Lamentavelmente, para quem esteve
na Bênção das Pastas em Lisboa, continuar a verificar que foi mais um
ajuntamento de atropelos à tradição, com total desrespeito quer pela cerimónia
quer pela praxis.
(Artigo de José Sarmento Matos 18/05/2013)
Lamentavelmente, já não é a 1ª vez que aqui nos referimos a tal, pois já desde 2008 que temos vindo a fazer reparo (ver AQUI).
Já nem falo das dezenas de
finalistas sem qualquer traje, usando pastinha e fitas, desrespeitando a
Tradição e fazendo figura ridícula.
Sendo a Missa da Bênção das Pastas
parte da Tradição, manda a Praxe que, nessa ocasião, os finalistas estejam
trajados a rigor. A mesma Tradição define que só se usa pasta e fitas quando
devidamente trajado.
Não é uma questão de ser praxista
ou não, mas de respeitar e ser inteligente, porque saber ser e estar numa
cerimónia como esta é algo que deveríamos supostamente esperar de gente que
finda estudos superiores. Pelos vistos, "superiores" só mesmo os
desaforros e afrontas com que delapidam a Tradição ao não serem dignos da
mesma.
Reitero o veemente reparo ao uso de
dezenas de fitas pregadas naquelas “pastas” (da treta) cartonadas e brasonadas.
Fitas que, também elas, quando não tinham "brasone" eram pinturas e
desenhos impressos. O circo e o folclore instalados, claro está, porque a “-
Praxe e Tradição que se lixem, na hora de fazer o que quero”.
Mas desengane-se quem pensa que só
em Lisboa sucede.
Temos disto no Algarve, Évora,
Setúbal, Santarém......em praticamente todas as academias a sul do Mondego.
É lamentável perceber que mais do
que a ignorância das pessoas (o que é ridículo em gente formada, muita dela
autodenominada de "praxista"), grassa a incompetência dos organismos
de Praxe dessas casas representadas.
E não é por falta de informação.
Dedicámos um artigo inteiro sobre o correcto uso de Pasta e Fitas por parte dos
finalistas (ver AQUI).
Tanto mais é lamentável que parece
que, afinal, quem manda são as lojas de artigos académicos, elas sim são quem
impõem as modas, definem o nº de fitas (ou seja, não há limite: importa é
vender) e todo o material e acessórios. Qual código, qual quê?! O único código
é o do lucro à custa da estúpida ignorância dos finalistas.
E não foi por falta de aviso, quanto ao papel nefasto das lojas e comerciantes que vivem à custa da Tradição e da asinus ignorantiae dos finalistas. (ver
AQUI)!!!
São 8 as fitas a ostentar, já o
deixámos bem claro. A haver mais, devem ficar guardadas.
E a sua distribuição obedece a uma
tradição, não à parvoíce do umbigo de cada um.
Recordar que a dita “Pasta da
Praxe”não é “da Praxe” no sentido de ser dos praxistas ou só se poder usar se o
aluno tiver sido praxado.
Diz-se “da Praxe” no sentido de ser
a que está em uso (deve ser usada), que é própria do estudante universitário,
assim consagrada e definida.
Fique este esclarecimento para
aqueles que alegam parvamente que a pasta não é “da Praxe” e, por isso, pode
ser como querem e com as fitas que bem lhes apetece.
As Pasta e as Fitas obedecem a uma
Tradição, regrada pela Praxe e aplicável a qualquer um que as utilize, seja ele
praxista ou não. Usando Pasta e Fitas, isso obriga ao estrito respeito pela
etiqueta e protocolo associados, desde logo pelo uso obrigatório do traje.
Lamentavelmente, ainda não descobri
em nenhum código (se houver informem) dessas academias, cujos finalistas
parecem arautos carnavalescos, qualquer artigo em que se definisse o nº limite
das fitas ou mesmo como deveriam ser (tamanho, forma, apresentação...), tudo
devidamente fundamentado na Tradição.
Os muitos que conheço são, até,
omissos – como é costume em casas onde Praxe é apenas um termo a pretexto do
qual se inventa.
Que andam as comissões de praxe, os
conselhos de veteranos e afins a fazer em defesa da Tradição?
Eu respondo: - NADA, POIS NEM
SEQUER SABEM O QUE ISSO É!
O que se lamenta é a imagem que passa: a de finalistas que, estando no topo da hierarquia estudantil (e praxística), não são exemplo, muito pelo contrário, de uma cultura que lhes deveria merecer maior carinho e respeito, como sinal de coerência e credibilidade.
O que se lamenta é que, muitos que trajam, defendem a tradição, e outros que se afirmam "praxistas dos 7 costados", na hora de serem coerentes........ façam precisamente o oposto.
O que se lamenta é a imagem que passa: a de finalistas que, estando no topo da hierarquia estudantil (e praxística), não são exemplo, muito pelo contrário, de uma cultura que lhes deveria merecer maior carinho e respeito, como sinal de coerência e credibilidade.
O que se lamenta é que, muitos que trajam, defendem a tradição, e outros que se afirmam "praxistas dos 7 costados", na hora de serem coerentes........ façam precisamente o oposto.
8 comentários:
O código de praxe do IST define todas essas coisas acerca das fitas.
Lol, eu se quiser vou á cerimónia com 50 fitas no bolso. A praxe não existe excepto na tua cabeça.
Caro João Luís, o IST é uma das raras, e exemplares, excepções, não deixando que sejam as lojas de artigos académicos, ou mesmo a estupidez pura e simples, a definirem o que é Tradição, como sucede na maioria das outras casas.
Caro "anónimo", se quiser até pode ir com cérebro e bom-senso, mas destoaria.
Cada qual leva o que quiser, naturalmente, mesmo que encham os bolsos de ignorância.
Uns sabem o que devem levar.....outros vão atrás, seguindo e balindo.
Antes de comentar esta questão, quero deixar claro que tudo aquilo que escrever é apenas uma forma de suscitar debate e nunca uma tentativa de ataque ou ofensa.
Posso entender a questão de usar o traje como forma de respeito à parte cerimonial, apesar de não julgar quem não o quer fazer. Mas sinceramente, no que toca a fitas e outras regras mais rígidas, tenho dificuldade em entender as razões. Qual é a razão para apenas 8 fitas? É algo que nunca ninguém me conseguiu explicar...
Além disso, o formato estipulado parece-me inadequado. A maior parte de nós não fará a distinção entre colegas e amigos (e com tão pouco espaço, provavelmente não incluíria colegas que não considerasse amigos)... Além de que hoje em dia a maior parte dos alunos não mantém qualquer relação com professores. Entendo que um dia tenha feito sentido ter a questão estipulada dessa forma. No entanto, a pasta tornou-se algo pessoal, uma memória que levamos da faculdade, de um bom número de anos das nossas vidas, e que invariavelmente vem carregada de um enorme peso emocional. Acho difícil pedir às pessoas para limitarem algo que consegue ser tão especial só porque é regra. A presidente da minha CP, do Técnico, acrescento, tem uma pasta cheia de fitas... E não considero mau exemplo, nem me afecta. Acho que fez bem em dar um espaço a toda a gente que é importante na vida dela. Lamento se soa desafiante à tradição, mas é algo em que não consigo pensar de forma diferente. Não sei até que ponto isto é verdade ou não porque não estudo a questão extensivamente, mas ouvi dizer que inicialmente as fitas eram 6. Isso significa que as coisas podem estar sujeitas a mudanças e evoluir. E é apenas aí que queria chegar... As regras existem mas faz sentido que cresçam com a comunidade.
Tradição académica, que pão de lol. Vão lá todos pipis trajados para tirarem muitas fotos para meterem no facebook e no instagram.
Caro anónimo,
Alguma vez procurou, de facto, saber da razão do uso da pasta e das fitas, sua história e tradição?
Parece-me, antes, que na falta disso, argumenta que o desconhecimento da Tradição justifica a invenção.
Existe uma razão para o nº de fitas, que originalmente eram 6 (tantas quantas as originais fitas mais pequenas que serviam para abotoar a pasta). Passam mais tarde a 8, na versão das pastas de luxo, de modo a fazer nº par na distribuição da pasta pelos pontos cardeais representando às 4 grandes faculdades/áreas do saber: direito, letras, medicina e ciências e aos 4 anos curriculares que de facto representavam o curso (para obtenção do grau de Bacharel), pois quem fazia o 4º (em que a maioria findava os estudos na época) sabia que o 5º ano era um mero passeio, já sem exames sequer.
O estipulado que você põe em causa tem uma razão de ser, meu caro. Precisamente para evitar o abuso, promovendo e defendendo a sobriedade.
O “tão pouco espaço” a que se refere revela o equívoco em que incorre.
As fitas não eram atribuídas a uma só pessoa, salvo a que era dedicada à noiva/namorada/mulher. Essa de uma fita por pessoa é produto resultante da contaminação comercial da Tradição, nas barbas dos próprios estudantes. Hoje importa o nº de fitas, antes importava a escolha criteriosa de quem as assinava. Não era para qualquer um, nem para qualquer amigo ou colega.
Tal como num casamento de poucas posses, é preciso escolher criteriosamente quem entra na lista de convidados, o mesmo na Tradição (que sempre se quis simples, austera e sem espalhafatos).
E tanto mais as fitas traduziam uma pormaior importância quanto se sabia que, pelo espaço disponível, a escolha de quem as assinava traduzia essa honra a quem era escolhido.
Se os alunos não mantêm qualquer relação com os professores, isso é problema deles, não culpa da tradição. Mas ainda que assim fosse, bastaria dar essa fita a assinar aos colegas e amigos.
(continua)
(continuação)
Diz-me que a pasta “se tornou pessoal”. Não entendo!
A pasta sempre foi pessoal, tanto que acompanha o aluno desde o início da sua carreira académica. Nela colocou o grelo, depois de o retirar e queimar as pontas (queima das fitas), colocou as fitas (novo fitado) e, no ano seguinte, a partir das férias da Páscoa, deu-as a assinar e ostentou-as na Serenata Monumental.
Quer comparar a pasta da praxe (cuidado com o entendimento “da praxe”), sua significância e história secular com essa porcaria de “pasta” cartonada a que têm a distinta lata de chamar pasta de finalista?
O que você parece não entender é que aquilo que você concebe não advém nem da tradição nem da Praxe, mas do produto que lhe impingiram as lojas de artigos comerciais. Voicê é apenas um consumidor que foi na onda e que é vítima do marketing das lógicas comerciais – que jogam com a ignorância dos estudantes (e sabem que nessa altura, quanto mais espalhafatoso for, mais os finalistas prescindem de pensar).
Cada fita da minha pasta tem o cunho de muitos colegas. Não foi em quantidade para abanar e exibir, não foi para show-off, mas antes uma escolha criteriosa. E não creio que você possa pretender ter mais memórias e vivências que outrem para justificar mais fitas (aliás, e desculpe a minha presunção desde já, mas duvido que tenha tantas quantas muitos de nós tivemos). Mas só tínhamos 8 fitas e chegou bem!
Como lhe disse, existe uma explicação para terem sido 6 as que atavam as pastas de antanho, para 8 as que eram exibidas nas pastas de luxo (que dão origem à actual tradição das pastas fitadas – não são as pastas de 6 fitas, note bem).
Mesmo assim, diga-me qual o critério para se passar de 8 a 50 (conheço quem tivesse mais)? A Tradição ou o exagero?
Dizer-se respeitador da Praxe e da Tradição, como será o caso da presidente do seu CP, para depois, na hora de meter fitas e usar pasta, acabar por fazer diferente…..é de uma incoerência grave. “Bem o prega Frei Tomás, que diz o bem, mas não o faz”.
Quando dá jeito, a Praxe é Dura, mas é a Praxe, principalmente para aplicar aos outros ou a caloiros, mas quando toca a nós já há regime de excepção e é conforme nos apetece?
Não, meu caro: a Praxe é Dura, mas é-o para todos. É dura no sentido de não se dobrar aos umbigos e vontadinhas de cada um, quando convém ou deixa de convir.
Que as coisas evoluem? Claro, mas na continuidade, e no conhecimento correcto da Tradição, nunca na invenção, no exagero e naquilo que ora convém ou dá jeito.
Quem manda na Praxe e na Tradição? É a molhada influenciada pelas lojas de artigos académicos? É a ignorância e a lógica da carneirada?
O que diz o MCP e código do IST, quanto a essa matéria?
E mais. Usar capa e batina com pastinha cartonada………………então é que ainda é mais incoerente.
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