sábado, setembro 22, 2018

Mudar passa por conhecer e debater o essencial.

Por mais informação que se coloque na net e se disponibilize nos mais diversos formatos, enquanto não houver a plena consciência de que a formação e informação devem passar por acções no terreno, continuaremos a assistir à inexorável delapidação e deturpação de toda a tradição académica.
Isto porque com os avanços tecnológicos, temos agora ainda mais ruído, temos cada vez mais "vendilhões do templo" que, com recurso a uma câmara, se armam em comentadores e analistas sem, contudo, perceberem patavina do assunto. Mas o povinho aplaude, consome e....e é enganado.

Nunca, em tão poucos anos, se desvirtuou tanto a Tradição, por actos, por omissões e muita burrice elevada a praxe.



Quando alunos universitários estão mais predispostos a praxes e a brincar aos comandantes de quartel (onde alguns exibem os seus tiques de inquisidores ou ditadores), continuaremos a ter não apenas cenas lamentáveis nas parangonas jornalísticas, mas também uma multitude de práticas rídículas que, não fazendo capa de noticiário, contribuem igualmente para a péssima imagem da Praxe, das praxes e dos estudantes.

É essencial trocar praxes por palestras, por tertúlias, por sessões de esclarecimento, com vista a uma correcta informação e formação - quer para caloiros quer para doutores. Só a partir daí faz sentido o resto, só depois faz sentido zarpar. Jogar sem conhecer as regras, e sem as conhecer com espírito crítico (para diferenciar as regras tradicionais das inventadas), ou mesmo jogar segundo as que alguém desvirtuou, é como partir em viagem sem preparação, sem malas, sem nada que não seja o excesso de si próprio.

Adaptado do original (de autor nd)
Mas tão essencial é trocar gozo ao caloiro por sessões informativas/formativas, como as mesmas serem conduzidas por quem, de facto, tenha competência no assunto, sob pena de fazer mais mal que bem (e, para isso, então não nos cansemos porque já temos as anedotas dos códigos e as patranhas cantadas pelos veteranos de meia tigela).

Sessões conduzidas apenas em função de cargo ocupado na Praxe, em função da hierarquia/matrículas não garante nenhuma qualidade e, acima de tudo, nenhuma isenção.
Se nem os santos da casa fazem milagres, que fará quando, na casa, nem santos há (e pior ainda quando alguns colocam uma auréola na própria cabeça).
 

Depois, há que não esquecer que é fundamental ir ao cerne dos problemas, ao que é polémico. Apontar claramente.
De nada vale explicar, por exemplo, a origem e função do traje, se antes não se tiver precisamente apontado os erros cometidos contra a sua praxis e conceito - e não são os erros do vizinho que devem servir de mote: há que assumir os próprios, em primeiro lugar, pô-los em cima da mesa.

Falta essa prática, essa excelência crítica - o que não deixa de ser um paradoxo, quando estamos a falar de Ensino Superior, onde o desejo de saber, de dominar os assuntos em que nos situamos, vivemos e praticamos seria algo básico, costumeiro e lógico.

Continuamos, aqui no N&M, como sempre, na mesma posição: não entendemos como é que tanta ignorância é capitalizada para justificar cargos, como é que tanto mito e invenção têm porta aberta para constarem em códigos de praxe, e como é que tanto erro é tão passivamente aceite e ingerido como facto, nos meios universitários.
Preocupa, porque tamanha mediocridade intelectual em coisas que se diz viver intensamente, que se diz defender, apenas encapuza outras mediocridades.
Preocupa perceber que é quem tem obrigação de saber mais, porque lidera, quem, afinal, é o mais incompetente.

E ainda falam dos americanos que votaram em Trump!

O mal não está em não saber, mas em não querer saber ou não questionar o que se ouve dizer ou ainda, achar que o que se sabe chega ou se sabe o suficiente.


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