanados para o efeito;
- rituais punitivos ligados à iniciação de caloiros tanto na Universidade como no Liceu de Coimbra, onde os alunos novos ou novatos eram identificados com terminologia zoófila como bichos, bestas, carneiros, touros e tourinhos;
- símbolo antitrupista. Neste caso peculiar, a moca é vista como um troféu de guerra, apreendido em refregas nocturnas entre trupistas e antitrupistas.

 
A partir da década de 1890 vários foram os liceus que importaram a moca usada na Universidade de Coimbra. No Minho, os alunos dos Liceus de Braga, Guimarães e Viana do Castelo chamavam-lhe “a macaca” e praticavam um ritual de iniciação de caloiros chamado “beijar a macaca” (António Nóvoa e Ana Santa-Clara, Liceus de Portugal, 2003, pp. 136 e 765). Este ritual era uma paródia ao compasso pascal que corria as casas e levava a beijar a cruz, dando os alunos mais velhos a moca a beijar aos caloiros. Na cultura académica coimbrã, o único objecto que podia substituir a moca era um fósforo.

 
O bastão do poder é um símbolo transcultural e trans-territorial, assinalado na Índia, na China, na cultura agrária portuguesa, nas monarquias mediterrâneas e nas civilizações da Suméria, Egipto e Grécia clássica, quase sempre na sua forma de báculo ou vara alta. Considerando o quanto a cultura académica coimbrã está povoada de sinais da mitologia greco-romana, o bastão acorre ainda na qualidade de símbolo da Faculdade de Medicina (bastão de Esculápio, com serpente), da Faculdade de Economia (caduceu ou bastão de Mercúrio com duas serpentes), e Faculdade de Desporto (Júpiter com a vara encimada por águia, em louvor de quem se faziam os jogos Olímpicos). Insígnia tutorial, o bastão ocorre como símbolo da autoridade e prestígio do mestre no acto de iniciação do discípulo. Nas universidades espanholas, os reitores usam desde 1850 a cana ou bastão. O bastão de prata é também a insígnia do Mestre-de-Cerimónias da Universidade de Coimbra.

 Partir o bastão ou a vara em linguagem cerimonial significava ratificar a morte de uma autoridade ou dignitário. Era o que faziam os vereadores portugueses nas exéquias solenes por morte do rei (quebra dos escudos) e o grão-mestre francês quando os monarcas faleciam.

 
 
 
TESOURA: a tonsura de caloiros é praticada na Universidade de Coimbra desde praticamente as origens. Não caberia à Universidade de Coimbra a invenção desta prática punitiva, que já se encontrava instituída pelo Direito canónico e pelo direito criminal peninsular. De acordo com o Direito canónico eram obrigatoriamente tosquiados os clérigos que tomavam ordens sacras e também os membros do clero regular ou monástico. Em vários forais municipais portugueses achava-se consagrada a pena de tonsura dos traidores e mulheres adúlteras. Os falsos traidores podiam ser publicamente tosquiados e achincalhados, pena que os franceses aplicaram em 1945 às mulheres acusadas de colaboracionismo com os ocupantes nazis.

Uma das aplicações de sanções à mulher adúltera consistia na tosquia dos cabelos, seguida do desfile escarranchada em burro, com o rosto voltado para o rabo do jumento e sujeição a escárnio público. Sujeito a idêntica pena podia ser também o sedutor ou amante, se apanhado em flagrante.

Uma estrofe do Cancioneiro de Rezende alude a esta prática enraizada: Por fazer coisa enovada/Ireis o revés da sela/Ó rabo mui bem pegada/Escarranchada, faça quem quiser burrela. Nos trava-línguas infantis portugueses, o corte de cabelo mal alinhavado pelo barbeiro era assim representado: Quem te tosquiou/Que orelhas te deixou/Por detrás e por diante/Como o burro do Vicente?!

 A tesoura usada pelos adeptos da tonsura só muito tarde, após a Revolução Republicana de 5.10.1910, é que começou a apresentar pontas redondas, graças ao triunfo de medidas securitárias. Durante séculos, o que os tosquiadores usavam eram os tesourões da tosquia do gado lanígero, ou na falta delas as tesouras dos alfaiates que eram de tamanho avantajado e pontas bicudas. Como as tesouras da tosquia não tinham as hastes fixas a um eixo, até finais do século XIX a literatura académica e os processos disciplinares fazem eco de ferimentos e golpes no couro cabeludo dos tonsurados.

Os ferimentos provocados no couro cabeludo dos sancionados em trupes e graus não resultavam apenas da falta de perícia provocada por situações de embriaguez. As sevícias eram agravadas por certos tipos de rapanço autorizados (em particular os ad libitum ou plenos, os secundum praxis, em que cada executor dava um golpe a menos que o presidente, e os de desenho artístico “à Santo Antoninho”, com letras e falos erectos).

 Considerada acto bárbaro e arcaico, a tonsura foi abolida no rescaldo da Crise Académica de 1969 e retomada nos finais da década de 1970, sempre como ritual masculino. Em Maio/Junho de 1969 a pena de rapanço seria praticada por membros dos piquetes grevistas em alunas que furavam a greve e tentavam fazer exames. A partir de 1987 surgiram em Coimbra trupes femininas que praticaram tonsura simbólica.

 Em situações raras, a pena de rapanço foi aplicada pelos académicos de Coimbra a figuras externas que se considerou terem ofendido gravemente a Academia.

 Fortemente criticada desde o Iluminismo, a tonsura seria adoptada no século XIX como um mecanismo ligado aos ideais da higienização, ordem, disciplina e regeneração. Assim aconteceria em relação aos mancebos incorporados nos quartéis militares, aos mendigos internados em asilos, aos menores institucionalizados nas casas de detenção e correcção, aos presos nas cadeias penitenciárias e aos doentes mentais entregues aos hospícios psiquiátricos, instituições onde os internados eram alvo de rituais de despojamento e morte simbólica.

 
 
 
 

 PALMATÓRIA: a palmatória foi o mais importante instrumento punitivo usado pelos veteranos da Universidade de Coimbra até à Revolução de 1910. Intimamente associada às imagens disciplinares do ensino da gramática e primeiras letras pelos mestres, a chibata e a palmatória em formato de espátula ocorrem na iconografia medieval como símbolos de um dos saberes das Artes Liberais, a Grammatica.

O ensino à base da memorização, disciplina e obediência à autoridade do mestre ficou longamente associada aos colégios da Companhia de Jesus, onde se usava a palmatória, abolidos pelo Marquês de Pombal em 1759.

 
Este instrumento disciplinar esteve em uso em Portugal nas escolas de instrução primária, colégios e seminários católicos até meados do século XX. Conhecida na gíria escolar por “Santa Luzia” e “Menina dos Cinco Olhos”, a palmatória apresentava cabo curto trabalhado em torno de marceneiro e pá circular com cinco perfurações. Era chamada “Santa Luzia”, uma vez que a sua forma lembrava a bandeja onde Santa Luzia exibia ante os crentes os olhos que lhe haviam sido arrancados no martírio.

Até 1910 a palmatória é abundantemente referida na literatura coimbrã e aqui e ali nos processos disciplinares da Polícia Académica como o instrumento mais utilizado na aplicação de palmatoadas, boladas ou “bolas” nas palmas das mãos. Palmatórias havia que tinham uma face coberta de couro e outra esculpida. Os furos funcionavam como ventosas e formavam bolhas e hematomas nos sítios onde a pá fustigava a pele.

 
Nos museus ligados à instrução primária portuguesa existem exemplares de palmatórias. No Museu Académico de Coimbra encontra-se uma que pertenceu ao estudante Antero de Quental e que lhe valeu em 1859 oito dias de prisão, pois que sendo o mesmo Antero aluno do primeiro ano de Direito andou na noite de 20.04.1959 com outros colegas dando praxe a um aluno liceu, para mais embuçados nas capas e munidos de tesouras, palmatórias e cacetes (Ana Maria Almeida Martins, Antero de Quental, 1986, pp.70-72).

 Apodada de símbolo do imobilismo científico e do atavismo pedagógico, a palmatória viria a ser abandonada pelos estudantes após a Revolução do 5 de Outubro de 1910 e substituída pela colher de pau.

 



 

COLHER DE PAU: as mais apreciadas pelos estudantes da Universidade de Coimbra são as de fabrico caseiro, manufacturadas pelos artesãos de Lorvão e Arganil. As de Arganil com o seu cabo cónico e a sua concha redonda toscamente desbastada estão entre as mais procuradas. Existem de todos os tamanhos, desde a colherzinha ornamental, à de tamanho médio e ao gigantesco colherão que se usava para mexer os caldeirões dos bodos e ranchos.

Símbolo gastronómico por excelência, apesar das desconfianças exprimidas pelos agentes sanitários da União Europeia, a colher de pau continua a ter lugar garantido nas comunidades estudantis e nas confrarias gastronómicas.

 A colher de pau é desde a Idade Média o símbolo das actividades gastronómicas, dos mendigos que de terra em terra esmolavam e dos estudantes universitários sopistas (Léon Moulin, A vida quotidiana dos estudantes na Idade Média, 1994, pp. 41-44 e 142-146; Jacques Le Goff, Os intelectuais na Idade Média, 1990, pp. 42-44). Na cultura ibérica católica esteve instituída até aos séculos XIX-XX a prática de ir às sopas aos conventos, abadias e bodos festivos anuais. Alguns dos bodos mais aclamados tinham lugar em Maio, durante os festejos do Divino Espírito Santo, cujo programa oferecia aos irmãos, mordomos e passantes fortuitos pão, vinhos e carnes guisadas. Nos conventos portugueses e espanhóis estava enraizada a tradição da oferta de sopa a mendigos e estudantes. A distribuição de sopa aos presos foi mantida em Portugal até à década de 1860 respectivamente pela Misericórdia de Lisboa e Misericórdia do Porto, a primeira obrigada a dar caldo aos presos do Limoeiro e do Aljube, e a segunda aos reclusos da Cadeia da Relação. Um derivado tardio desta tradição, que ainda se avistou em algumas cidades portuguesas durante a Segunda Guerra Mundial foi a “sopa dos pobres”.

 
Para se ir aos bodos e às sopas conventuais era necessário andar munido de malga e colher de pau, ou ter engenho e manha conforme ilustra o célebre conto popular da sopa de pedra.

Na Idade Média as profissões e oficinas estavam organizadas por ruas e convenientemente identificadas com emblemas postos às portas (tesoura do alfaiate, serra do carpinteiro). Certos grupos sociais ou religiosos estavam constrangidos a exibir em local bem visível da indumentária símbolos discriminatórios como a lua dos mouros, a estrela de David dos judeus ou o cornicho dos maridos enganados. O símbolo dos mendigos ambulantes, monges em missionação ou viagem entre mosteiros e estudantes era a colher de pau. Esta tanto podia ser exibida na aba do chapéu, como no peito do vestuário e nos cestos e alforges. Assim a desenhou Jerónimo Bosh na obra “Viajante” ou “Caminho da Vida”, trabalho datável de 1500-1502.

Os sopistas espanhóis e os goliardos ou bargantes portugueses não raro andavam à lebre, ou seja pediam esmola em comes e bebes, calcorreando distâncias entre as Escolas Maiores e os conventos e entre povoações. Tanger instrumentos, cantar anfiguris, parodiar sermões, fazer malabarismos, cantar em verso facécias, cuspir fogo e exibir animais amestrados eram sucesso garantido. Havia quem vendesse pseudo relíquias a incautos, como falanges de Cristo, picos da coroa de espinhos, farpas da cruz e unguentos miraculosos. Os tunantes espanhóis exibiam os seus dotes musicais, vocais, oratórios e sedutores através do traje e das cantorias. Na aba do sombreiro ou chambergo exibiam a colher de pau e o garfo sobrepostos, costume que no século XIX passou para o bicórnio napoleónico.

 O costume ibérico da colher de pau era partilhado pelos estudantes de Coimbra. Em diversos tamanhos e formatos, a colher sobreviveu a todos os movimentos abolicionistas. Com fitas multicolores no cabo, carantonhas, emblemas pintados e legendas latinas na concha, até 1910 a colher desempenhou basicamente duas funções:

- símbolo dos estudantes tunantes que a partir de meados de cada mês, por míngua da mesada paterna, andavam à lebre, isto é mendigavam sopas e dormida a troco de momices, cantigas, versalhada e venda de rifas;
- bastão ou ceptro dos veteranos que nas paredes dos quatros de dormir e nos cortejos festivos alegóricos exibiam enormes colherões, ora empunhados na mão direita ora alçados ao ombro, na qualidade de bastões de mando e alabardas de gala.

Às duas funções enunciadas se veio juntar uma terceira, por sinal menos honrosa. Com o abandono da palmatória em 1910, os estudantes praxistas precisavam de um instrumento punitivo. Em substituição da palmatória adoptaram a colher de pau, doravante associada às “unhadas”. Se a palmatória era criticada, a colher não veio dignificar a situação, com a concha côncava a bater no rebordo das unhas dos sancionados. Como substituto deste instrumento, a praxe coimbrã admite o sapato. Em suma, ele houve tempos de palmatoada e bolada, de colherada e unhada e sapatada."

 
António M. Nunes




terça-feira, junho 30, 2009

Notas de Ouro aos Antigos Orfeonistas de Coimbra

Tomei a liberdade de reproduzir um post do ilustre Octávio Sérgio, no seu seu Guitarra de Coimbra III, dada a importância do artigo em causa (pelo menos para os académicos, apreciadores de música coral).
O artigo, extraído do Diário de Coimbra de ontem, com foto de Gonçalo Manuel Martins,
noticia o Coro dos Antigos Orfeonistas na sua inolvidável passagem pela Grécia, onde arecadou a Medalha de Ouro num Concurso Internacional de Coros.

Parabéns!

segunda-feira, abril 27, 2009

Melodias aos 20 Anos da Balada do V Ano Jurídico 88/89




E já lá vão 20 anos!!!!!

Perfaz, hoje dia 27 de Abril, duas décadas que, no Teatro S. Teotónio, durante a Récita dos Quintanistas, se ouvia esta já tão "nossa" balada - corria o ano de 1989.
A foto desse momento histórico pode ser vista seguindo o link: http://toadacoimbra.blogspot.com/2009/04/20-anos-da-balada-do-5-ano-juridico.html

Um tema soberbo, cuja beleza venceu fronteiras e bairrismos e se tornou num autêntico hino académico, um pouco por todo o rectângulo lusitano, e não só.

Tema de António Vicente, João Paulo Sousa e Rui Pedro Lucas, parece ter ganho vida própria assumindo-se como tema incontornável de qualquer serenata ou momento de trinar as guitarras e ajeitar a voz, emprestando-a à saudade.
Esta Balada inscreve-se, certamente, entre as mais belas composições do género, senão a mais bela mesmo, e tem o condão de ter  trazido um novo fulgor a este supremo género musical, dotando-o de aquilatada qualidade, tornando-se exemplar, por excelência, do que de melhor Coimbra tem para oferecer no respeitante à tradição e cultura académicas.

Sou um privilegiado por ter privado com todos os membros da Toada Coimbrã, embora mais com o Vicente, e mais ainda com o JPS - amigo e companheiro de muitas investigações, e conversas à volta de um copo - e que são, mais do que amigos, um testemunho documental de uma época, que são história, manual de muitas lições que vamos desfolhando com admiração.

"Sentes que o tempo acabou..." diz o poema, mas o que sentimos ao ouvi-lo, tão melodiosamente urdido, é que o tempo não passa, porque agarrados à ideia de que esse mesmo tempo nos é continuamente revivido e lembrado e, por isso mesmo, o dedo volta sempre a premir a tecla do rewind ou do repeat deste tema, já ao nível de um "Afonso", "Assim mesmo é que é" ou "À meia noite ao luar", já no Olimpo musical da nossa memória colectiva (onde moram, também, "Os amores de Estudante" de Aureliano da Fonseca)

20 anos, duas decanas velas que brilham no firmamento da nossa cultura académica e musical, e que tão cedo não se apagarão.

Parabéns Toada Coimbrã, parabéns e obrigado!


sexta-feira, abril 17, 2009

Notas sobre a Crise Académica de 69

Porque à memória colectiva importa preservar a história, relembrar o que fomos, o que se fez, o que se alcançou......pensar no que hoje somos e temos.
A Crise Académica de 69, eco do que sucedeu em Paris no Maio de 68, é um momento ímpar na história da academia portuguesa. Faz hoje 40 anos que, em Coimbra, o rastilho foi aceso.
Circula, hoje, em Coimbra, uma edição especial do jornal universitário "A Cabra", dedicado à crise académica.
Também a esse propósito, a RTP Memória passa hoje, às 21h54 (com repetição amanhã às 09h29), um documentário sobre esses tempos conturbados que moldaram uma geração e por ela foram, também, moldados.
A não perder!!!!

Nota: Fica aqui uma sugestão de leitura: http://210coimbra.blogs.sapo.pt/1383.html e um video ilustrativo a recordar, em imagens, com a Balada do V Ano Jurídico, da Toada Coimbrã, como banda sonora, essa época.

Notas do Museo Internacional del Estudiante

Entre diversas entrevistas e da atenção que esta grande iniciativa mereceu, e merece, por parte da comunicação social (espanhola) destaco estes 2 videos:





Site do Museu: http://www.museodelestudiante.com/Indice.htm

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O Notas&Melodias celebra, hoje, 3 anos sobre a sua activação.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

25.000 acessos ao N&M



O Notas&Melodias alcançou, e ultrapassou já, hoje, as 25 mil visitas, quando se prepara para celebrar o seu 3º aniversário (próximo dia18 de Fevereiro).

É, certamente, motivo de satisfação pela preferência dos internautas aficionados, ou meramente curiosos, sobre os temas que aborda, expressos no nº de acessos ao blogue, bem como de páginas visitadas (a ultrapassar as 40 mil).
Aos muitos amigos do Notas&Melodias, aos muitos sites e blogues que colocaram link para este sítio, bem como a todos aqueles que se interessam pelo fenómeno tunante, a praxis e demais assuntos aqui tratados, um sentido obrigado, certo de que tal implica a responsabilidade de continuar a merecer a confiança dos leitores.

Um agradecimento, também, aos que colaboram com o N&M, quer através da co-produção de textos, mas também aos que participam com os seus comentários - destacando os colegas do CoSaGaPe, Eduardo Coelho, Ricardo Tavares (do blogue As Minhas Aventuras na Tunolândia) e João Paulo Sousa com quem o trabalho de pesquisa tem sido contributo para as reflexões e informações que vão passando por este espaço.
Não é esquecido o amigo Roberto Martinez del Rio ("Tachi"), director do Museo Internacional del Estudiante (de quem este blogue é colaborador oficial), bem como o Rafael Ascêncio ("Chencho"), pelos materiais e documentos cedidos e informações prestadas - eles que são, actualmente, dos mais conceituados tunólogos do país vizinho.

Deseja-se, acima de tudo, ser um contributo desinteressado na formação e informação da comunidade tunante e académica, e de quantos pretendem alargar saberes. É nesse sentido que espera poder continuar, sem pretender agradar ou subservir qualquer interesse que não o do bem comum e da procura da verdade.