segunda-feira, dezembro 07, 2015

Notas a um Shower Pracheiro (ESART, Castelo-Branco)


Vídeo publicado por Catarina Paulo a 24-07-2015,
referente a um mini-Documentário realizado por Ana Marta Serra e Carina Batista.
In https://www.youtube.com/watch?v=JCjsKj_MA70, acedido a 07-12-2015.




TOMANDO UM DUCHE DE PRACHEIRISMO NA ESART



Bastava termo-nos ficando pela primeira declaração deste pseudo-Dux, para ficarmos desde logo cientes do resto.
Como podemos nós almejar a promoção e defesa das Tradições e da Praxe, quando quem é suposto saber fazé-lo, consegue precisamente o contrário?
3 intervenções teve o moço (o dito "Dux"), redundando em 3 monumentais argoladas que mereciam, essas sim, a aplicação de sanções secundum praxis.

Vamos recordá-las:


"- Eu não conheço muitas experiências de praxe nas noutras, nem faço muita questão de conhecer (a de) outras escolas e instituições, e Coimbra.....não faço questão de perceber porquê.....vejo demasiado pegados à palavra "tradição" e pouco pegados á palavra da frente que é "inovação."

- Pois isso é desde logo mau. Aliás um Dux dizer isso é como escrever na sua própria testa "sou um ignorante".
Quando um Dux, que supostamente é o zelador da Praxe, adianta que se está a borrifar para o conhecimento, e especialmente sobre as raízes da Praxe e Tradição (Coimbra), as quais servem de modelo legitimador, então perguntamo-nos que raio de gente anda a ocupar determinados cargos. Quando o líder demonstra tão pouca tarimba, o resto adivinha-se.

E termina com algo que nem mesmo um imbecil diria na qualidade de Dux, ao referir-se à "tradição".
Ora, se a tradição deve dar lugar à inovação (qual inovação, já agora?), a que propósito este senhor é Dux? A que propósito possui código de praxe, festeja queima das fitas, latadas, etc.? Ou esquece este senhor que é precisamente a Tradição que justifica a Praxe e que a inovação em detrimento da tradição impede precisamente tudo aquilo que este senhor supostamente representa, desde logo o traje que veste?


"- Aquele filme de "são muitas actividades, é muito tempo de festas", é fruto um bocadinho, e como temos visto na comunicação social, de má informação. As pessoas não conhecem a realidade, mas decidem opinar, só porque sim!"

- Para quem afirma que não quer saber do que se faz noutros lados, e muito menos da matriz (Coimbra) que legitima a Praxe e a Tradição como académicas, é o que se chama "dar um tiro no pé".
Como dizia o Eduardo Coelho, "Opiniões toda a gente tem. Infelizmente, também toda a gente as dá.", que se aplica perfeitamente neste caso, a este senhor.


"- Todas as praxes mudam, todos os órgãos mudam, os Dux mudam. O único nome que se mantém sempre é o "caloiro" e, portanto, todos nós fomos caloiros. Nem todos vamos ser Dux ou comissões de praxe; portanto a praxe existe pelos caloiros."

- Uma vez mais, este senhor, que se diz Dux, nem sequer consegue fazer a devida distinção entre gozo ao caloiro ("praxes") e Praxe. Também não se apercebe que os organismos não mudam (por norma), antes sim os seus componentes, tal como a figura do Dux que se mantém, mudando, isso sim, seu titular.


Mas quando afirma que apenas o termo "caloiro" se mantém igual, faz, uma vez mais, prova da sua incompetência e ignorância em matéria de Tradições (mas que podemos nós mais querer, se ele próprio faz gala desse tolhimento intelectual ao recusar estar informado?), algo que não se coaduna com o desempenho das funções de Dux.
O termo caloiro nem sempre foi usado na gíria académica universitária para designar o aluno do 1.º ano (que se matricula pela 1.ª vez no ensino superior), pois esse termo designava, isso sim, o aluno do liceu já com exames de preparatório feitos (enquanto que "Bicho" era o nome atribuído ao aluno do liceu sem exames de preparatório feitos, mais tarde passando a designar qualquer aluno do liceu, até ser substituído pelo termo "cabaço").
O termo usual, e usado, durante séculos foi o de "Novato".
Portanto, até o termo "Caloiro" foi alvo de mudança.


Diz, e bem, que nem todos serão Dux ou farão parte de Comissões de Praxe: pena é que pareça demasiado comum que essas funções sejam ocupadas por pessoas que demonstrem tão pouca preparação e competência para tal. No caso deste "Dux", até diríamos que teria sido um grande favor, se tivesse optado por não ocupar tal lugar.

De facto, e abordando outra afirmação, o gozo ao caloiro, ou seja as ditas "praxes", são actividades destinadas aos caloiros. Só que ele não disse "praxes", disse "praxe". São coisas totalmente diferentes e a Praxe não existe para o caloiro apenas, pois é lei que rege a comunidade, quanto ao modo de proceder, ser e estar em determinadas situações e eventos próprios da Tradição Académica, estando trajado.


Se as festas são importantes, aconselharia este moço a procurar menos festa e menos sesta, optando por estudar um pouco mais do assunto e ganhar as devidas competências e saber para ser merecedor do cargo que des(em)penha.



Nota: O tema está em debate no grupo do FB "Tradições Académicas&Praxe"

3 comentários:

Anónimo disse...

Caramba se eu não tivesse visto não acreditava. Este documentário alavanca em muito a posição daqueles que se opõem à Praxe. Este indivíduo, o "duche" é - e não queria dizer nestas palavras mas não há outras mais adequadas - um verdadeiro bronco. Por outro lado, e não criticando o documentário e a sua autora, que fez o seu papel, não sei como foi autorizada a captação de algumas das imagens que integram a peça. Sempre considerei que o gozo das "bestas" deve ser um acto reservado, praticado de uma forma contida, não uma exposição pública e para difusão para quem quer que queira ver, no mínimo é insensato. Enfim...

WB disse...

Apenas uma correcção:

O gozo ao caloiro não tem de ser feito às escondidas ou longe dos olhares seja de quem for.
O gozo ao caloiro deve ser digno de poder ser visto pelo público em geral.
Quando se esconde é porque algo de errado está a acontecer; algo que envergonha, algo que por não ser lícito ou de bem se pretende ocultar.
As praxes (o gozo ao caloiro) devem ser práticas transparentes que não envergonhem seja quem for nem tenha que fugir dos olhares de terceiros.

Quando o gozo pode ser visto, pode ser publicado, filmado, fotografado...é porque é supostamente digno e correcto.
Quando tal não acontece, é precisamente porque, como disso o acusam os movimentos anti-praxes, de infringir os mais elementares direitos de respeito, moralidade e civismo.
Gozo ao caloiro onde haja seja que tipo de coação seja, humilhações, palavrões, falta de educação, autoritarismos e palermices não é digno sequer de ser inscrito como parte da Praxe.

Abraço

Anónimo disse...

Sim, concordo com esse ponto de vista. Mas o que eu quis dizer é que acho que a praxe - não obrigatoriamente mas - tendencialmente deverá ser praticada nos espaços universitários ou confinantes, ou em convívios e locais essencialmente académicos, não porque haja algo a esconder mas talvez porque diga mais respeito a quem nela participa e não tanto a terceiros.
Mas concordo em absoluto com a observação de que quem não deve não teme, seja onde for e à frente de quem quer que seja.

Abraço