sábado, setembro 10, 2011

Notas sobre a origem dos Pins, Alfinetes e Crachás, na Praxe



O saber actual.

Pode parecer caricato, mas é verdade: sobre a origem dos pins e alfinetes de lapela, no contexto da Praxe, do Traje Académico, não existe uma única fonte de informação na Net ou em qualquer Código de Praxe.
Pode parecer estranho, de facto, mas sobre um dos adereços mais populares no seio académico, não existe informação alguma acessível, que não a reprodução de normas e ditames sobre quais usar ou onde colocar.

Os estudantes, ontem, como hoje, não sabem, de facto, de onde provém essa tradição, pelo que, naturalmente, o que hoje vemos é, na esmagadora maioria dos casos uma contínua invenção ou cadeia de suposições.
Nuns casos há um claro exagero, noutros está-se mais perto do genuíno, embora em nenhum dos casos se saiba bem por que razão é este e não aquele, qual a razão de ser ali ou acolá.

Quando era estudante, também não sabia, é um facto, mas sempre tive curiosidade em saber por que razão se usava, quanto mais não fosse para estabelecer uma causa-efeito, saber se aquilo que se praticava era provindo de uma fonte fidedigna ou se era mero copy-paste de um artificialismo que ia mutando ao sabor de modas (ou gostos de quem mandava na praxe).
A resposta obtive-a bem mais tarde, infelizmente (embora valha mais tarde do que nunca, diz o povo).


Vamos então a factos, socorrendo-me da preciosa informação que me facultou o insigne António Nunes, historiador e especialista nesta área.

 Origem

Crachás, pins e alfinetes, no meio académico (e também fora dele), terão a sua origem no foro militar.
São os uniformes militares, enquadrados pelos respectivos regulamentos, os que admitem, desde pelo menos o séc. XVIII as placas e distintivos para barretinas, colarinhos, ombros e, até, botões metálicos.
Desde há muito que as universidades portuguesas ou escolas diversas (médico-cirúrgicas, politécnicas, belas artes, etc.,) acolhiam no seu seio estudantes militares, os quais não trajavam capa e batina, mas sim o seu uniforme militar, sobre o qual, então sim, usavam capa ou gibão. Existem vários clichés, do séc. XIX ou de inícios do XX que o comprovam inequivocamente.
Daí emana, por cópia e pelo fascínio que daí advinha, por parte de outros estudantes, a adopção de distintivos metálicos, para uso na lapela da casaca/batina, os crachás e alfinetes.
Desde logo, fica claro que esse costume não tem por base qualquer tradição local ou regional.

Estes adereços exprimem historicamente a pertença a um grupo, fraternidade ou, então, expressam o reconhecimento de feitos alcançados (condecorações), como é o caso, em França, por exemplo, em que os agraciados com a Légion d’Honneur (condecoração atribuída pelo presidente da república francesa, como, por cá, o nosso atribui a da Ordem de Cristo ou da Torre e Espada, - entre outras, por exemplo, no dia 10 e Junho) não usam diariamente essa condecoração (porque muito grande), colocando antes, na lapela, um pequeno pin alusivo.

Em Coimbra, e citando A. Nunes, “A únicas tradições que se conheciam eram as que autorizavam o porte de monograma (letras do nome próprio entrelaçadas em prata) na lágrima da guitarra, o que só acontece a partir de 1905, e na pasta de luxo com fitas de seda (distintivo do curso). A tradição autoriza ainda o uso de heráldica das Faculdades em lenços de bolso, botões de punho, fivelas de prata dos sapatos de gala, livros encadernados que se utilizam em determinadas cerimónias (autos, juramentos).
Por conseguinte a metalurgia de lapela foi uma apropriação/invenção divulgada por alunos que tinham sido militares ou gostavam das cerimónias paramilitares da Mocidade Portuguesa e da Legião Portuguesa. “

Alguns sectores de opinião, no seio académico-praxístico, pretendem diferenciar alfinetes dos pin’s, quando se trata, basicamente, do mesmo, com a diferença, apenas, na forma de os pregar (longo alfinete, para uns, alfinete curto, ou pico, com fecha, para outros). Na parte visível são ambos similares (ora maiores ora mais pequenos; mais simples ou trabalhados; com ou sem cores).

Mas note-se que, em larga medida, a prática do uso de alfinete ou pin na lapela era quase inexistente. A larga maioria dos estudantes não usava qualquer alfinete ou pin (e a atestá-lo estão centenas de clichés).
Portanto, mesmo que coloquemos a inspiração numa origem militar (dos alunos militares que cursavam a universidade), parece mais evidente que a moda que explode a partir da década de 1980 tem mais de inspiração das tunas espanholas (que usavam pins nas mangas dos seus trajes) do que outra coisa.
A questão dos exageros começou, desde logo, porque os estudantes portugueses não tinham uma informação essencial: o traje de tuna espanhol não era um traje académico, como sucedia com os trajes académicos que os estudantes portugueses usavam no contexto das suas tunas.
Numa espontaneidade vaidosa, começou-se a meter pins no traje académico como se ele fosse um traje exclusivo de tuna, omitindo que o traje académico obedecia a uma etiqueta de sobriedade nem sempre compatível com o desejo de imitar os "floridos" trajes dos tunos do país vizinho.

 Quantos e quais na lapela?

 Ora, secundum praxis, e respeitando a tradição genuína, que pins ou alfinetes se podem usar?
1º - Usa-se apenas 1, e só um!
2º - Deve colocar-se aquele que contenha a heráldica da instituição frequentada.

Assim, só os relativos ao logótipo da instituição (Universidade, Instituto) ou da Faculdade (conquanto a heráldica remeta para a Universidade – onde não se confunda, por exemplo, a Faculdade de Direito de Lisboa com a do Porto).
Com mais reticências, o de curso, mas só se este contiver no seu desenho a heráldica da instituição (ou seja ter nele o logótipo da Universidade ou Instituto).
Mesmo no caso das Tunas, se exige, pelo menos aos que são estudantes, que sigam esse preceito, porque antes de serem tunos, são estudantes. Já aos demais, é normal que substituam o da instituição onde se formaram pelo da Tuna a que pertencem (e só esse).
 Mais nenhum se permite, pois, na lapela.
O que se aconselha para o traje, para os estudantes, é mesmo o da Instituição.

 E os outros?
 Os outros não têm lugar na lapela. Bem sei que me dirão que há N sítios onde isso se faz. Pois, mas faz mal. Não apenas delapida e desrespeita, como transforma a sobriedade do traje num verdadeiro circo.
Vou abster-me de adjectivar assertivamente essas práticas (que a vontade é chamar-lhes nomes feios), nas quais vemos algumas casas a promoverem uma fantochada pegada, onde parece que lá militam os antigos generais da era soviética.
 Com o advento do boom tunante, e por contágio dos “brasones” nas capas, com clara raiz no exemplo espanhol (mais um vez), em que os tunos do país vizinho colocam nas mangas da jaqueta os pins, passou a ser comum o uso no colete (para aqueles que, ao menos isso, quiseram manter a sobriedade da batina).
Nesse caso, a regra a seguir é a mesma que para os emblemas: apenas se coloca a “ferraria” relativa ao exercício académico (locais/instituições visitados em missão oficial académica ou grupos contactados).

Assim, pins da Coca-Cola, do Rock in Rio, da Luta contra a Sida, do Mickey, da Sagres, os que brilham e piscam e quejandos não são apropriados (mas próprios para meter noutras roupas que não o traje, seja ele qual for).

Mas se o colete apresenta mais espaço para “medalhas”, convém recordar que enchê-lo de pin’s tem, pelo menos, o problema de o tornar pesado (em alguns casos, e porque só os colocam apenas de um dos lados, esse lado até chega a descair um pouco de tanto quilate – como eu já vi).

Atente-se que a regra de ouro é que, ao fechar-se a batina, nenhum pin do colete fique visível.

De que lado?

Para terminar, fica a questão do lado onde usualmente se colocam.
Há quem defenda na lapela esquerda, outros na direita; uns no lado esquerdo do colete, outros no oposto.
Usualmente é o lado esquerdo o escolhido. No caso da lapela, também porque é onde se encontra o bolso (usado, nos fatos e smokings, para colocação de lenço, segundo a etiqueta).
Assim ficou convencionado. Dirão que é por ser o lado do coração, etc&tal, mas, isso, cada qual invente o que quiser (entre teorias místicas, pseudo-históricas e afins, há muito por onde arranjar “estórias”).
Eu não conheço, documentalmente, qualquer razão tácita e inequívoca para essa determinação.
Foi assim definido, ao que tudo indica, seguindo a etiqueta em uso no meio civil, que estipula, na maioria dos casos, a colocação do alfinete ou pin à esquerda, embora também se contemple o uso no lado direito.



Posto isto, e concluindo, é fácil, agora, perceber onde a tradição é preservada e onde se inventou, ou mesmo se adulterou.
Por falta de conhecimento, muito se inventou, claro está.
Não basta regrar e dizer que é assim ou assado, que se mete isto ou aquilo, ali ou acolá, só porque sim, sem sequer ter fundamentação.

Ficam estes dados à superior consideração dos praxistas.

16 comentários:

Marta disse...

Ora aqui está a resposta à questão que tanto batalhaste no fórum - e agradeço, desde já, a explicação. Sabia da origem militar, mas não muito mais que isso.
Já agora, partilho contigo uma das muitas explicações existentes: na UBI, os pins são usados na lapela do lado esquerdo, porque a capa ao ombro é usada do lado direito, por forma a não tapar os pins. Já agora, existe alguma razão para que a capa seja usada no ombro esquerdo ou direito?
Quanto aos pins, qual a tua opinião sobre o uso de pins que designam a hierarquia da praxe? Na UBI, não tapar os pins é essencial para que se saiba qual o nível hierárquico da pessoa que está a praxar (seria, até, mais interessante se só se pudesse praxar trajado, o que não acontece. Adiante). Não tendo, aparentemente, qualquer significado histórico, achas que é uma boa opção? Podiam ser substituídos por outras formas de identificar a hierarquia?
A estrela bordada na capa tem tantas fitas quantas o número de matrículas, e como tal o nível hierárquico de Praxe, mas essas são mais difíceis de contar a olho nú! ;)
Beijinhos

J.Pierre Silva disse...

Cara Marta, a tradição genuina é a enunciada. Quaisquer acrescentos, sejam para diferenciar hierarquias e afins não têm cabimento.

A querer-se distinguir graus hierárquicos, a opção passaria por reabilitar as fitas de ombro (colocadas na manga, do lado esquerdo) que se usavam antigamente, com a cor da instituição /faculdade.

Eduardo disse...

(continuação)

A "ferraria" militar na tradição portuguesa - pois foi pretensamente esta a que foi imitada, penso eu... a não ser que A. Nunes ache que foi a dos cossacos russos - é sempre colocada na "lapela superior" (na batina, a parte que não está revestida de cetim), ao passo que na etiqueta civil o(s) alfinete(s) [os pretensiosos podem continuar a usar a palavra inglesa que quer dizer "alfinete" - "pin" - não é, como é evidente, o caso do autor do blogue!] usa(m)-se justamente na parte da lapela revestida a cetim, ou seja a que fica abaixo do chanfro que as separa... Como explicar isto?... Não será, concerteza, nas organizações paramilitares, que copiam a etiqueta militar...

Então os padres não usam um alfinete em forma de crucifixo na lapela do casaco quando andam de fato? Isto também será por imitação dos militares?

Até quando continuaremos a passar pelo pólo Sul para ir de Lisboa a Alverca?

Uma simples busca de imagens de uniformes militares portugueses mostra que a afirmação do reputadíssimo investigador português é mais uma destas divagações geográficas, que impressionam pela erudição, mas que não encontram, a meu ver, fundamentação prática.

É uma hipótese, e disso não passa, até prova concreta, que até agora não foi apresentada.

O traje quer-se elegante e sóbrio. O excesso na decoração - seja na cara, seja na roupa, seja nas casas - é próprio de uma mentalidade burguesa que gosta de afirmar a sua superioridade pelo ter. Para isso, precisa de exibir tudo o que tem, tentando impressionar os outros. Quem verdadeiramente É, não precisa de fazer alarde.

Só mesmo uma pessoa muito insegura é que precisa de se mostrar: é o melhor e mais claro indício da própria insignificância.

Aquele abraço!

As Minhas Aventuras na Tunolândia disse...

Quanto a pin´s só me apraz dizer uma coisa:

Fazia colecção desde 1991 mas pouco tempo depois passei a colecção para uma caixinha em casa guardada, tirando-os todos da lapela. É mais uma coisa herdada dos espanhóis, ponto final. O resto são questões estéticas que dependem, apenas e tão só, do bom senso de cada um. Simples.

Abraços!

J.Pierre Silva disse...

Caro Eduardo,

Desde já agradeço a nota quanto à grafia do termo "pin". Trato já de emendar.

Quanto à origem ou inspiração, ela é, ao que tudo indica, militar. Nisso faço fé em A. Nunes, até prova do contrário. Nota que mesmo o uso de crucifixo nas lapelas, por parte dos sacerdotes, é algo recente (desde a abolição da obrigatoriedade do porte da batina, após o Concílio Vaticano II, nomeadamente), pelo que a inspiração desse uso não é certamente clerical. Se é militar ou não, isso não sei.

A "ferraria" entre os estudantes terá, pois, inspiração militar, embora a etiqueta de colocação dos pins e crachás possa, obviamente, não ter sido copiada das fardas soldadescas, conforme enuncias (com o alfinete mais abaixo do que os militares usam).

A questão premente, neste caso, é sublinhar a necessidade de alertar para a sobriedade e simplicidade do traje, não imitando as fardas soviéticas cobertas de cima abaixo.

Na lapela, segundo a etiqueta, usa-se apenas 1 pin (alfinete), e não a parafernália que, em alguns casos, vemos.

Abraço

Eduardo disse...

Nisso de um alfinete apenas, estamos de acordo, é o que manda a etiqueta.

Quanto aos sacerdotes, foram atrás da etiqueta civil, que por sua vez foi atrás da militar?... Pode ser.

Quanto às condecorações militares, elas não são impostas na lapela, mas sobre o coração, na parte do uniforme que corresponderia ao bolso nos casacos civis.

Ora, a colocar-se um alfinete em imitação das condecorações militares, seria sobre o bolso da batina, não na lapela. E já agora porque não colocar-se, à maneira militar, um emblema em cada lapela?

Resta saber se os trajes civis imitaram os militares ou se, pelo contrário, foram os militares a imitar os civis...

Que nos mostra a História? Justamente que os uniformes militares foram sendo sucessivamente adaptados às tendências da elegância civil.

O teorema de Occam - "A explicação mais simples é sempre a mais correcta" - parece-me aplicar-se também neste caso.

Se para ir da Estação de S. Bento à Câmara do Porto quiserem ir pelo Estreito de Magalhães, por mim estejam à vontade.

A parafernália de alfinetes é de origem militar - afirmas, porque fazes fé em A. Nunes. É uma posição respeitável. Que provas concretas apresenta o eminente investigador? Nenhuma. Até lá, não passa de mera suposição, que não deve, em meu entender, ser passada como verdade.

Eu não atribuí nenhuma origem aos alfinetes, foi outra pessoa quem o fez. Disse - e mostrei porquê - que dificilmente seria militar, pelo menos na tradição dos uniformes militares portugueses.

Os broches que as nossas avós usavam são de inspiração militar, é isso também? Quem nos diz que os alfinetes masculinos - que também se podem usar na gravata - não serão uma versão mais modesta do adorno feminino? E que teriam progressivamente passado de ostentar uma pérola ou um rubi na extremidade para passar a usar outros símbolos em metais preciosos - cruzes, monogramas, brasões de família, etc.? Se ninguém nos diz isto, ninguém nos diz o contrário.

Não digo que os tais alfinetes não possam ter essa origem. Mas também não digo que «É essa e está tudo dito». Acho que é necessário usar de alguma cautela nessas coisas, sob a pena de se substituir um mito por outro - ou uma invencionice por outra, só que com palavras mais caras.

Abraço!

J.Pierre Silva disse...

Ilustre Eduardo,

São questões pertinentes, mas repara que não se pretende, aqui, fazer a genealogia do uso de alfinentes, broches, crachás e afins. O que aqui se tentou explicitar foi o uso no contexto estudantil, no qual só "recentemente" tais adornos se passaram a usar. Se é possível ter havido influência do foro civil, parece ser tão ainda mais prováve o do foro militar, pela tal presença dessa classe no meio académico, trajando com suas fardas.
Não se podendo afiançar com certezas dogmáticas, esta é, por enquanto, a explicação encontrada, e a 1ª vez que, sobre pins, se diz alguma coisa a propósito.
Como em tudo, o contraditório da história e do estudo, a descoberta de dados novos e documentados, poderá sempre vir revogar esta explicação.
Para já, faço fé na fonte (A. Nunes), até prova e contrário (que não enjeito, de todo).

Forte abraço.

As Minhas Aventuras na Tunolândia disse...

Bons dias.

Após vos ler e reler apraz-me dizer-vos o seguinte: Quanto a pins e seu uso na tuna portuguesa desde o "boom", apenas e só se trata da mesmíssima razão quando nos reportamos aos escudos/"brazones": Mais uma importação da vizinha Espanha tuneril. Nem mais, nem menos.

Respeitando todos os ilustres pensadores na matéria, penso que nesta em concreto será demasiado fantasioso e por isso arriscado querer ir para o Polo Sul desde Lisboa mas indo pelo Polo Norte. Não carece de mais explicações, quanto a mim, do que somente uma: Trata-se, apenas e só, de mais uma hábito/mimetismo do exemplo Espanhol. Todo o resto são conjecturas/especulações, carecendo de provas e nexo causa/efeito na tuna nacional.

Abraços!

Eduardo disse...

Só mais um reparo:

houve inclusivamente - e como bem sabes - um batalhão académico nas guerras liberais do séc. xix; ao que aparenta, a "introdução" do F.R.A. [Aos seus postos! É rolar peças! Aos canhões! etc.] são vozes nitidamente militares... a influência castrense no traje e nos costumes académicos ficar-se-ia apenas por um reles alfinete de lapela? Por que não foi mais profunda?

Parece-me pouco... no sentido em que tais influências deveriam ser mais visíveis no traje: porquê tão pouco? Por que não no gorro também? Por que não se generalizou entre os estudantes a utilização da ferraria militar do batalhão académico?... Essa, sim, com toda a justificação.

Como, então, imputar a causa a indivíduos que gostavam de imitar as práticas das organizações paramilitares fascistas do Estado Novo - vulgo Mocidade Portuguesa e Legião?

Será que os académicos não perceberiam a diferença entre os tempos de guerra e os tempos de paz e que as duas coisas não se misturam - isto apesar, claro, do tom militar do F.R.A. - ?

Abraço!

J.Pierre Silva disse...

Não é líquido que essa parte do FRA seja oriunda do dito batalhão. É uma probabilidade que não se enjeita, tão só.

Não é preciso haver uma influência diversificada e alargada a vários domínios para justificar uma apenas, mas facto é que o bonete que ainda muito se usou no meio estudantil (jutamente com capa e batina), tem essa origem militar (o qual vemos, ainda hoje, nos pupilos do exército).

Venha uma explicação mais credível que desmonte esta. Eu, nestas coisas de indumentária e protocolos, dou crédito à fonte em causa - que não conheço outra melhor ou mais credível.
"Magister dixit" pode levar-nos a associarmo-nos a teorias erróneas, bem sei, mas cá estarei para dar a mão à palmatória se for verificado esse lapso.

Todas as dúvidas que colocas são legítimas, obviamente, as quais demonstram a excelência do teu know how.

Eduardo disse...

«Não é líquido que essa parte do FRA seja oriunda do dito batalhão.»

Claro que não. É apenas uma possibilidade.

O que quis dizer é que - independentemente da origem das vozes a que aludi - elas são de nítido recorte militar.

Neste caso, por que não foi mais profunda a influência do batalhão académico - que até lutou do lado da parte vitoriosa (motivo acrescido de orgulho)? Já que se quer ir pela via militar, nem era preciso ir pelo lado da (possível) influência de organizações salazaristas: havia já um fortíssimo precedente "em casa".

O que não percebo é o seguinte:

- imitaram (diz a teoria) uma «prática» militar. Por que razão, então, seguiram a etiqueta civil?... Não seria natural, então, que se seguisse a «praxis» militar?

Isto para mim não faz sentido.

O lógico, então, para a imitação ser mais completa, seria que só se pudesse usar um alfinete na lapela após cerimónia de tipo militar (ainda que parodiada) de imposição dessas «condecorações». Ora ninguém precisa de "imposição de alfinetes" por um "superior" nem carece de atingir um determinado grau hierárquico para o poder usar. Vai a uma loja, compra e espeta.

Por aqui também não se vai lá.

Pode ser que A. Nunes tenha razão. Pode ser que não. O que é inegável é que aquela é uma explicação.

Aquele abraço!

Tiago disse...

Pessoalmente, partilho da da opinião de que a dita ferraria não faz qualquer sentido no traje. Se devemos ser austeros quando o envergamos, porque razão estamos a encher-nos de pins, emblemas e etc.
A unica coisa que tenho na minha capa (e na minha batina(do uso), ja agora xD) são rasgoes, e assim vai continuar.
Os emblemas que me oferecem, em vez de colocar na capa, coloco numa caixa...

Boneca diPano disse...

Cá na Universidade do Minho o uso de pins vem previsto no código de praxe..a sua utilização é possível desde que com a capa traçada os mesmos não fiquem visiveis

J.Pierre Silva disse...

Cara Boneca diPano,

O fato do seu "código" permitir não significa que isso esteja de acordo com a tradição.
Também usa um traje que supostamente é baseado num traje que terá sido de antigos estudantes dos Estudos Gerais de Braga (nuns paineis de azulejos que há na reitoria) e contudo isso é mentira, nem esse traje é igual, nem havia traje estudantil nem estudos gerais.
Um código de Praxe não é um dogma.
A larga maioria dos pins que vemos a serem usados não têm cabimento nenhum sequer, pois não têm nada a ver com a sua inicial tradição.

Cumprimentos.

Plácido Zacarias disse...

Boas!
Afinal quais são os argumentos sobre o uso da colher roubada? Escreve o WB que são fantasiosos, mas quais são? Nunca os ouvi mas fiquei cheio de curiosidade!
Um abraço

J.Pierre Silva disse...

Caro Plácido,

Não existe explicação lógica. O uso da colher roubada baseia-se no "diz que disse", num equívoco que anda de boca em boca.
Dar-lhe-ão, a posteriori, N explicações fantasiosas, mas fundamentação histórica não existe nenhuma. Aliás, roubo é roubo, seja uma colher ou uma nota de 100 euros.

O uso da colher de café dá-se a partir dos anos 90.
Uma prática sem sentido e que nada tem de Praxe.

Abraço