terça-feira, setembro 20, 2011

Notas de Sublevação Tunante

Nem quero acreditar. Estou estarrecido.

Segundo as notícias mais recentes, o Magnum  do Porto decretou a expulsão da Portucalense do seu seio. Até aqui, nada a dizer, porque assunto de foro interno, da organização exclusivamente praxística da academia. Por isso, pacífico. Entendam-se!

Mas a heresia e estupidez, porque só vindo de gente estúpida e ignorante, foi  a intenção (não sei ainda se consumada) de proibir as Tunas da Portucalense de participarem em eventos/festivais tunantes , bem como proibir qualquer outra tuna portuense de convidar qualquer tuna de lá, ou de por elas serem convidadas.

Eu pergunto-me se quem assim age têm o seu perfeito juízo ou se é mesmo  presunçosa burrice.
Mas desde quando é que as Tunas devem subserviência ao Magno ou qualquer organismo de Praxe?
Mas anda tudo doido?
Mas o ridículo é ainda maior nesta rápida reflexão dedutiva:
Se a Portucalense deixou de fazer parte do Magno do Porto, como é que o Magno ainda acha poder mandar na Portucalense, e aind amais nas suas tunas (que é isso que aqui importa: Tunas) para lhe dizer o que pode fazer na sua própria casa?
Prepotência da ditatura da ignorância, diremos nós. Ele há gente que não se enxerga mesmo!

Que Tunas, dignas desse nome, permitirão tal intromissão e invasão do seu espaço?
Que Tunas do Porto permitirão essa invasão hostil, sem precedentes, do seu território e da sua própria honorabilidade e aceitarão essa imposição/ordem?
Uma Tuna digna desse nome vai agora passar a ser uma mera Trupe a mando do Magno, vai violar a fraternidade tunante, os laços de amizade existentes, vai vender-se só para "agradar" ao Magno do Porto?
E se as Tunas baterem o pé (como se espera) e mandarem o Magno dar uma volta ao bilhar grande?
O que vai fazer o Magnum? Vai rapar as tunas todas ou vingar-se não convidando as tunas para o certame da Queima?
Pensará o Magno que as Tunas portuenses vivem o seu quotidiano em função do Festival de Tunas da Queima do Porto e que são capazes de prostituir a sua identidade a troco de um convite para lá actuarem?

Estou para ver, e acreditem que este blogue não deixará de seguir as pisadas do seu blogue irmão, "As Minhas Aventuras na Tunolândia", que sobre isto já se pronunciou,  denunciando todas as Tunas que pegarão em armas contra outras Tunas a mando do Magno.

Em certos sítios, acreditem que, e a confirmar-se esse processo de intenção (e saliento: a confiirmar-se), nem uma Tuna participaria em qualquer actividade que o Magno organizasse ou estivesse envolvido, a começar pelos festejos de recepção ao caloiro e terminando no Festival de Tunas da Queima!
Era essa a atitude certa para mostrar de que têmpera são as Tunas e as gentes do Porto.



É um ataque e desrespeito total para com a Tuna, a Tuna que é anterior a qualquer código ou organismo de praxe, a Tuna que não tem de se prestar a essa presunçosa a arrogante atitude de gentalha que mostra não apenas falta de decoro e bom-senso, mas incompetência e saber nestas matérias.
Mais ainda: o promover ou querer despoletar uma guerra fraticida, colocando Tunas contra Tunas é de uma gravidade inenarrável, reduzindo as Tunas a meras peças de xadrez que o Magno, à sua vontade, vai movendo.

A coisa já aquece, também, pelos lados do PortugalTunas, cuja discussão podem seguir AQUI e AQUI e merecia um arregimentar das Tunas, uma sublevação nacional contra quem não sabe ser ou estar, faz da arrogância e prepotência o seu modo de agir, de quem julga poder exercer ditaduras extensivas às Tunas.

É uma vergonha. Enoja-e profundamente que tal tenha sequer sido opção, mesmo que, e quero acreditar que assim seja, os ditos do Magno do Porto arrepiem caminho.
Não sei se tudo isto é algum ajuste de contas antigo ou se, como também se indicia, uma nova política de expansionismo colonial, se relembrarmos o descaramento que foi a subida do Magno ao palco do último FITU, invadindo e apropriando-se  do tempo de antena, num espaço que é das Tunas, para auto-promoção.
Um episódio nada novo, se quisermos trazer à baila a forma como foi tratado o Grupo de Fados do OUP, ainda em 2007 (para quem não sabe, leia AQUI -artigos de 22 de Outubro e de 7 de Dezembro).

Se a Praxe não é uma democracia, era escusado termos agora um Magno do Porto a optar por prefigurar um regime ditatorial, arrogante e que se enche de ridículo com tal episódio.
Á Tuna o que é da Tuna e à Praxe o que a ela lhe pertence (que não a Tuna, certamente)!
Ninguém tem o direito de me dizer quem posso receber em minha casa, e muito menos ditar-me quem posso visitar. Quando fora de actividades da alçada do Magno, este não tem sequer de opinar.
Se aos seus membros lhes falta caloiros para exercerem o seu autoritarismo e brincar às praxes, pois que se praxem uns aos outros nas suas reuniões. Mas no tocante a Tunas, saibam ser e estar, respeitar e dar-se ao respeito, sob pena de, como agora sucede, se lhes perder qualquer respeito.

Sendo eu praxista convicto, e tendo com muito gosto e honra pertencido a um organismo do género (liderando-o, inclusive), mais envergonhado me sinto por ver com quanta veleidade e descaramento alguns usam as suas funções que, está bem de ver, não são, afinal, para o bem comum, mas para fins próprios, vendettas internas e desejo de domínio do mundo, a lembrar certas figuras do passado.
Mas só imporão os seus bigodes, se deixarmos.

Mostra este episódio o quão nocivo é o mito de que as Tunas são Praxe, bem como do perigo latente quando a Tuna (que, pela sua naturez,a é mais representativa que um qualquer organismo de Praxe -pois representa uma instituição e todos os seus alunos, enquanto os Magnos apenas os que aderem à Praxe) aceita o papel de mero núcleo, se deixa escravizar pela noção de que deve satisfação a quem não deve, de todo.

Mesmo que tudo isto não se consume (e que as tunas sejam "poupadas"), que tudo não tenha passado de um processo de intenção por parte do Magno, só o facto de ter sido considerado (porque onde há fumo há fogo - e por alguma razão isto veio a público), é já merecedor das mais veemente críticas e condenações.

Está na hora das Tunas assumirem quem são, de perceberem ser uma tradição centenária com caminho próprio e evitarem os estabelecer de relações cuja natureza as castra, rebaixa e reduz.
Está na hora de as Tunas se sublevarem contra todas as relações estabelecidas com a Praxe que a coloquem a jeito de ser assim tratada.
Nada garante que as boas relações que vão existindo, entre Tunas e Praxe, hoje, assim perdurem amanhã, com outros protagonistas. Facilmente o cenário muda, daí a necessidade do devido distanciamento e do evitar a promíscua e confusa teia de relações que, por vezes, se estabelece/estabeleceu.
Cooperação sim; subserviência e tutela da praxe não!

Mais uma vez, se prova o quão certo alguns estavam, quando defendiam um organismo Tunante que zelasse pela defesa da sua comunidade, e mais ainda quando defendiam (e defendem) a necessidade das Tunas se revestirem de personalidade jurídica própria (formarem-se legalmente como associações), vincando a sua autonomia (que não impede cooperações e estreita colaborações, mas salvaguarda a própria independência e tentativas de apropriação e anexação).

1 comentário:

As Minhas Aventuras na Tunolândia disse...

Afinal, eu tinha razão.....fraco consolo, devo dizer.

W.Churchil um dia disse que a melhor forma de reinar era dividir. É esta a "aposta", tentar partir por dentro as tunas da Academia. Temo que, de alguma forma e junto de algumas, o consiga. A O.P.A. efectiva ao FITA teve como intuito máximo dourar a pílula, de forma a que, por dentro, possa gerir a seu belo prazer, as coisas no sentido que se pretende e desde sempre: tomar de assalto as tunas com 3ªs intenções. Conhecendo o fenómeno tuneril da e na Academia, temo que os próximos tempos -a confirmar-se tal - sejam um dia relembrados e pelas razões mais tristes.

Há, contudo, quem não caía nisto porque 1º) não é burro e 2ª) nada tema porque nada deve seja a quem seja. Mais uma vez, foi tacticamente bem jogado por parte de quem não quis mais nada do que apenas um simples e coloquial cumprimento entre partes, reconhecendo-as e ponto final. Quem andou a brincar com o fogo agora, às tantas, vai-se queimar.

Aguardo as cenas dos próximos capítulos. Mas pelas informações que detenho até ao momento, algo me diz que vamos ter um "Inverno Quente de 2011" prós lados de cá....